quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Canábis lidera consumo de drogas em Portugal, com abastecimento maioritariamente proveniente de Marrocos

 

A apreensão de lanchas rápidas oriundas de Marrocos com toneladas de droga passou
a fazer parte do quotidiano da GNR, da Polícia Judiciária e da marinha portuguesa

A canábis continua a ser a droga ilícita mais consumida em Portugal, segundo dados de 2024 divulgados pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), num contexto em que o mercado nacional é abastecido, na sua esmagadora maioria, por produto proveniente de Marrocos, em especial resina.

De acordo com o Inquérito Online Europeu sobre Drogas, a prevalência de consumo recente de canábis em Portugal é de 2% entre a população dos 15 aos 74 anos, subindo para 5% nos jovens entre os 15 e os 34 anos. O consumo é maioritariamente masculino, urbano e concentrado na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se localiza um terço dos participantes portugueses no estudo.

A análise revela ainda que 65% dos consumidores utilizam resina de canábis, conhecida como haxixe, um dado relevante tendo em conta que as autoridades europeias e portuguesas identificam Marrocos como o principal produtor e fornecedor de resina de canábis para os mercados da Península Ibérica. O país do Norte de África mantém, há décadas, uma posição dominante neste segmento, segundo relatórios da Europol e do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA).

Além da resina, 90% dos consumidores declararam usar canábis herbácea, sendo frequente o consumo combinado dos dois tipos. O inquérito aponta também para um padrão significativo de policonsumo, com sete em cada dez consumidores a associarem a canábis a outras substâncias na última ocasião de consumo, sobretudo álcool, tabaco, MDMA e cocaína.



O consumo inicia-se, em média, aos 16 anos, sendo o principal motivo referido a redução do stress e o relaxamento. Apesar de cerca de metade dos consumidores não reportar efeitos negativos relevantes, problemas de memória, ansiedade e dificuldades de concentração surgem entre os impactos mais frequentes associados ao consumo.

O retrato traçado pelo ICAD confirma a centralidade da canábis no panorama dos consumos em Portugal e sublinha, de forma indireta, a ligação estrutural do mercado nacional às rotas de tráfico provenientes de Marrocos, num contexto em que o debate europeu sobre produção, controlo e legalização continua a ganhar relevância.

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