Com uma superfície quase 3 vezes superior a Portugal, o Sahara Ocidental, embora em sua grande parte desértico, é rico em recursos - pesca, fosfatos, agricultura, petróleo (?) e gás (?). A população saharaui é relativamente escassa — talvez não exceda as 600 mil pessoas — e tem todas as condições para viver num país próspero e desenvolvido, no contexto do continente africano.
I-
Pesca
A riqueza de recursos permitiu a Marrocos deslocar
os seus cidadãos para um país que ocupou.
Poucos saharauis trabalham neste sector.
Esta atividade gera implicações
significativas para a demografia da região, o que complica ainda mais o
conflito.
Os portos de Dakhla e El Aaiún são os mais
importantes em termos de pesca para Marrocos.
A União Europeia e a Rússia são os dois «players»
mais importantes na região.
A Comissão Europeia deveria parar
imediatamente a concessão de licenças para os navios da UE que pescam nas águas
do Sahara Ocidental até que uma solução pacífica seja encontrada para o
conflito.
O povo saharaui é contra este acordo, porque não
só não foi consultado antes de ser assinado entre Marrocos e a EU, como dele em
nada beneficia.
As reservas de peixe da costa do Sahara
Ocidental não pertencem a Marrocos, mas ao seu povo, os saharauis.
O acordo de pesca é imoral: a UE financia o
ocupante marroquino por pescar no Sahara Ocidental, enquanto o povo do Sahara
Ocidental, o proprietário do peixe, sofre de subnutrição.
Todas as organizações saharauis da parte
ocupada do Sahara Ocidental denunciam o acordo.
Marrocos ainda não apresentou qualquer prova
de que as atividades de pesca no Sahara Ocidental beneficiam o povo saharaui.
Nenhuma parte dos 40 milhões de euros anuais do acordo de pesca beneficia a
população saharaui.
A UE afirma não saber como Marrocos utiliza
estes 40 milhões.
A UE está a desperdiçar o dinheiro dos
contribuintes europeus.
De um ponto de vista económico, este é o pior
acordo de pesca assinado pela UE.
De acordo com duas empresas de consultoria
contratadas pela Comissão Europeia para avaliar o acordo de pesca com Marrocos:
por cada euro pago, a UE obtém apenas 65 centavos de retorno.
II-
Exploração petrolífera
Marrocos procede à exploração offshore e
onshore no Sahara Ocidental, apesar da ONU ter qualificado tais atividades como
ilegais (Parecer de Hans Corell).
O Marrocos dispõe atualmente de 4 blocos para
exploração de petróleo no Sahara Ocidental. A ONHYM concedeu licenças a três
empresas estrangeiras:
- Energia Offshore Marrocos HC empresa filial
da Kosmos Energy Ltd. para o bloco de Bojador.
- A empresa irlandesa San Leon Morocco Ltd e a
companhia inglesa Longreach Oil and Gas Ventures titulares para a Bacia de
Tarfaya.
- San Leon e Longreach beneficiam de uma licença
para a exploração em Zag, em cooperação com a ONHYM. Esta área pode conter
reservas de gás.
- A ONHYM está a realizar buscas de
exploração onshore em Bojador.
Desde 2011, Marrocos identificou quatro novos
blocos que não foram ainda concedidos a qualquer empresa.
III-
Os Fosfatos
Em 1968, 1.600 saharauis estavam já empregados
na indústria de fosfatos. Hoje, a maioria deles foram substituídos por
marroquinos que se instalaram no território.
A indústria de fosfatos emprega hoje apenas
200 saharauis de uma força total de trabalho de 1.900 funcionários.
Muito poucos saharauis foram promovidos desde
1975, a maioria foram demitidos.
Hoje, a produção anual de fosfatos de Bou
Craa representa 40% da produção total de Marrocos.
A produção anual de Bou Craa em fosfatos é de
cerca de 3 milhões de toneladas, o que contribui fortemente para o rendimento nacional
de Marrocos.
As importações acumuladas da Companhia Norueguesa
Yara totalizaram 27.000 toneladas no
período de 1995-2005.
Esta indústria tem permitido captar enormes
recursos em proveito de Marrocos.
A existência de discriminação entre empregados
saharauis e marroquinos é flagrante. Muito poucos foram os saharauis que foram
promovidos e muitos os despedidos.
O Sahara é capaz de se tornar o segundo maior
exportador mundial de fosfatos (depois de Marrocos).
Entre as empresas que pararam de importar
fosfatos do Sahara, destacam-se a gigante norueguesa Yara e sociedade americana
Mosaic.
Navios especializados no transporte de
fosfatos desistiram das suas atividades no Sahara Ocidental após tomarem
conhecimento dos aspetos éticos e legais deste comércio.
Muitas resoluções das Nações Unidas apoiam a
conclusão segundo a qual a extração e comércio de fosfatos do Sahara Ocidental são
contrários ao direito internacional.
IV-
A Agricultura
A estratégia de Marrocos consiste em fazer trabalhar
milhares de colonos marroquinos no sector das frutas e legumes, especialmente
na parte sul do Sahara Ocidental.
Recentemente, a agricultura tem progredido de
forma explosiva na região de Dakhla.
O desenvolvimento do setor evocado por
Marrocos faz-se sem a participação da população saharaui que não beneficia de
qualquer receita ou rendimento.
Os tomates, pepinos e melões produzidos no
território ocupado são destinados a mercados na Europa, América do Norte e da
ex-URSS.
Para a irrigação, a água é retirada de 300-600
metros de profundidade, de um dos principais reservatórios de águas
subterrâneas de água fóssil não-renovável.
V-
Os Números
Pesca
Entre 100 a 200 mil pessoas trabalham na
indústria da pesca no Sahara Ocidental, mas a esmagadora maioria é marroquina.
Segundo o acordo de pesca Marrocos-UE, 13,5
milhões de euros deveriam ser utilizados para promover uma pesca sustentável. Ora,
de acordo com o Europaportalen, apenas 15% do dinheiro foram usados para
desenvolver a pesca marroquina.
Os
Fosfatos
Em 1968, 1600 pessoas trabalhavam na
indústria de fosfatos; a maioria deles foi substituída por "colonos
marroquinos".
Apenas 200 saharauis são empregados num
universo de 1900 trabalhadores.
Os fosfatos de Boucraa representam 10% da
produção total de Marrocos com uma produção de 3 milhões de toneladas.
A
Agricultura
A superfície arável do Sahara Ocidental ascende
a 1 milhão de hectares.
As grandes zonas irrigadas situam-se num raio
de 70 km em torno da cidade de Dakhla.
Para a irrigação, a água é retirada de uma
profundidade de 100 a 600 metros de uma ampla camada de água subterrânea fóssil
não-renovável.
Mais de 10.000 pessoas têm emprego na indústria
de tomate na região de Dakhla, no Sahara Ocidental ocupado. A maioria dos
empregados é de origem marroquina.
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