Fonte: Algerie Patriotique
11.04.2015
O regime de Rabat vê o
Secretário-Geral das Nações Unidas puxar-lhe as “orelhas” no relatório que será divulgado no início desta
semana. Neste documento, a que “Algerie Patriotique” teve acesso, Ban Ki-moon
repreende Marrocos, sobretudo pela realização do Fórum Crans-Montana em Dakhla,
no momento em que o estatuto final do Sahara Ocidental continua a ser objeto de
um processo de negociações sob os auspícios do Secretário-Geral das Nações
Unidas, em conformidade com as resoluções da ONU que pedem uma solução política
que prevê o direito à autodeterminação do povo saharaui.
O relatório também culpa o Makhzen de
uso desproporcionado da força para reprimir a população saharaui. Ban Ki-moon
critica Mohamed VI e o seu governo pela falta de cooperação e de boa-fé em
relação à conformidade com os mecanismos das Nações Unidas para a proteção dos
direitos humanos. Essa crítica estende-se também severamente à exploração
ilegal de recursos naturais nos territórios ocupados do Sahara Ocidental.
Além disso, o Secretário-Geral das
Nações Unidas insta Rabat a cumprir o disposto no artigo 73 da Carta da ONU,
que estabelece o princípio do primado dos interesses dos habitantes dos
territórios não-autónomos.
Em relação ainda ao Sahara Ocidental,
Ban Ki-moon lembra que, em Junho de 2014, o enviado especial da União Africana
para o Sahara Ocidental, o ex-Presidente Joaquim Chissano, encontrou-se com o
seu adjunto, seu enviado pessoal e outros funcionários da ONU em Nova Iorque
"para expressar a preocupação da União Africana sobre a falta de progresso
nas negociações em curso" entre Marrocos e a Frente Polisario, e faz
referência à carta que lhe foi endereçada a 30 de março pela Presidente da
Comissão da União Africana, que lhe solicita que a mesma seja transmitida aos membros
do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral. Na carta, que
Algeriepatriotique publicou trechos, Nkosazana Dlamini-Zuma refere que o
suplício dos saharauis já durou demasiado tempo e que é hora de implementar o
processo para o exercício do direito à autodeterminação desse povo oprimido.
Em Washington, nesta quarta-feira, os
Estados Unidos apoiaram claramente o direito à autodeterminação do povo do
Sahara Ocidental, o que significa, portanto, que rejeitam a pseudo-solução de
autonomia avançada por Marrocos para continuar a sua dominação do país, que é a
última colónia de África. O Makhzen está em vias de perder a sua "guerra
de desgaste" no Sahara Ocidental, o que augura uma resolução próxima para
este conflito a favor dos Saharauis.
Completamente isolado
internacionalmente, Rabat viu-se forçado a responder à convocação ordenada pela
Arábia Saudita para intervir no Iémen. Mohamed VI espera que a participação do
seu exército nesta guerra desejada por Riyadh constitua uma tábua salvação
neste naufrágio diplomático.
Karim
Bouali
Sem comentários:
Enviar um comentário