quinta-feira, 30 de julho de 2015

Ali Lmrabet: a longa luta pela liberdade de fazer jornalismo em Marrocos




Após 34 dias de greve de fome em Genebra, Suíça, Ali Lmrabet parece ir recuperar a sua identidade e o seu direito a exercer jornalismo em Marrocos. Mas nem tudo pode ser dado como adquirido… E o recente comunicado do Comité de Apoio ao conhecido jornalista marroquino parece fazer temer o pior cenário.

As declarações do ministro do Interior marroquino anunciando oficialmente que Lmrabet poderá renovar seu passaporte, em Barcelona, e que pode obter um certificado de residência em Marrocos depois de uma estadia de três meses no país, levaram o jornalista a parar sua greve de fome.
Ele pretende, posteriormente, conforme lhe permite a legislação em vigor em Marrocos, uma autorização para criar um semanário satírico.
Ali Lmrabet concordou em jogar o jogo. Se, por sua vez, o Estado marroquino jogar limpo, respeitando as suas próprias leis e não tentar novamente perseguir o jornalista, o projecto do semanário satírico marroquino "Bziz", de Ali Lmrabet Gueddar, do cartoonista Khalid Gueddar e do humorista Ahmed Snoussi poderá ser lançado dentro de alguns meses.

A história

Há 10 anos, Ali Lmrabet foi interdito pelo regime de poder exercer a profissão de jornalista durante uma década. Mas como o tempo passa, e passa depressa, a década passou e Ali começava a preparar-se para lançar uma revista satírica do tipo que ele dirigiu e que lhe valeu a condenação. Só então, as autoridades ficaram preocupadas com o projeto e o jornalista foi perseguido. Iniciou uma greve de fome, em Genebra, e o braço de ferro entre Ali e o regime de Marrocos começou.
Ali Lmrabet é um veterano na luta pela liberdade de imprensa. Em 2003, já tinha estado em greve de fome durante 50 dias para protestar contra a sua condenação a uma pena de prisão. Beneficiou de um perdão real, mas não se livrou das sequelas daquela forma de luta. Em 2005, foi condenado à proibição de, durante  10 anos,  poder exercer a sua profissão. Dez anos que passaram agora...

Entretanto o secretariado do Comité de apoio a Ali Lmrabet distribuiu o seguinte comunicado :

Na sequência de decisão de Ali Lmrabet suspender a sua greve de fome terça-feira, 28 de julho, a pedido do Comité de Apoio e na sequência das afirmações proferidas pelo ministro do Interior, Mohammed Assad , deixando entender que Ali Lmrabet poderia obter o seu passaporte no prazo de três dias junto do Consulado em Barcelona de Marrocos, ​​o Comité informou o ministro do Interior da necessidade de mostrar boa-fé e respeitar o seu compromisso de entregar o passaporte a Ali Lmrabet em Genebra, onde o jornalista tem que ser hospitalizado até ao seu restabelecimento devido à greve de fome que durou 34 dias. Mas até agora, o compromisso assumido pelo Ministro do Interior não teve seguimento.
O Comité de Apoio ao jornalista Ali Lmrabet denuncia a maneira como o Ministro do Interior respondeu ao seu pedido e receia que os propósitos do  ministro não passem de palavras vazias que procurem encobrir o abuso de poder contra jornalista Ali Lmrabet.

A Secretaria do Comité

Rabat 29 de julho de 2015

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