sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ali Salem TaMek, activista Saharaui: «Zapatero foi negativo para o Sahara»


Passou cerca de 10 anos nas prisões marroquinas. Fez 29 greves de fome e foi vítima de torturas. Os seus familiares sofreram repressões e represálias brutais. Ainda assim, o activista saharaui Ali Salem Tamek, de 37 anos, mostra-se enérgico, determinado e optimista.

Há um mês que saiu da prisão, após um ano e meio de isolamento. «O mais importante agora é sensibilizar a comunidade internacional», insiste Tamek que, na semana passada, retomou o seu activismo em prol dos DDHH em Altea (Alicante), para logo se deslocar a Madrid. Surpreendentemente, até em Espanha se deparou com obstáculos.

A Polícia reteve-me para, supostamente, prestar declarações. Faz parte de uma perseguição contra a minha pessoa para que não possa desenvolver as minhas actividades de maneira livre.

O que acha que aconteceu?

É uma consequência da nova conivência entre o regime de Marrocos e o Governo espanhol. O que se passou com Aminetou Haidar prova essa conivência. Essa perseguição também é palpável nas dificuldades em obter um visto.

O que pensa da atitude do Governo espanhol em relação ao Sahara?

O mais negativo possível. Teoricamente o pensamento socialista inclui a defesa dos direitos dos povos, mas os piores momentos e a mais dura realidade que viveu a questão saharaui começaram com a chegada ao poder do actual Governo espanhol. Falo do seu silêncio ante as constantes violações dos direitos humanos, a questão de Aminetou Haidar ou o esbulho dos recursos marinhos.

O que lhe parecem as reformas anunciadas por Mohamed VI?

São medidas impostas pelo contexto internacional e pelo Movimento 20 de Fevereiro, que está a ganhar força. Mas a essência do regime não vai mudar.

Como encara a chamada «primavera árabe»?

É uma nova era dos povos,  que querem evoluir e derrubar as ditaduras que as governaram até agora. Mas, infelizmente, este ar de liberdade não chegou ainda ao povo saharaui.

Mas, ainda assim, acha que este movimento pode ajudar…?

Deveria. Mas os países influentes, desgraçadamente, têm um duplo padrão duplo ao aplicar o direito internacional.

La Razon - 16-05-2011

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