Fonte: La
Realidad Saharaui com base na notícia do diário marroquino Alifpost.
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Sistema de mísseis S-300, de fabrico russo |
Segunda-Feira,
20 de março de 2017 - Os saharauis liderados pelo seu novo dirigente Brahim
Ghali parece quererem empreender uma ação definitiva que acabe com a
persistente ocupação do Sahara Ocidental. Há novos fatores que surgem na
situação atual do processo de descolonização e ocupação, em dois níveis:
- O Diplomático,
a nível dos organismos da ONU, União Europeia e União Africana.
- E a via
militar, após 41 anos de deceção ante a indiferença da Comunidade
internacional.
Acontece que
todos os «players» estão agora vendo o perigo desta nova situação, o que poderá
ser catastrófico para os interesses e a estabilidade de toda a região. A 3 de
março, o jornal La
Realidad saharaui publicou um editorial em que perspetivava este novo
cenário que poderia conduzir a uma solução conquistada pelos próprios saharauis.
Brahim
Ghali, na sua recente reunião com o Secretário-Geral da ONU, António Guterres,
na passada Sexta-feira 18 de março, mostrou-se intransigente ao pedido de
Guterres de retirada do exército saharaui de Guerguerat, afirmando que qualquer
tentativa de solução tem que passar pela realização do referendo de
autodeterminação que Marrocos e a Frente Polisário assinaram em 1990, e que
esse é o eixo sobre o qual a ONU se deve concentrar.
Parece agora
que Marrocos e a Europa começam a sentir a tensão por que passa o conflito. O Alifpost,
jornal digital independente marroquino que apoia a pretensa “marroquinidade” do
Sahara Ocidental, num artigo de análise escrito pelo seu Diretor, El Houssine
Majdoubi Bahida, alerta para este novo cenário que está pairando sobre a
região.
O Alifpost, na
edição de do passado dia 13, refere que "a tensão de Guerguerat [no sul do
Sahara Ocidental, junto à fronteira com a Mauritânia] foi o prelúdio de
acontecimentos que se poderão tornar perigosos para a região. E, nesse sentido,
as capitais europeias procuram resposta para as seguintes questões: “Qual a sofisticação
das armas que a Argélia entregou recentemente à Frente Polisário? Incluem os
sofisticados tanques T90 e unidades de sistema de mísseis russos S-300? ",
questiona o Alifpost **.
Quando o
tecido social do adversário começa a inquietar-se, então algo de sério começa a
preocupar a corte do Rei, o seu Makhzen e os seus aliados.
"Desde
a eclosão da crise Guerguerat, a Frente Polisario aumentou as suas ameaças de
guerra a um nível que nunca o fizera nos últimos anos. Deslocou as suas forças
militares para muito perto das unidades de Marrocos no Estreito de Guerguerat.
Impôs procedimentos humilhantes aos camiões que se dirigiam de Marrocos para a
Mauritânia e ao restante tráfego, retirava dos veículos a bandeira marroquina e
tudo o que tivesse a ver com a soberania de Marrocos. E mesmo as suas unidades
de combate deslocaram-se no Oceano Atlântico na zona de separação entre [os territórios
ocupados do Sahara] Marrocos e Mauritânia ".
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Tanque T90 |
O diário Alifpost,
na análise que faz da nova fase e ante a postura combativa do Exército saharaui
afirma: "Este ato militar hostil ou revela uma indiscrição que se
manifestará com a aventura de uma guerra que vai ter resultados drásticos no
futuro, ou assenta numa autoconfiança proporcionada à Polisario pelo fornecimento
de novas armas sofisticadas cedidas pela Argélia e com as quais será capaz de
criar preocupação e problemas reais ao exército marroquino ".
E neste
contexto de preocupação, o jornal marroquino acrescenta: "Além da preparação
da Frente Polisario, há outro fator utilizado pela Argélia neste contexto, o
aumento considerável do apoio político e diplomático à Frente Polisario,
especialmente em fóruns internacionais, Nações Unidas e União Europeia”.
O jornal
marroquino reaviva então os argumentos da sua tese e do discurso oficialista que
sempre alimentou os órgãos de comunicação do reino: "Ao mesmo tempo, a
Argélia autorizou a Polisario a entrar em guerra com Marrocos, se
necessário". E aduz um aspeto que aquele órgão tem referido por variadíssimas
vezes: "Também se assiste a um aumento da coordenação militar estratégica
entre as duas partes que não é mais segredo, incluindo a visita do comandante
militar da Terceira Região do Exército argelino aos acampamentos de Tindouf no
dia 12 de março de 2017 ".
E o Alifpost
acrescenta: "Além disso, há o reforço das tropas do Exército argelino nas
fronteiras com Marrocos, o que levou o exército marroquino a aumentar a
presença das suas forças na fronteira oriental, um movimento que não estava nos
seus planos ".
"Resta
a questão deste tema, relacionada com as perguntas que se fazem nas capitais
ocidentais: Qual a sofisticação tecnológica do arsenal que a Argélia deu à
Frente Polisário? Não se está falar de armas ligeiras, como os veículos
blindados e alguns carros todo-o-terreno que foram propositadamente fotografados,
mas de tanques de tecnologia sofisticada, como os T90, armas de fabricação
russa, com que contam unidades do exército da Polisario, e de sistemas de
mísseis russos S-300 ".
O órgão
digital marroquino, próximo da corte alauita, conclui ante a sua visão do
conflito, que "a obtenção por parte do exército saharaui do sistema de
defesa antiaérea de mísseis S-300 será um ponto de viragem muito perigoso, já
que é uma ameaça iminente ao papel da força aérea de Marrocos, em caso de um
confronto futuro com a Frente Polisario ".
E conclui o
jornal a sua análise: "Os observadores em questões militares pensam que o
cuidado que adotou Marrocos em controlar o que estava acontecendo em Guerguerat
se deve à perceção de que a Frente Polisário possui armas sofisticadas e que,
portanto, se eclode uma guerra ela será regional no conceito. "
E esta é a análise
do Alifpost, publicação marroquina digital em língua árabe, que liga verdades a
anacrónicos argumentos
Nota **:
S-300 - Sistema de mísseis terra-ar 300 km, apto a intercetar
objetivos aéreos, como helicópteros, aviões de combate, ou de observação, e
mísseis. O sistema é transportável em camiões com rodas ou lagartas, funcionando
em conjunto com vários camiões equipados com radares e estações de comando.
T90 –
Poderoso tanque de combate de fabricação russa. Produzido desde 1992, teve
várias alterações posteriores.