sábado, 24 de abril de 2021

950 ataques de artilharia pesada contra o muro da ocupação

 


Desde o dia 13 de Novembro passado — quando as tropas marroquinas invadiram a zona tampão-desmilitarizada de Guerguerat no extremo sul do território, junto à fronteira com a Mauritânia, quebrando o cessar-fogo, e a Frente Polisario declarou o reatamento de guerra de libertação — até ao dia de hoje, 24 de Abril, ocorreram 950 ataques de bombardeamento de unidades do Exército de Libertação do Povo Saharaui (ELPS) contra o muro militar que divide o Sahara Ocidental.

Os dados são extraídos do website Western Sahara-War Archive, promovido pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (Portugal).

A Região de Oued Draa (1), que corresponde ao Norte do Sahara Ocidental e penetra no interior do território de Marrocos, foi a mais flagelada pelos violentas ataques de artilharia pesada e lança-mísseis das unidades combatentes saharauis, com um total de 432 ataques (45%). O muro na região de Saguia El Hamra (2) foi atacado em 276 operações de bombardeamento (29%) e finalmente o dispositivo militar marroquino na Região de Rio de Oro, no Sul do território, foi alvo de 242 violentos ataques de artilharia (26%)

O muro militar com 2720 km de extensão, construído ao longo da década 80 pelo exército marroquino, com a ajuda de peritos israelitas e a assistência financeira da Arábia Saudita, foi inspirado pela Linha Bar Lev, construída por Israel ao longo do Canal de Suez. A sua construção foi levada a cabo em várias fases, cada uma das quais alargou o território controlado pelo exército marroquino. Assim, em muitos lugares, o muro é, na realidade, um conjunto consecutivo de diferentes muros.

A cada quatro ou cinco quilómetros uma companhia militar é destacada, geralmente infantaria, mas também outros corpos, tais como pára-quedistas. A cada 15 km há um radar para informar baterias de artilharia próximas. Em redor do muro é território minado, com arame farpado, bem como outros obstáculos como paredes de areia ou pedra (geralmente menos de 1 metro). Diz-se que existem entre 7 e 10 milhões de minas no Sahara Ocidental.



Os cerca de 100.000 militares marroquinos que o defendem mantêm uma posição defensiva, expectante, nunca prevendo quando se poderá dar um ataque saharaui e, muitas vezes, quando o pressentem é já demasiado tarde. Para contrariar qualquer possível ataque surpresa no deserto, o exército marroquino criou um sistema de vigilância ao longo de todo o comprimento do muro, desde simples sistemas de alarme até radares do tipo Rasura e AN/PPS-15 que podem detectar movimento num raio de até 60 quilómetros.

As condições e moral dos militares marroquinos é, em geral desmoralizadora. Sem motivação, numa guerra que não é sua, sofrendo as agruras de um clima inclemente, que torna as trincheiras em fornalhas durante o dia e câmaras frigoríficas durante a noite.

Ver como nasceram os «muros» AQUI

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