segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Agosto saharaui: a lição do Papa Francisco





Fonte: Contramutis / Por Alfonso Lafarga

Mais de quatro mil crianças saharauis passaram dois meses de férias em Espanha e, mais uma vez, voltaram aos campos de refugiados sem serem recebidas pelas altas instituições do Estado.

Muito embora tenham recebido a atenção de muitas autarquias locais e parlamentos regionais, como acontece todos os anos desde que o programa Férias em Paz se realiza e pelo qual as crianças saharauis abandonam as altas temperaturas do deserto argelino e passam as férias com famílias espanholas, tempo em que fazem exames médicos e aprendem espanhol.

Surpresa tiveram as crianças saharauis que passaram as férias na Itália: foram recebidas pelo Papa Francisco e pelo Presidente do Parlamento italiano, Roberto Fico.

No dia 8 de agosto, na cidade do Vaticano, o Papa Francisco recebeu duas dezenas de crianças saharauis vestidas com roupas tradicionais, a quem saudou como "embaixadores saharauis da paz", crianças que lhe responderam que pertenciam a "uma sociedade islâmica moderada que quer paz, liberdade, justiça e a melhor coexistência entre as religiões e culturas do mundo ".

Antes, a 25 de julho, Roberto Fico recebeu na sede do Parlamento italiano os pequenos saharauis, a quem ofereceu presentes que lhes entregou pessoalmente, com sinais de afeição.

De acordo com a resenha de imprensa da SPS, o presidente do Parlamento italiano reafirmou que, como presidente da mais alta instituição do seu país, continuará a defender e apoiar os direitos e a causa justa do povo saharaui até à sua autodeterminação.

Os gestos com as crianças saharauis em Espanha, o país que abandonou o povo saharaui há mais de 42 anos e que entregou as suas terras a Marrocos, mantiveram-se no âmbito local e regional, apesar do movimento de solidariedade com o Sahara solicitar a instâncias superiores atenção para com as crianças.

Em Madrid, as associações pró-Sahara solicitaram repetidas vezes ao Palácio da Zarzuela um encontro das crianças saharauis com a rainha Letizia, dado o seu interesse pela infância, um pedido que também foi feito nos anos em que era princesa, mas sem resultado.

Enquanto as atenções às crianças saharauis permanecerem ao nível de presidentes de câmara e presidentes de instituições autónomas, não haverá perigo de manchetes de imprensa como a de Jesús Cabaleiro Larrán em Jornalistas em espanhol: "Papa Francisco recebe crianças saharauis e irrita Marrocos" . Primeiro que tudo, há que não irritar Marrocos.

As crianças saharauis regressaram aos acampamentos de adobe e e às suas jaimas (tendas) em Tindouf, enquanto nas suas terras, nos territórios do Sahara Ocidental ocupados por Marrocos, os direitos humanos continuam a ser violados, tal como nas cidades do sul marroquino em que vive população saharaui e nas prisões com presos políticos saharauis.

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