domingo, 21 de agosto de 2022

A esquerda peruana repudia a ruptura das relações com a República saharaui

 

Pedro Castillo, Presidente do Perú

O governo de Pedro Castillo decidiu "romper todas as relações com esta entidade", na ausência de uma "relação bilateral efetiva".

 

MADRID - 19/08/2022 - PÚBLICO / EFE

A esquerda peruana expressou a sua rejeição à decisão do governo de Pedro Castillo de retirar o reconhecimento da República Árabe Saharaui Democrática e "romper todas as relações com esta entidade" devido à falta de uma "relação bilateral efetiva". Deste sector, apontam diretamente para o Ministro dos Negócios Estrangeiros Miguel Rodríguez Mackay, a quem acusam de ter interesses económicos com Marrocos para tomar esta decisão.

A congressista Sigrid Bazán, do partido progressista ‘Juntos por el Perú’, pediu no seu Twitter a demissão do Ministro dos Negócios Estrangeiros Miguel Rodríguez Mackay, que assumiu o seu cargo a 5 de Agosto. "O Sr. Rodríguez Mackay deve demitir-se do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou o presidente deve pedir-lhe que saia. Em apenas uma semana expressou a sua rejeição do Acordo de Escazú (1) e decidiu romper as relações bilaterais e renegar a República Árabe Saharaui Democrática (RASD) como Estado", escreveu ela na rede social.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou em comunicado que a ruptura das relações se deve ao facto de não existir uma "relação bilateral efetiva", pelo que o governo peruano decidiu "retirar o reconhecimento da República Árabe Saharaui Democrática e romper todas as relações com esta entidade".

A decisão, acrescenta o documento, foi tomada depois de Rodríguez Mackay ter falado por telefone com o seu colega marroquino, Naser Bourita. Após tomar conhecimento desta decisão, o político Vladimir Cerrón, líder do partido 'Peru Libre', que se define como marxista e que trouxe Pedro Castillo à presidência, descreveu a ruptura das relações como um "grande erro".

"Grande erro do Estado peruano em romper relações diplomáticas com a República Árabe Saharaui Democrática". Está provado o alinhamento de direita do Gabinete, contradizendo o discurso do Presidente no Celac (Comunidade dos Estados da América Latina e das Caraíbas) em 2021", postou ele na sua conta do Twitter.

Por seu lado, Verónika Mendoza, líder da 'Juntos por Perú', juntou-se à petição e apelou a Castillo pela sua decisão "como responsável pela política externa". "Restabeleceu relações diplomáticas com a RASD após a ditadura de Fujimori as ter rompido sem qualquer razão legítima. Hoje está a quebrar o seu compromisso com o Estado e o povo saharauis. Esperamos rectificação e saída do ministro dos negócios estrangeiros", afixou na mesma rede social.

As relações diplomáticas do Peru com a República Árabe Saharaui Democrática começaram formalmente em Maio de 1987, mas foram suspensas em Setembro de 1996 sob a presidência de Alberto Fujimori.

Em Setembro de 2021, sob o actual governo de Pedro Castillo, o Peru anunciou o restabelecimento de relações diplomáticas com a RASD, uma decisão que, segundo o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Óscar Maúrtua, respondeu à "trajectória histórica" do país andino como uma "nação democrática com pleno respeito pelo direito internacional".

 

(1)     - Tratado internacional assinado por 24 nações latino-americanas e caribenhas sobre os direitos de acesso à informação sobre o meio ambiente, participação pública na tomada de decisões ambientais, justiça ambiental e um meio ambiente saudável e sustentável para as gerações atuais e futuras

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