sábado, 27 de julho de 2013

Sahara Ocidental, centro de debate de vários meios de comunicação dos EUA


O Sahara Ocidental foi o centro de um debate de vários órgãos de comunicação social dos EUA. O debate sobre a questão saharaui, organizado pela “International Women's Media Foundation (IWMF)” e que se realizou em Washington, teve como tema "direitos, recursos e refugiados e reportagens sobre a questão do Sahara Ocidental'', reunidas particularmente por jornalistas que visitaram o Sahara Ocidental em 2012 e 2013.
O painel era formado por Whitney Shefte, do “The Washington Post”, Elisa Barclay da “Rádio Pública Nacional” dos EUA (NPR) e Jenn Abelson do diário “Boston Globe”, com presença ainda de Katlyn Thomas, ex-advogada da Missão das Nações Unidas para o Referendo do Sahara Ocidental (MINURSO) e Anna Theofilopoulou, ex-alta funcionária da ONU.

Nas suas intervenções, antecedidas pela projeção de um vídeo documental produzido pelo “The Washington Post” sobre a questão saharaui, os três jornalistas norte-americanos deram o testemunho vivo da situação política e da situação dos direitos humanos dos saharauis nos territórios ocupados por Marrocos.

Neste sentido, sublinharam a política de repressão brutal perpetrada pelas autoridades marroquinas contra o povo saharaui, ressaltando a pressão e obstáculos a que foram submetidos, assim como outros jornalistas ocidentais em visita à cidade ocupada de El Aaiun em dezembro e maio passados.

"A violação dos direitos humanos, a marginalização económica e a exclusão social são o destino da grande maioria dos saharauis que vivem nos territórios ocupados por Marrocos", referiram.

"Visitar o Sahara Ocidental foi uma oportunidade única para mim e uma experiência inestimável para aprender mais sobre este conflito e falar dele apesar das dificuldades," afirmou a jornalista Elisa Barclay da “Rádio Pública Nacional” ( RPN).

Por seu lado, Jenn Abelson, do “Boston Globe” afirmou que apesar dos Estados Unidos e outras potências nunca terem reconhecido a soberania de Marrocos sobre o Sahara Ocidental, o movimento de independência continua, no entanto, sendo bloqueado.

"Quando os saharauis me agradeciam por ter vindo presenciar a sua situação, senti que o que estávamos fazendo, como jornalistas, era importante", argumentou a jornalista Whitney Shefte do “Washington Post”.

A advogada Katlyn Thomas, que viveu durante vários anos no Sahara Ocidental formando parte do contingente da MINURSO, lamentou a situação do status quo da questão saharaui, e acrescentou que o direito internacional confirma que o direito do povo saharaui à livre determinação é a base para uma solução política do conflito do Sahara Ocidental.

Depois de condenar Marrocos por sua negativa em aceitar uma solução para a libre determinação e recordar que a comunidade internacional não reconhece a soberania de Marrocos sobre o Sahara Ocidental, a jurista Katlyn Thomas criticou também a tendenciosa posição de França de apoio a Marrocos.


 (SPS)

EUA: Marrocos recorre ao lobby americano pró-israelita AIPAC

site do "American Israel Public Affairs Committee"

Marrocos solicitou os serviços do influente lobby pró-israelita dos EUA, American Israel Public Affairs Committee (AIPAC), para que intervenha a seu favor junto do Congresso e do Governo norte-americano sobre o dossiê do Sahara Ocidental, nomeadamente sobre a questão dos Direitos Humanos, relata o site de informação judaico-americano Mondoweiss. Sediado em Washington, o grupo de pressão pró-sionista AIPAC, que tem por vocação defender Israel e promover os interesses israelitas nos EUA, é conhecido por constituir um interlocutor incontornável no que concerne à política americana no Médio Oriente.

Marrocos e Israel ’’parecem estar a trabalhar em conjunto para minar o trabalho da Comissão de Direitos Humanos do Congresso dos EUA encarregado de fazer cumprir o compromisso dos Estados Unidos em defender os direitos humanos dos Saharauis'', diz o autor do artigo, Mike Coogan.

A este propósito, Coogan refere que em abril passado, os dois copresidentes da Comissão dos Direitos do Homem da Câmara dos Representantes, Frank Wolf (republicano) e Jim McGovern (democrata), enviaram uma carta ao Secretário de Estado, John Kerry, denunciando a violação dos direitos do homem dos Saharauis por parte de Marrocos.

A carta preconizava igualmente o apoio à extensão do mandato da Missão das Nações Unidas para a Organização do Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) à vigilância dos direitos humanos.

Mohamed VI pede ajuda ao lobby americano pró-israelita

Na carta dirigida ao chefe da diplomacia dos EUA, os dois copresidentes da comissão parlamentar pediam também que os Estados Unidos'' instassem Marrocos a parar imediatamente o assédio, a intimidação, as prisões arbitrárias e as detenções dos saharauis pró-independência, e pedir a libertação dos presos saharauis por exercerem pacificamente seu direito à liberdade de expressão e de associação.''


Reunião AIPAC-Marrocos em Washington

Alguns dias depois de Frank Wolf e Jim McGovern terem enviado a sua carta a John Kerry, uma delegação composta por altos responsáveis dos serviços de informação e segurança marroquinos deslocaram-se a Washington para se encontrarem com responsáveis do poderoso lobby pró-israelita AIPAC, revela o autor do artigo.

Mesmo que a AIPAC e a delegação marroquina se tenham abstido de comentar o teor da reunião que tiveram em Washington, os “experts” não têm qualquer dúvida quanto ao objeto das suas discussões tendo em conta o ’’timing’’ da organização do referido encontro, observa Mike Coogan.

Sobre este ponto, ele sublinha que Stephen Zune, um dos grandes peritos americanos das questões do Médio Oriente e militante da não-violência, considera que esta reunião ’’não é de maneira nenhuma surpreendente’’ à luz do ’’habitual apoio dos grupos sionistas aos marroquinos.’’

Contudo, se bem que existam «estreitos laços históricos» entre o governo marroquino e Israel, o seu ’’esforço comum’’ realizado em Washington para minar o trabalho da Comissão dos Direitos Humanos do Congresso constitui um ’’novo desenvolvimento’’ nas suas relações, comenta M. Coogan.


O Congresso dos EUA é o alvo principal de Marrocos
e do seu lobby americano...

Coogan avança mesmo que isso faz parte de uma campanha de lobbying mais ampla decidida pelo governo marroquino tendo em vista melhorar a sua imagem nos EUA.


Sobre este ponto, Coogan cita a marroquino-americana Samia Errazouki, especialista em Assuntos do Maghreb, a qual afirmava numa das suas investigações que o lobby marroquino ’’Moroccan American Cultural Center’’ já havia gasto mais de 1,4 milhões dólares nas suas atividades de lobbying só durante o primeiro semestre de 2012.

Face aos resultados ’’mitigados’’ dos lobbying precedentes, Samia Errazouki sustenta que os esforços de lobbying levados a cabo pelo governo marroquino junto de membros do Congresso americano visam ’’maquilhar a situação dos marroquinos qui vivem sob um governo não democrático, e dos saharauis qui vivem sob ocupação no Sahara Ocidental’’, detalha a analista.

Outro exemplo citado foi o relatório elaborado pelo organismo norte-americano FARA, encarregado de regular e fiscalizar as atividades de organizações estrangeiras presentes nos Estados Unidos, que revela as relações entre o organismo marroquino ’’Moroccan American Center for Policy’’ e Jennifer Rubin, a blogger americana pró-AIPAC  e colaboradora do Washington Post, cujos escritos'' tornaram-se tristemente célebres pelos seus elogios às reformas do regime marroquino'', diz a Sra. Errazouki citado pelo site de informações Mondoweiss .

No entanto, prossegue ela, o último relatório do Departamento de Estado dos EUA disse justamente o oposto, quando sublinha que as reformas constitucionais "claramente preservaram os poderes essenciais do rei marroquino'' e quando critica a violação dos direitos humanos em Marrocos e no Sahara Ocidental pelas autoridades marroquinas.

’’Em paralelo com esta utopia de democracia em Marrocos que Jennifer Rubin descreve aos leitores, as únicas críticas apontadas por esta última têm por alvo apenas os inimigos do governo marroquino’’, nota a mesma fonte.

No entanto, apesar dos esforços largamente financiados pelo governo marroquino, ao longo destes anos, na busca, sem sucesso, do apoio do Congresso americano, e seu '’recrutamento de alguns dos melhores lobistas em Washington, os resultados continuaram a ser mitigados'', constata o autor do artigo.

É esse resultado desfavorável que, obviamente, empurrou o governo marroquino a virar-se, agora para a AIPAC, em particular porque esta organização é amplamente conhecida como o lobby mais eficaz em questões de política externa dos Estados EUA, diz Mike Coogan.


Ao optar por este influente lobby americano pró-Israelita, Marrocos está a tentar encontrar, argumenta ele, uma estratégia confiável para “persuadir” e influenciar as ações dos membros do Congresso e obter os favores do governo dos EUA sobre questão do Sahara Ocidental.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

EUA: Criado grupo de solidariedade com o povo saharaui

Kirby Gookin, Presidente eleito da nova associação
de solidariedade norte-americana

Washington, 25/07/2013 (SPS) O Grupo de Solidariedade com o Povo Saharaui foi criado esta terça-feira na Cidade de Nova Iorque, com a designação “Cidadãos dos Estados Unidos pelo Sahara Ocidental” (USCWS). O ato contou com a presença do representante da Frente POLISARIO nos EUA, Mohamed Yslem Beissat.

O grupo de solidariedade é constituído por académicos, jornalistas, ex-diplomatas, ativistas de direitos humanos, artistas e estudantes, muitos dos quais visitaram os acampamentos de refugiados saharauis, os territórios libertados e os territórios ocupados do Sahara Ocidental.

Na reunião de fundação foi aprovado o programa do USCWS e eleito a sua direção executiva.
"A educação, apoiar e constituir um grupo para incentivar o Congresso dos EUA ajudar a que se cumpra a declaração das Nações Unidas sobre a descolonização do Sahara Ocidental e implementar a resolução que permite ao povo saharaui exercer o seu direito à autodeterminação e independência ", são alguns do objetivos da nova organização de solidariedade.


Foram designados para supervisionar as operações da organização Kirby Gookin, presidente, Charles Liebling, Presidente Adjunto e Robin Kahn, Vice-Presidente.

Frente Polisario repudia o novo acordo pesqueiro entre a UE e Marrocos

 
Mohamed Sidati, ministro saharaui para a Europa


A Frente Polisario declarou hoje o seu repúdio pela renovação do acordo pesqueiro entre a União Europeia e Marrocos ao considerar que as autoridades marroquinas "se aproveitam das águas" do Sahara Ocidental.
"Será renovada a prática inaceitável das autoridades marroquinas segundo a qual aproveitam-se das águas do Sahara Ocidental ocupado ilegalmente para cobrar aos barcos da UE por ali pescarem ", afirmou o representante da Frente Polisario na Europa, Mohamed Sidati.

O representante da Frente Polisario na Europa recordou que em dezembro de 2011 o Parlamento Europeu vetou o protocolo de pesca existente então entre as duas partes dado que o pacto negociado pela Comissão Europeia "não cumpria a lei internacional no tratamento em relação ao Sahara Ocidental".

"Esperamos que os Estados membros da UE e o Parlamento Europeu voltem a atuar para defender o direito internacional e recusar este novo protocolo", destacou.

Mohamed Sidati salientou que este é um "novo intento de legitimar o roubo dos recursos naturais do Sahara Ocidental" que mina os esforços das Nações Unidas de encontrar "uma solução pacífica para a ocupação" desse território.

Marrocos e a Comissão Europeia subscreveram ontem em Rabat um acordo de pesca para os próximos quatro anos, que permitirá fainar em águas marroquinas 126 barcos europeus, dos quais mais de uma centena são espanhóis.

O acordo, rubricado pela comissária da Pesca, Maria Damanaki, e o ministro marroquino do sector, Aziz Ajanuch, custará à Comissão 40 milhões de euros anuais (face aos 36,1 milhões do anterior acordo) a troco de maiores cotas de capturas, e não será de aplicação imediata, pois terá que ser ratificado no Parlamento Europeu e no Parlamento marroquino.

Para tentar contornar a possível oposição do Parlamento Europeu, o texto faz uma série de alusões a "critérios geográficos" ou à "distribuição regional" dos benefícios, que serão avaliados por comissões mistas de forma periódica e supostamente velarão para que os alegados benefícios também cheguem à população saharaui.


EL PAIS – 24-07-2013

EU- Marrocos: Europa "neocoloniza" com os seus acordos pesqueiros




Os acordos de pesca bilaterais com os países em desenvolvimento não são mais que uma forma de "neocolonialismo", que permite à Europa saquear as costas africanas. O caso mais flagrante é o acordo entre a UE e Marrocos, que permite à frota europeia pescar no Sahara Ocidental, um território que ainda não foi descolonizado.

O acordo de pesca UE-Marrocos sempre foi uma mancha na agenda de política exterior da União Europeia. O acordo outorga aos barcos da UE o direito a pescar em águas do Sahara Ocidental, apesar do facto do governo de Marrocos não ter direito a comerciar os recursos do Sahara Ocidental, que é reconhecido pelas Nações Unidas como território não autónomo.

Apesar da hipocrisia política e a insegurança jurídica, a Comissão Europeia está disposta a prosseguir com a renovação do acordo - que expirou oficialmente em fevereiro deste ano. A Comissão propôs atualmente uma prorrogação de um ano de extensão, com vista a concluir um acordo a longo prazo na mesma linha que a atual e a passada.

A maior parte dos acordos de pesca bilaterais que a União Europeia firmou com os países em vias de desenvolvimento não são mais que um grande ato de neocolonialismo — que permite à frota pesqueira da UE saquear as costas africanas em claro detrimento das comunidades locais dependentes da pesca como método de subsistência. No entanto, o acordo UE-Marrocos é talvez o mais aparatoso de todos eles, porque é acordado com Marrocos que não tem direito a negociar os recursos do Sahara Ocidental.

Afortunadamente, nem tudo está perdido. Com a aprovação do Tratado de Lisboa, o Parlamento Europeu adquiriu novos poderes na política pesqueira. Não só qualquer acordo tem que ser aprovado pelo Parlamento, como os deputados também podem solicitar uma opinião jurídica ao Tribunal Europeu de Justiça. Juntamente com um grupo multipartidário de deputados, demos o primeiro passo com esse objetivo e o Parlamento deve votar uma resolução que pede uma opinião legal no próximo mês.

Uma opinião negativa do Tribunal de Justiça tornaria claramente muito difícil à Comissão prosseguir com o acordo de pesca UE-Marrocos, tal como está concebido. Neste caso, o único caminho legítimo de ação seria o de alienar a totalidade ou renegociar o contrato, a fim de excluir águas do Sahara Ocidental.



É, de facto, lamentável que ainda se tenha que chegar a esta situação. Dada a clara evidência de que este acordo é ilegítimo, a Comissão nunca deveria ter negociado um acordo nos mesmos termos. No entanto, não é tarde demais para a Comissão para voltar aos rascunhos da mesa de negociações e negociar um acordo que seja coerente com o compromisso da UE para com a democracia, desenvolvimento, direitos humanos e respeito pelo direito internacional.

Na ausência de tal medida pela Comissão é no entanto encorajador sabermos que temos agora uma cruzada política de apoio no Parlamento Europeu para lançar uma iniciativa de atenção sobre o acordo UE-Marrocos. O injusto e ilegítimo acordo de pesca entre a Europa e Marrocos, é de esperar, não vai sobreviver muito mais tempo no seu formato atual.



Autor: Raul Romeva,
Eurodeputado, eleito pela Espanha (Catalunha), Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia 

Fonte: Guinguinbali

terça-feira, 23 de julho de 2013

“Declaração conjunta” hispano-marroquina: García-Margallo mente (de novo) sobre o Sahara Ocidental



A chamada “declaração conjunta” hispano-marroquina datada de 18 de julho revela que o ministro García-Margallo mentiu (novamente) em relação ao Sahara Ocidental. Ainda que o ministro não se canse de dizer que “em Rabat e em Argel” o Governo tem a mesma posição, um simples cotejo de declarações mostra que é falso. Mais, a posição exposta unilateralmente por Espanha nesta declaração tão pouco coincide (para variar) com o que o ministro afirmou ante o Congresso dos Deputados.

I. O QUE DIZ O MINISTRO GARCÍA-MARGALLO EM 2012 E 2013

- Declarações de García-Margallo recolhidas pela agência Europa Press a 17 de julho de 2013:

Questionada sobre se o conflito do Sahara está na agenda desta visita, García-Margallo avançou que esta questão estará presente na declaração conjunta que será tornada pública pelos dois países por ocasião da visita do Rei Juan Carlos. Neste comunicado, afirmou, será refletida a posição que Espanha defendeu em Marrocos e Argélia e que advoga “uma solução estável, pacífica e justa” de acordo com “os parâmetros da ONU”.

- Comparência do ministro ante a Comissão de Assuntos Exteriores do Congresso a 20 de setembro de 2012:

Para evitar equívocos, por lo que se refiere al fondo del conflicto, repito que la posición española, que expuse aquí, en Rabat y en Argel, sobre el Sáhara Occidental es la siguiente. España apoya una solución política justa, duradera y mutuamente aceptable que prevea la libre determinación del pueblo del Sáhara Occidental en el marco de las disposiciones conformes a los principios y propósitos de la Carta de Naciones Unidas.

- Comparência do ministro García-Margallo ante a Comissão de Assuntos Exteriores do Senado a 7 de março de 2012:

En el tema del Sáhara, y aprovecho para hacer una alusión al señor Anasagasti, la postura del Gobierno es absolutamente clara e insisto en que hemos manifestado lo mismo en Rabat y en Argel.

II. O QUE O GOVERNO ESPANHOL DISSE EM ARGEL A 10 DE JANEIRO DE 2013
O Presidente do Governo, Mariano Rajoy, acompanhado do seu ministro de Exteriores, García-Margallo, viajou a Argel no marco da Quinta reunião de Alto Nível entre ambos os países.
Os dois governos firmaram uma “declaração comum” a 10 de janeiro de 2013.
É inútil procurar em qualquer página oficial do Governo Espanhol ou do Ministério de Assuntos Exteriores o texto dessa declaração. Há que acorrer a fontes argelinas para encontrar o texto em francês ou em espanhol.
Nessa declaração diz-se sobre o Sahara Ocidental:

46. Tratándose de la cuestión del Sahara Occidental, las dos partes reafirman su apoyo a los esfuerzos de Naciones Unidas para una solución política justa, definitiva y mutuamente aceptable, que consagre el derecho a la autodeterminación del pueblo saharaui en el marco de la Carta y de las resoluciones pertinentes de Naciones Unidas. Reiteran a este respecto su apoyo decidido a los esfuerzos del Representante Personal del Secretario General de Naciones Unidas para el Sahara Occidental, Sr. Christopher Ross, y reafirman su compromiso para contribuir al trabajo realizado por el Secretario General de la ONU, de su Enviado especial y de la Minurso.

III. O QUE O GOVERNO ESPANHOL DISSE EM RABAT A 18 DE JULHO DE 2013
Isto foi o que disse o Governo Espanhol em Rabat a 18 de julho de 2013 sobre o Sahara Ocidental:

España ha reiterado su apoyo a los esfuerzos desplegados en el marco de Naciones Unidas para alcanzar una solución política justa, duradera y mutuamente aceptable a la cuestión del Sahara Occidental, de conformidad con los parámetros definidos por el Consejo de Seguridad.

Advirta-se que, no texto publicado pelo Ministério de Negócios Estrangeiros marroquino há uma divergência terminológica IMPORTANTE.
Enquanto o comunicado do Ministério marroquino fala de “Sahara” sem mais nada (denominação que não corresponde a nenhuma entidade política), o comunicado espanhol fala de “Sahara Ocidental”.

IV. O GOVERNO ESPANHOL NÃO DISSE O MESMO EM RABAT, EM ARGEL… OU EM MADRID
Comprovemos as diferenças do discurso.

1) O Governo Espanhol não disse o mesmo sobre a AUTODETERMINAÇÃO DO POVO SAHARAUI

Enquanto em Madrid e em Argel o Governo defende:
- “uma solução política justa, definitiva e mutuamente aceitável, que consagre o direito à autodeterminação do povo saharaui” (Argel, 2013)
- “uma solução política justa, duradoura e mutuamente aceitável que preveja a livre determinação do povo do Sahara Ocidental” (Madrid, Congresso dos Deputados, 2012).

Em Rabat omite toda e qualquer referência à “autodeterminação” ou ao “povo” do Sahara Ocidental:
- “uma solução política justa, duradoura e mutuamente aceitável para a questão do Sahara Ocidental” (Rabat, 2013).

2) O Governo não disse o mesmo sobre a DOUTRINA DAS NAÇÕES UNIDAS sobre o Sahara Ocidental.

Enquanto em Madrid e em Argel o Governo defende a doutrina das Nações Unidas que compreende, como não poderia deixar de ser, as resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas (órgão competente em matéria de descolonização) e do Tribunal Internacional de Justiça:
- “Espanha apoia uma solução (…) no marco das disposições conformes aos princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas” (Madrid, Congresso dos Deputados, 2012).
- “as duas partes reafirmam o seu apoio aos esforços das Nações Unidas para uma solução (…) (…) no marco da Carta e das resoluções pertinentes das Nações Unidas“ (Argel, 2013).

3) O Governo não disse o mesmo sobre o Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU, Christopher Ross:

- “as duas partes (…) Reiteram a este respeito o seu apoio decidido aos esforços do Representante Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Sahara Ocidental, Sr. Christopher Ross, e reafirmam o seu compromisso para contribuir para o trabalho realizado pelo Secretário-Geral da ONU, do seu Enviado especial e da Minurso“ (Argel, 2013).
- Nenhuma referência a Ross, nem à MINURSO em Rabat, 2013.
 
Garcia-Margallo no Parlamento espanhol


Creio que os dados falam por si mesmos.
À luz dos mesmos, fica para mim claro que o ministro García-Margallo:
- mentiu aos representantes do povo espanhol no Parlamento (Congresso dos Deputados e Senado)
- mentiu à opinião pública com as suas declarações aos meios de comunicação social.

Pelo que foi provado, considero que o ministro, numa democracia constitucional seria, ou deveria ser imediatamente destituído.

Fonte: Desde el Atlántico / Por Carlos Ruiz Miguel*


*Catedrático de Direito Constitucional da Universidade de Santiago de Compostela desde 2001. 

AMDH revela relatório anual de 2012 : uma "clara regressão" dos direitos humanos em Marrocos

 

O Secretariado central da Associação Marroquina dos Direitos Humanos (AMDH) apresentou o seu relatório anual 2012 esta terça-feira em Rabat. A associação revela em detalhe as violações ocorridas nos anos anteriores e estima que, «apesar das pressões nacionais e internacionais, o Estado tem falta de vontade política efetiva para respeitar os direitos e as liberdades».

No seu relatório 2012 a AMDH afirma que a situação dos direitos humanos em Marrocos durante o ano de 2012, «tal como foi seguida pelo secretariado nacional e pelas seções da AMDH, caracterizou-se por uma nítida regressão e uma persistência das violações. Em relação ao direito mais sagrado, o direito à vida, a interrogação paira ainda sobre a verdade dos falecimentos do Movimento do 20 Fevereiro durante 2011; a que há que acrescentar dois casos de morte observados no relatório de 2012».
A associação denuncia igualmente as detenções políticas, os casos de tortura e os desaparecimentos forçados, a repressão de manifestações pacíficas, a interdição ilegal de associações e de partidos políticos. (…)


Fonte: fr.lakome.com (site informativo marroquino independente)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Marrocos fracassa no Sahara


Não bastam os lobbies e o ‘marketing’; a ação marroquina precisava ter ganho a população.

Há seis anos, poucos dias depois da Frente Polisario e Marrocos terem apresentado nas Nações Unidas os seus dois projetos para solucionar o grande problema que os enfrentava e continua a enfrentar, escrevia nestas mesmas páginas que “os dois projetos pretendem organizar momentos diferentes do processo de autodeterminação. Enquanto o projeto da Frente Polisario marca as pautas do pós-referendo, oferece garantias para a fase posterior à independência, pressupondo que esta triunfe na consulta, o projeto apresentado por Marrocos quer evitar precisamente essa independência, oferecendo garantias e amplos espaços de participação através de uma ampla autonomia alternativa à independência. Enquanto a Polisario quer negociar depois, Marrocos pretende fazê-lo antes”.

Seis anos depois, onde estão essas garantias e esses amplos espaços de participação prometidos por Marrocos para pressagiar uma futura autonomia credível?

En estos años transcurridos, Marruecos ha perdido la oportunidad de abrir su sistema político a través de un proceso de regionalización que fuera dando oportunidades de expresión a su pluralidad. El proyecto que se elaboró en 2010, corto de miras, se encuentra atascado, como tantas otras leyes orgánicas, en un Parlamento que ni siquiera es constitucional, pues su segunda cámara aún no ha sido renovada en espera de unas elecciones comunales y regionales que asustan a más de uno de los actores políticos que cuentan en el país. Una ley que consagrara una autonomía para las regiones y que empezara a aplicarse en el Sáhara hubiera sido un signo de avance para hacer creíble el plan marroquí de 2007.



Marruecos perdió también la oportunidad que le ofrecía la redacción de una nueva constitución. La que se aprobó en julio de 2011, al calor de las presiones de la calle, animada por los ideales de la primavera árabe, consagró la continuidad del sistema de monarquía ejecutiva. Permitió, eso sí, un juego estéril de cohabitación entre un poder omnímodo real y ciertas parcelas atribuidas al jefe de Gobierno. Pero no acabó con los ministerios de soberanía, entre ellos el de Exteriores, central en la cuestión del Sáhara. Aunque la constitución hizo guiños como el reconocimiento verbal del patrimonio sáharo-hassaní y la preservación de la lengua hassanía como parte integrante de la identidad cultural marroquí, diseñó un modelo de región bajo control de los walis del rey (sigue siendo él quien los nombra) y cerró el paso a toda expresión política de la diversidad, con la prohibición expresa de partidos regionales.

Y, sobre todo, origen de la crisis de estas últimas semanas, ha persistido en una política de represión en la región del Sáhara a toda disidencia. Así lo han constatado organizaciones de derechos humanos que han visitado la zona y que han motivado las recomendaciones del secretario General de la ONU en su último informe, así como la propuesta, fracasada, de Estados Unidos, de solicitar al Consejo de Seguridad la extensión de las competencias de la Minurso a la cuestión de la vigilancia de los derechos humanos.

Nadie niega que ha habido pequeños avances, como no tomar represalias hacia los saharauis que asistieron al congreso del Polisario, pero la libertad de expresión y de manifestación sigue aherrojada en los territorios saharianos y se ha tenido la perfidia de condenar a duras penas de prisión, sin pruebas, por un tribunal militar, a los 24 militantes saharauis acusados por los acontecimientos de Gdym Izik. Que el Consejo Nacional de Derechos Humanos eleve al rey la propuesta de suprimir en el futuro la jurisdicción militar para civiles se queda, una vez más, en las buenas intenciones, cuando se ve, con esta sentencia, la fuerza con que cuenta el envejecido sector castrense en la vida política y en la cuestión del Sáhara en particular.



Desde 2005 el Frente Polisario ha basado su estrategia contra Marruecos en denunciar en los foros internacionales la violación continuada de los derechos humanos en la zona. Pero las autoridades marroquíes no han respondido con una política de distensión, de creación de confianza entre los diferentes grupos humanos que conviven en el Sáhara, de extensión de derechos y libertades de expresión a todos los habitantes de la zona, incluidos los que piensan diferente, de reconocimiento de las asociaciones que esperan el permiso del Ministerio del Interior, de hacer corresponsables en la gestión del territorio a los saharauis oriundos, lo que hubiera permitido, como dicen las resoluciones de la ONU, que las riquezas naturales reviertan y beneficien a sus habitantes. Al contrario. No se ha avanzado un solo milímetro en las que parecían promesas interesantes en el proyecto de autonomía de 2007, hasta el punto de convertirlo hoy en papel mojado.

Marruecos, autocomplacido con las alabanzas a su plan de autonomía, calificado machaconamente de “serio y creíble” por las cancillerías occidentales, incluida la Unión Europea que le concedió en 2010 un estatuto avanzado, ha terminado por darle la razón a sus detractores con su inacción absoluta en estos seis años para hacer avanzar una solución al problema del Sáhara, la hipoteca mayor del reino, su dolencia crónica. Con razón Abdellatif Laâbi escribió en estas páginas que Marruecos está enfermo del Sáhara.

Marruecos ha creído que, para lograr el reconocimiento de la marroquinidad del Sáhara Occidental, bastan los lobbies y el marketing, sin darse cuenta de que lo esencial es una política coherente y transparente, a fin de ganarse a la población saharaui que hoy por hoy está mayoritariamente en contra de la mala gestión de Marruecos. Recientemente en las páginas de la revista marroquí Zamane dos buenos conocedores del tema, el saharaui Bachir Edkhil y el miembro del CORCAS Abdelmajil Belghazal, constataban el fracaso en la gestión del problema durante todos estos años y la necesidad de una verdadera democracia que llegue de verdad a la región. En un largo periplo por El Aaiún, Smara y Dajla en 2011 escuché insistentemente: “Quieren un Sáhara sin saharauis”, y no precisamente de boca de elementos independentistas. “¿Por qué no aplicar el proyecto de autonomía desde ya?”, reclamaban una cuarentena de personalidades saharauis con las que me reuní hace dos años. Hoy, algunos sectores de dentro del sistema parecen darse cuenta de la torpeza de haber perdido demasiado tiempo. Hasta el presidente del Instituto Amadeus, cercano al núcleo del poder, en su artículo Sáhara: ¿de la crisis a la oportunidad?, reclamaba con urgencia hace unos días poner en práctica el proyecto de autonomía.

El proyecto de la resolución americana ante el Consejo de Seguridad ha sido una llamada de atención a Marruecos por su inacción y autocomplacencia, convencido de que bastaban sus promesas de 2007. Negándose a reconocer que en el Sáhara bajo su control hay un verdadero problema de derechos humanos, un clima de tensión e insatisfacción permanente entre los diferentes grupos étnicos que se ha obligado a convivir, Marruecos no se da cuenta del deterioro de su imagen exterior, pese a que acabe recibiendo el vergonzoso aval de dos naciones, Francia y España, que no quieren romper el idilio de sus buenas relaciones económicas con su vieja colonia. Con toda su inacción en estos seis años, Marruecos ha perdido toda credibilidad para su plan de autonomía. Lejos de constituir este un punto final en las negociaciones, hoy apenas vale ya como punto de partida, si es que se es capaz de hacerlo realidad. Es probable que en el futuro, para encontrar una solución a este eterno problema, Marruecos tenga que pensar en ir algo más allá, quizás hacia una confederación o un Estado libre asociado bajo la soberanía de Marruecos. Pero, una vez más, para hacerlo “serio y creíble”, tendrá que dar los pasos que no ha sido capaz de dar en estos años.

 Fonte: ianasagasti.blogs.com  / Por Bernabé López García *
  

*Catedrático honorário de História do Islão Contemporâneo na Uversidade Autónoma de Madrid.

13 membros do CORCAS do Sahara ocupado pedem ao Estado marroquino uma nova solução para o conflito em consonância com a ONU

Khallihenna Ould Errachid, designado pelo rei de Marrocos Presidente do CORCAS, foi fundador do Partido da Unidade Nacional Saharaui (PUNS) em 1974, instrumento político apoiado pela Espanha para combater a implantação da F. POLISARIO. Em 1975 fugiu para Marrocos com os fundos do partido... 

13 membros do denominado CORCAS (Conselho Real Consultivo para os Assuntos do Sahara) pediram ao Estado marroquino uma nova solução para o conflito do Sahara Ocidental em consonância com a ONU.

Segundo fontes de alto nível dentro do denominado CORCAS, 13 membros permanentes do CORCAS declararam fracassado o pretendido plano de autonomia marroquino apresentado para a solução da ocupação marroquina do território do Sahara Ocidental. Os treze membros do CORCAS estimam, segundo o que dizem ser a sua experiência e o contacto político com a população nas zonas ocupadas do Sahara Ocidental, ter constatado que a proposta apresentada não é uma solução realista nem racional.

Segundo as mesmas fontes, o grupo exigiu ao Estado marroquino a procura urgente de uma nova solução em conformidade com as resoluções da ONU e que responda às aspirações dos saharauis, no plano político, económico e social.


*Fonte: Info Radio Maizirat, El Aaiun

Sul de Marrocos: autoridades marroquinas detiveram ativista saharaui que acompanhava delegação internacional

Jamal Kraidach
Sábado 20 de julho pela tarde, as autoridades marroquinas prenderam um ativista saharaui e levaram-no pela força para destino desconhecido. Segundo o irmão da vítima, cinco veículos pertencentes aos serviços de segurança rodearam o carro do seu irmão Jamal Kraidach, na rua “Al Jadid”, artéria principal  da cidade de Goulimin no sul de Marrocos; Jamal Kraidach acompanhava uma delegação de observadores da Europa e Austrália que visitaram os territórios ocupados e o sul de Marrocos. Esta delegação chegou sábado 20 de julho à localidade de Tighmart ao norte de Goulimin.

Quatro horas após o sequestro as autoridades marroquinas puseram em liberdade Jamal Jamal Kraidach mas o seu carro, um “Renault 21″ foi-lhe confiscado.


Fonte: wshrw.org / Equipe Media

domingo, 21 de julho de 2013

General Electric retira-se do concurso eólico do Sahara Ocidental

 

A holding norte-americana General Electric comunicou à WSRW (Western Sahara Resource Watch) que não vai participar na licitação dos dois projetos eólicos nos Territórios Ocupados.

“Uma vez estudado [o assunto] com os nossos colegas, determinámos que a GE não vai participar na licitação”, declarou o Departamento de Comunicação da GE em nome do Conselho de Administração da GE.

Esta declaração foi produzida depois do WSRW ter enviado uma carta à empresa no passado dia 2 de julho, em que a ONG manifestava a preocupação pela participação da GE neste concurso promovido pelo governo marroquino para a construção de cinco parques eólicos, dois deles nos Territórios Ocupados (El Aaiún e Bojador).

A Western Sahara Resource Watch contactou todas as empresas que se apresentaram a concurso pedindo-lhes que se abstenham de participar em concursos que envolvam o território do Sahara Ocidental.


Fonte e foto: wsrw.org

10ª Edição do FISAHARA dedicado às mulheres saharauis

 

Durante os mais de 30 anos de exílio do povo saharaui as mulheres foram um exemplo de trabalho e de luta pela autodeterminação e a equidade.

Por essa razão a 10ª edição do Festival Internacional de Cinema do Sahara Ocidental, FISAHARA, é dedicado a homenagear estas mulheres que são a coluna vertebral da sobrevivência dos refugiados saharauis em Tindouf.

A edição do festival internacional de cinema Fisahara terá lugar entre os dias 8 e 13 de outubro de 2013 em Dakhla (acampamentos de refugiados saharauis em Tindouf, Argélia) e conta com um novo logo:




Fonte e imagens: UNMS

A ocupação ilegal de parte do Sahara Ocidental por Marrocos no programa de maior audiência na Arábia Saudita

 

O famoso jornalista saudita Ahmed Ashugheiri, que realiza e apresenta o programa de maior audiência no mundo árabe, “Jawater”, sublinha de novo que nenhum país no mundo reconhece a soberania de Marrocos sobre a parte que ocupa do Sahara Ocidental, nem mesmo os seus “amigos” reconhecem essa ocupação do território nem a sua “marroquinidade”. 

Este novo posicionamento do informador saudita foi tornado público de novo no seu programa “Jawater” na passada quinta-feira, na edição que emitiu a televisão saudita sob o título “Não há desculpas” e em que emitiu o mapa da República do Sahara Ocidental assinalando e separando as suas fronteiras com Marrocos.

O realizador do programa “Jawater” sublinhou a questão da propagação da corrupção, e o enriquecimento e o luxo com o aumento da pobreza.


Fonte: Rede Info Maizirat 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Viagem do Rei Juan Carlos a Marrocos: fracasso político e violação constitucional

 

A viagem do Rei a Marrocos concluiu com um rotundo fracasso político e com indícios de que o Rei de Espanha violou a Constituição Espanhola. Corifeus do lobby pro-marroquino, propagandista e, em elevada proporção, ignorantes e indocumentados não cessaram de repetir-nos que a viagem foi um grande “êxito”. A realidade, no entanto, é outra. Lástima que a imensa maioria dos meios espanhóis o ocultem. Paradoxalmente, há que acorrer a fontes marroquinas para conhecer uma realidade que lobby, propagandistas e, em elevada proporção, ignorantes e indocumentados ocultam à opinião pública espanhola.

I. UMA VIAGEM POLITICAMENTE FRACASSADA
Afirmei-o aqui a 17 de julho: nenhuma das razões alegadas publicamente para justificar esta absurda viagem apresentam sustentação. O suposto motivo económico da viagem não só não tem base, com é um puro sarcasmo quando se comprova que entre os representantes de empresas que o Governo espanhol “convidou” a fazerem-se representar no séquito real se encontram duas que sofreram na carne e nos seus balanços perdas provocadas pela arbitrariedade e a corrupção que reinam em Marrocos: ACS (sucessora da Dragados) e a  Telefónica.

Para fazer um balanço político da viagem do Rei e cinco ministros do Governo Espanhol a Marrocos convém ler o COMUNICADO CONJUNTO divulgado no dia 16 de julho. Para conhecer o comunicado há que acorrer à página do Ministério de Negócios Estrangeiros marroquino porque resulta que ele não aparece (ou pelo menos eu não o encontrei) na página do Ministério Espanhol. Não deixa de ser chamativo que a página web de um país terceiromundista publique o comunicado… e a página do interlocutor europeu não o tenha publicado … ou é a ocultação deliberada à imprensa espanhola, esperando publicar o fiasco quando a visita já não for notícia e não vier já a ser tratada em qualquer jornal?

Pois bem, a leitura do comunicado conjunto revela que nesta visita só houve fumo. Dela apenas resulta um novo acordo que tão pouco tem algum conteúdo: a assinatura entre as confederações patronais espanhola e marroquina de um “acordo que prevê a criação no futuro de um comité que tenha por objetivo aumentar os projetos comuns“. Ou seja, um “bluff”.

Mas a extensão máxima do fracasso é dada pela questão do Sahara Ocidental, tanto na sua dimensão política como económica (acordo de pesca da UE com Marrocos sobre as águas do Sahara Ocidental).

O parágrafo da declaração conjunta prévio ao parágrafo que fala do Sahara Ocidental começa assim: “as duas partes demonstraram uma grande convergência de pontos de vista sobre questões de interesse comum, em particular a situação no Médio Oriente... ".
No entanto, o parágrafo sobre a questão política do Sahara Ocidental diz:
Espanha reiterou o seu apoio aos esforços desenvolvidos no âmbito das Nações Unidas para alcançar um acordo político justo, duradouro e uma solução mutuamente aceitável para a questão do Sahara, de acordo com os parâmetros definidos pelo Conselho de Segurança

Algo semelhante acontece com a questão do acordo de pesca:

Fiel à sua política, a Espanha continua a apoiar Marrocos ... em direção a um novo acordo de pesca no menor prazo possível

Note-se que estes parágrafos sobre o Sahara Ocidental (que é chamado de "Sahara" privando-o do seu nome oficial) contêm uma declaração UNILATERAL de Espanha. É lamentável que haja que acorrer à imprensa digital marroquina para saber mais sobre isso, já que quase nenhum órgão de informação espanhol é capaz de dar informações em vez de propaganda quando se trata de Marrocos. Apenas Natalia Junquera, no El País, dá nota essa discordância.

Onde está então o sucesso da viagem e dos esforços desenvolvidos pelo rei e de CINCO ministros?
Nem a propósito, no dia que terminou a visita do Rei, as autoridades marroquinas permitiram uma avalanche a um posto fronteiriço entre Espanha e Marrocos, em Melilha, que obrigou a polícia espanhola a disparar tiros para o ar.

II. O REI DE ESPANHA FAZ POLÍTICA EXTERIOR VIOLANDO A CONSTITUIÇÃO  ESPANHOLA
Pode-se pois considerar dentro do normal que um sujeito como García-Margallo (de que ainda está fresco na memória o seu último fiasco com a Bolívia) “esteja encantado” com a viagem do Rei de Espanha a Marrocos.
Mas convém recordar ao nosso Ministro de Negócios Estrangeiros que para tomar posse do cargo que, com tanto desacerto ocupa, teve que jurar cumprir a Constituição Espanhola de que vou recordar alguns artigos que o afetam diretamente:
- artigo 97: “O Governo dirige a política interior e exterior, …”
- artigo 64.1: “Os atos do Rei serão referendados pelo Presidente do Governo e, em cada caso, pelos Ministros competentes”

Há também que consultar a página web do Ministério de Negócios Estrangeiros marroquino para conhecer um comunicado de 16 de julho que informa que o Rei de Marrocos e o Rei de Espanha tiveram uma entrevista A SÓS durante a qual “procederam a um amplo intercâmbio de pontos de vista sobre as principais questões regionais e internacionais de interesse comum“.

Vejamos se alguns enfim aprendem.
O Rei de Marrocos, como monarca absoluto que é, não é apenas Chefe de Estado. É também o verdadeiro Chefe de Governo. Afirmei-o neste blog no início do mandato do governo de Rajoy: para falar de política, o homólogo de Mohamed VI é Rajoy.
O Rei de Espanha NÃO PODE FAZER POLÍTICA EXTERIOR. Isso é inconstitucional. E além disso, a sua presença em qualquer ato ou encontro que possa ter caráter político DEVE ESTAR REFERENDADO COM A PRESENÇA DE UM MINISTRO. A acreditar no que diz o comunicado do Ministério de Exteriores marroquino, o Rei de Espanha NÃO ESTEVE ACOMPANHADO DE NENHUM MINISTRO ESPANHOL NA SUA ENTREVISTA COM MOHAMED VI EM QUE SE TRATOU DE POLÍTICA EXTERIOR ESPANHOLA.

Se o Rei de Espanha, 35 anos depois de a ter promulgado não conhece a Constituição … ou o que é pior, a viola conscientemente, talvez seja o momento de as Cortes o considerarem inapto para desempenhar o seu cargo.

Fonte: Desde el Atlántico / Por Carlos Ruiz Miguel*


*Catedrático de Direito Constitucional da Universidade de Santiago de Compostela desde 2001. 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Porta-voz oficial das Forças Armadas egípcias revela que o exército não reconhece a "marroquinidade" do Sahara Ocidental


A página do Facebook do porta-voz oficial das Forças Armadas egípcias revelou que a Instituição Militar do Exército Egípcio não reconhece a “marroquinidade” do Sahara Ocidental, com a publicação na página do Facebook de fotos do coronel Ahmed Mohammed Ali dando uma conferência na Faculdade de Defesa Nacional pertencente à Academia Militar Superior Nasser do Exército Egípcio, no âmbito da Sessão Cultural sobre a Informação Militar Nº. 21, dirigida aos editores e jornalistas de vários meios de informação militar. A conferência incluía um mapa de Médio Oriente e Norte de África, em que a parte ocupada do Sahara Ocidental se vê excluída das fronteiras de Marrocos e com diferente cor.

Na conferência, realizada em dezembro passado ante um selecionado grupo de editores e jornalistas da informação militar sobre a Estratégia da Segurança Nacional, o coronel Ahmed Mohammed Ali centrou-se nos eixos como parâmetros gerais do poder do Estado e o papel dos meios no sistema da segurança nacional, e a presença dos meios de comunicação na análise militar durante a fase de transição. Por outro lado, o coronel referiu-se ao mapa do Médio Oriente no âmbito das revoluções da Primavera Árabe e referiu o papel de outro vetor tratado pelos meios de informação militar e as redes sociais.
A conferência do porta-voz militar oficial das forças armadas egípcias referiu Marrocos como um dos países em que as manifestações provocaram alterações no governo durante a Primavera Árabe. E mostrou num dos diapositivos a parte ocupada do Sahara Ocidental, como um dos lugares onde tiveram início as manifestações da Primavera Árabe.

*Fonte: Rede de Informação Radio Maizirat 


segunda-feira, 15 de julho de 2013

O Rei Juan Carlos viaja a Rabat com cinco ministros, nove ex-ministros e 27 empresários


 O diário espanhol ABC, em artigo assinado por Almudena Martínez-Fornés, dá-nos o retrato o mais subserviente possível, mas também muito realista, dos propósitos que levam o Rei de Espanha e a sua farta comitiva a visitar Marrocos. Sobre o ex-Sahara espanhol ou a defesa dos DDHH dos seus antigos súbditos coloniais nem uma palavra. "Businesses" parece ser a palavra que motiva e entusiasma a comitiva real espanhola. Entre os negócios 'mas sucios' poderá estar o reforço da venda de material bélico a utilizar no Sahara Ocidental...
  
A deslocação obedece à especial relação de Don Juan Carlos com Mohamed VI. Segundo fontes diplomáticas «é uma vantagem que não têm outros países e, chegado o momento, a balança inclina-se»

O Rei [de Espanha] empreenderá amanhã [hoje, segunda-feira, 15 de julho] uma viagem a Marrocos que tanto o Palácio da Zarzuela como os Negócios Estrangeiros qualificam de «importantíssima» para os interesses políticos, económicos e culturais da Espanha e que se realiza numa série de circunstâncias únicas. Por um lado, Don Juan Carlos converter-se-á no primeiro Chefe de Estado a realizar uma visita oficial no Ramadão, gesto a que – para além do aspeto anedótico - se lhe outorga um grande valor político.

O Monarca tinha previsto ter realizado esta viagem em março passado, quando se lhe agravou a hérnia discal a que teve que ser operado. A visita foi adiada e Don Juan Carlos manifestou desejo que a primeira viagem que faria quando os médicos o permitissem seria a Marrocos. Finalmente, a sua recuperação coincidiu com o Ramadão e foi o seu anfitrião, o Rei de Marrocos, quem insistiu que a visita se realizasse no mês sagrado dos muçulmanos. Em círculos diplomáticos este gesto é interpretado como uma prova de confiança.

A viagem é única também pelo elevado número de ministros que se deslocarão a Rabat (partem 3ª feira e regressam a Madrid nessa mesma noite) para acompanhar Don Juan Carlos na jornada com maior conteúdo político e empresarial. a pesar de no passado dia 9 de março, terça-feira, cinco ministros marroquinos (de 30) terem apresentado a sua demissão, esta circunstancia não afetará a viagem do Rei. Segundo Rabat, «todo o Governo está mobilizado para que a visita seja um êxito». Além do del titular dos Negócios Estrangeiros, José Manuel García-Margallo, que permanecerá com o Rei durante toda a visita — que se inicia segunda-feira e termina quinta—, terça-feira juntar-se-ão os ministros do Interior, Jorge Fernández Díaz; da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón; Fomento, Ana Pastor, e Indústria, José Manuel Soria.

Mas o que é verdadeiramente inédito é que também acompanharão o Rei nove dos doze ministros dos Negócios Estrangeiros que a Espanha teve durante a democracia: Marcelino Oreja (UCD), José Pedro Pérez-Llorca (UCD), Javier Solana (PSOE), Carlos Westendorp (PSOE), Abel Matutes (PP), Josep Piqué (PP), Ana Palacio (PP) , Miguel Ángel Moratinos (PSOE) e Trinidad Jiménez (PSOE).

Mensagem de consenso

Com a presença destes ex-ministros, o Rei transmite a Marrocos a mensagem de que a relação entre os dois países é fruto do consenso e não está submetida a vais-vens políticos. Este gesto do Rei também tem como leitura no plano nacional: a capacidade de Don Juan Carlos de unir a as distintas forças políticas na defensa dos interesses de Espanha. Juntamento com os políticos, viajarão a Rabat os presidentes ou conselheiros delegados de 27 importantes empresas espanholas, como a Acciona, Abengoa, ACS, OHL, Ferrovial, Técnicas Reunidas, Talgo, Iberia, Inditex, Telefónica, Endesa ou Indra.

“Overbooking” de empresários

Segundo fontes diplomáticas, «houve overbooking» de empresários para realizar esta viagem e foi dada preferência aqueles que «têm grandes operações em Marrocos ou projetos eminentes que há que apoiar». A delegação empresarial é encabeçada pela CEOE, pela Cepyme e pelas Câmaras de Comércio.

Toda esta deslocação obedece à relação quase familiar de Don Juan Carlos com Mohamed VI. Segundo fontes diplomáticas, «temos uma vantagem que não têm outros países: a especial relação do Rei com a Família Real. Chegado o momento, isso faz inclinar a balança». O certo é que Espanha conseguiu arrebatar a França o posto de primeiro parceiro comercial de Marrocos, onde estão instaladas 800 empresas espanholas, embora sejam 20.000 as que mantêm relação com o país magrebino. A viagem do Rei também tem como objetivo impulsionar o espanhol num país em que o francês é a primeira língua estrangeira. Com este objetivo, acompanharão Don Juan Carlos o diretor do Instituto Cervantes, Víctor García de la Concha, e treze reitores de universidades.

A visita do Rei realiza-se num momento em que as relações bilaterais são «excelentes e com vocação de continuidade». Não obstante, como o volume de relações é muito alto também são muitas as incidências que se produzem entre ambos os países, embora «todas se resolvam a nível de Embaixada». Neste momento, Espanha e Marrocos estão a negociar a delimitação das águas jurisdicionais, sobre as que há discrepâncias, com o objetivo de desenvolver prospeções petrolíferas nas Ilhas Canárias.


Don Juan Carlos chaga hoje pela tarde ao aeroporto de Rabat, onde o estará esperando o Rei de Marrocos e nesta mesma noite ambos os monarcas terão uma refeição privada no Palácio Dar Essalam. O Rei, que se alojará no Palácio Real de Hóspedes, iniciará a sua visita terça-feira com a deposição de uma coroa de flores ao Mausoléu de Mohamed V, avô do atual monarca. A partir desse momento, terá início uma agenda de contatos políticos, económicos e culturais ao mas alto nível.

Fonte ABC