quarta-feira, 30 de junho de 2021

"Com a rejeição de De Mistura para o cargo de Representante Pessoal do SG da ONU, Marrocos continua a perpetuar o impasse no Sahara Ocidental" afirma o representante da F. Polisario nas Nações Unidas

 


ECS - O Representante da Frente Polisario nas Nações Unidas, Sidi Mohamed Omar, denunciou que "Marrocos continua a perpetuar o impasse no processo político para uma solução do conflito do Sahara Ocidental, ao rejeitar oficialmente a última proposta do Secretário-Geral da ONU de nomear o diplomata italiano nascido na Suécia, Staffan De Mistura, como seu novo Enviado Pessoal para o Sahara Ocidental.

Falando à Agência de Imprensa Argelina (APS), Omar afirmou que "a posição habitual de Marrocos tem sido caracterizada por uma série de rejeições e vetos em relação a vários candidatos propostos pelas Nações Unidas às duas partes, a fim de nomear uma personalidade para este importante cargo".

O diplomata saharaui salientou também que "o Estado ocupante marroquino não só obstruiu a missão do Secretário-Geral de nomear um novo Enviado Pessoal para o Sahara Ocidental, como estabeleceu uma série de condições prévias que excluem arbitrariamente um grupo de Estados membros da ONU como os países escandinavos, a Austrália, a Holanda, a Suíça ou a Áustria.

A este respeito, o representante da Frente Polisario na ONU reiterou a "rejeição oficial e categórica da abordagem marroquina pela Frente Polisario", sublinhando a "necessidade de nomear um novo Enviado Pessoal que se caracterize pela sua credibilidade, independência, integridade e imparcialidade".

Fonte: ECS

Governo britânico reitera apoio ao direito à autodeterminação do povo saharaui

 


O ministro de Estado britânico para o Médio Oriente e Norte de África, James Cleverly, reiterou esta terça-feira o total apoio do seu país aos esforços liderados pelas Nações Unidas para alcançar uma solução que garanta o direito do povo saharaui à autodeterminação, informou o portal de informação Sumoud.

Em resposta escrita às perguntas enviadas por Alex Sobel (deputado do Partido Trabalhista e ministro sombra encarregado da digitalização, cultura, meios de comunicação e desporto), o dirigente britânico disse que o Reino Unido apoia plenamente os esforços liderados pelas Nações Unidas para alcançar uma solução que permita aos saharauis exercerem o seu direito à autodeterminação.

James Cleverly recordou a declaração feita pelo chanceler britânico na sequência da declaração de reconhecimento pelo ex-presidente norte-americano da alegada soberania de Marrocos sobre o Sahara Ocidental, na qual afirmou a posição do Reino Unido, que considera o Sahara Ocidental como um território não autónomo que aguarda a descolonização.

As perguntas do deputado britânico ao governo centraram-se na recente avaliação do Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre se a anexação do Sahara Ocidental por Marrocos constitui uma violação do direito internacional e se a transferência de cidadãos marroquinos para o Sahara Ocidental ocupado constitui uma violação das Convenções de Genebra.

Fonte: ECS

 

terça-feira, 29 de junho de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicados militares nºs 229 e 230

O Ministério da Defesa Nacional da RASD distribuiu ontem e hoje os comunicados militares nºs 229 e 230 que assinalam os ataques levados a cabo pelas unidades do ELPS contra as posições marroquinas nas últimas 48 horas.


Comunicado nº. 229

Domingo, pela noite, 27 de junho de 2021

01. - Destacamentos do Exército de Libertação do Povo Saharaui (ELPS) bombardearam as forças de ocupação na zona de Rus ben Omira, setor Farsia (norte do SO)

02. - Bombardeadas forças ocupantes nas zonas de Chedhmiya, setor Mahbes (nordeste do SO)

03. - Fogo de artilharia sobre forças ocupantes em Rus, Fadrat Al Tamat Al-Gharbia no setor de Hauza (norte do SO).


Segunda-feira, 28 de junho 2021

04. - Unidades do ELPS bombardearam forças ocupantes na zona de Fadrat al-Ish, sector Hauza (norte do SO)

05. - Violento bombardeio contra forças marroquinas entrincheiradas em Laagad, setor Mahbes (nordeste do SO)

06. - Fogo de artilharia sobre as forças das FAR na zona de Güeret Ould Blal, setor Mahbes (nordeste do SO).


Comunicado nº. 230

Segunda-feira, pela noite, 28 de Junho 2021

01. - Boimbardeadas as forças marroquinas na zona de Fedrat al-Ish no setor de Hauza (norte do SO).

02. - Bombardeamento de efectivos marroquinos na área de Laagad, setor de Mahbes (nordeste do SO)

03. - Bombardeadas tropas ocupantes na zona de Güeret Ould Bilal no setor de Mahbes (nordeste do SO)


Terça-feira, 29 de junho 2021

04. - Bombardeadas forças ocupantes na zona de Tendakma no setor de Bagari (centro do SO)

05. - Bombardeamento de forças de ocupação na zona de Tarf Hamida no setor de Farsia (norte do SO)

06. - Bombardeamento de forças marroquinas na zona de Udey Tichit no setor de Farsia (norte do SO).

SPS/ECS


Suspender o apoio diplomático a Marrocos no Conselho de Segurança, respeitar o estatuto jurídico do Sahara Ocidental e pressionar por uma solução justa — aconselha à UE o especialista Hugh Lovatt


Hugh Lovatt


Hugh Lovatt, especialista senior sobre a região do Médio Oriente e Norte da África no Conselho Europeu, destacou em entrevista ao site " Western Sahara 24" , divulgado hoje, terça-feira, que a União Europeia deve respeitar a legitimidade internacional no Sahara Ocidental. Os países ocidentais deveriam cessar o apoio diplomático e acabar com o envolvimento económico com Marrocos, a fim de pressionar Rabat a encontrar uma solução justa e duradoura para o conflito de uma forma que garanta o direito do povo saharaui à autodeterminação e independência - referiu o especialista.


Hugh Lovatt, que publicou recentemente um extenso estudo conjunto com o investigador e médico americano Jacob Mundy sobre possíveis soluções para o conflito do Sahara Ocidental, e publicado pelo Conselho Europeu no mês passado, afirmou que “ a União Europeia deve corrigir as suas relações comerciais para garantir que não é cúmplice da situação ilegal que criou. "Marrocos está no Sahara Ocidental e prejudica as hipóteses de paz ."

Acrescentou também que a Europa deve "pressionar Marrocos a apoiar um processo de paz significativo que possa garantir o direito do povo saharaui à autodeterminação. Isso inclui o cancelamento da proteção diplomática de Marrocos no Conselho de Segurança das Nações Unidas e o abandono da proposta de Marrocos de autonomia. "

 

“A autonomia é uma falsa promessa...”

Neste contexto, o perito europeu considerou que a proposta de autonomia marroquina não é grave e não vai resolver o problema e afirmou : “A ideia de autonomia representa uma falsa promessa. Com base em exemplos anteriores, os arranjos de autonomia têm um histórico perverso de resolução consistente de disputas. Além disso, a proposta de autonomia do Marrocos ( que é na verdade uma forma de integração no Marrocos ) entra em conflito com o status legal internacional do Sahara Ocidental como um território independente e separado de Marrocos. Também carece de salvaguardas fortes para garantir o respeito pelos direitos dos saharauis e a sua capacidade de autogestão . ”

Por isso, o perito europeu, que propõe uma terceira solução, que é uma espécie de parceria, mas com base na constituição de um Estado saharaui independente que possa aceitar uma espécie de parceria com Marrocos com garantias internacionais, considera que qualquer solução só pode ter lugar com o consentimento do povo saharaui através do exercício do seu direito inalienável à autodeterminação, para que só ele determine o tipo de solução que pretende.

SPS

 

Twitter denuncia as mentiras do ministro dos Negócios Estrangeiros de Marrocos

 


Lehbib Abdelhay /ECS - O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Marrocos, Nasser Bourita, distorce as declarações do Secretário de Estado norte-americano, Antonio Blinken, numa tentativa de disfarçar a realidade e acaba por se denunciar. Na sua conta no Twitter, o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino limitou-se a relatar a reunião e omitiu o seu conteúdo.

Blinken tweetou na sua conta no Twitter e na do Departamento de Estado que a reunião discutiu as violações dos direitos humanos e a liberdade de imprensa em Marrocos. "Bom encontro hoje com o Ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino Nasser Bourita para rever o nosso interesse comum na paz e estabilidade regionais, bem como nos direitos humanos, incluindo a liberdade de imprensa. Também discutimos os desenvolvimentos na Líbia e o nosso desejo de ver ali estabilidade e prosperidade", disse Blinken na sua conta do Twitter.

Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino escreveu na sua conta oficial Twitter, em francês, que a reunião entre os dois ministros se centrou no "progresso" nas relações bilaterais e nas questões regionais, incluindo a situação na Líbia e no Médio Oriente sem qualquer referência a questões de direitos humanos e liberdade de imprensa.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Supremo Tribunal de Inglaterra e Gales permite revisão do acordo Reino Unido -Marruecos por este incluir o Sahara Occidental

 


O Supremo Tribunal de Inglaterra e País de Gales concedeu autorização para uma revisão judicial da decisão do governo de adoptar o Acordo de Associação Reino Unido-Marrocos que inclui os territórios ocupados do Sahara Ocidental. Isto foi confirmado pela organização reclamante (WSCUK) após a audiência realizada a 17 de Junho. Trata-se de um verdadeiro impulso à proibição da comercialização ilegal de produtos saharauis por parte de Marrocos, e que abre o caminho para a decisão do TJUE agora prevista para o final do Verão na mesma base.

A The Western Sahara Campaign UK é membro da plataforma Western Sahara Resources Watch (Observatório dos Recursos do Sahara Ocidental). A decsidão do Supremo Tribunal de Inglaterra e País de Gales permite à WSCUK interpor um recurso judicial contra a decisão do governo de adotar o Acordo de Associação Reino Unido-Marrocos. É uma excelente notícia na busca de justiça para o povo saharaui, a organização necessita rapiadamente angariar 5000 Libras na sua página CrowdJustice nos próximos 12 dias para pagar a entrada da ação judicial. Contribui aqui: https://www.crowdjustice.com/case/stop-the-uk-government-plunder/

 

Foreign Office: Um acordo sem escrúpulos

Deveras apressado em estabelecer vários acordos comerciais após Brexit, o governo britânico assinou um acordo com Marrocos, reflectindo as disposições de um acordo UE-Marrocos actualmente em análise pelo Tribunal de Justiça Europeu, que alarga o acesso preferencial aos mercados britânicos para bens originários do Sahara Ocidental ocupado. Isto significa tudo, desde fosfatos das minas de Bu Craa até tomates cultivados por colonos em Dakhla ou peixes no porto de El Aaiun. O acordo não foi debatido no Parlamento mas escapou a um instrumento legal, contudo, o acordo entrou em vigor a 1 de Janeiro, apenas um mês após a situação no Sahara Ocidental se ter deteriorado devido ao reinício das hostilidades armadas ao longo do muro militar e com as forças ocupantes a intensificarem a sua repressão contra os activistas saharauis nas cidades ocupadas.

O atual acordo comercial aplica-se aos produtos e recursos naturais do Sahara Ocidental, sobre os quais Marrocos reivindica a soberania territorial, embora o Tribunal Internacional de Justiça tenha decidido que não existem quaisquer laços de soberania.

A equipa jurídica de Leigh Day, defensora da Western Sahara Campaign UK, argumentou que ao estender o acordo aos bens e recursos do Sahara Ocidental, o governo britânico está repetidamente a violar as suas obrigações ao abrigo do direito internacional.

Em 2015, o Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu a favor da WSCUK em relação a uma ação legal contra o HMRC e a DEFRA relacionada com a implementação de uma versão anterior do Acordo de Parceria UE-Marrocos e do Acordo de Parceria UE-Marrocos no domínio das Pescas. Esta decisão foi posteriormente confirmada pelo Supremo Tribunal de Inglaterra e do País de Gales.

Na altura, os tribunais concluíram que os acordos da UE não se podiam aplicar ao território do Sahara Ocidental, nem se podia entender que Marrocos exercesse qualquer jurisdição sobre o território, uma vez que viola o princípio da autodeterminação e a regra do direito internacional de que um tratado não pode impor direitos ou obrigações a um terceiro sem o seu consentimento.

John Gurr, coordenador da WSCUK disse: "Este é um passo importante para o povo saharaui. É a recusa a um acordo que permite o roubo dos recursos naturais do Sahara Ocidental e que reforça ainda mais a ocupação marroquina''.

Erin Alcock, porta-voz da equipa de defesa do Leigh Day declarou: "O nosso cliente está satisfeito por lhe ter sido concedida licença para prosseguir com a sua ação judicial. Este caso proporcionará ao Tribunal uma importante oportunidade para considerar a legalidade de um acordo comercial pós-Brexit implementado no Reino Unido no contexto de obrigações legais internacionais".

Fontes: ECS/ WSCUK

Veja a sentença AQUI

Grupo de Genebra organiza Conferência (online) sobre a situação dos prisioneiros e ativistas saharauis (30-06-2021)





GENEBRA - Uma conferência sobre a situação dos presos políticos saharauis, defensores dos direitos humanos e jornalistas sob ocupação marroquina será organizada na quarta-feira pelo Grupo de Apoio de Genebra para a Proteção e Promoção dos Direitos Humanos no Sahara Ocidental.

A conferência-webinar contará com a participação de vários representantes de organizações internacionais de defesa e proteção dos direitos humanos, como o presidente dos Repórteres sem Fronteiras em Espanha Alfonso Armada, a diretora-adjunta da região MOAN, Amnistia Internacional, Amna Guellali, o representante da Ação Cristã para a Abolição da Tortura (ACAT França), Elias Geoffrey, o advogado do Comité Norueguês de Apoio ao Sahara Ocidental, Tone Sorfonn, e o representante da Associação Americana de Juristas (AAJ), G. Fattorini, bem como representantes das associações saharauis para a proteção dos civis saharauis nas prisões marroquinas e da Instância contra a ocupação marroquina (ISACOM).

O Grupo de Apoio de Genebra ao Sahara Ocidental já realizou na passada quarta-feira uma conferência de alto nível sob o tema "o direito do povo saharaui à autodeterminação", durante a qual oradores abordaram as causas profundas do fracasso das Nações Unidas em resolver definitivamente a questão saharaui de uma forma que permita aos saharauis escolherem o seu próprio caminho.


Espanha: CEAS-Sahara lança campanha de apoio à ativista saharaui Sultana Khaya

 


MADRID - A Coordenação Espanhola das Associações de Solidariedade com o Sahara Ocidental (CEAS-Sahara) lançou este sábado uma campanha de apoio à ativista saharaui dos direitos humanos, Sultana Sid Ibrahim Khaya, colocada desde novembro passado em prisão domiciliária pelas autoridades de ocupação marroquinas em Bojador, no Sahara Ocidental ocupado.

O CEAS-Sahara, presidido por Xavi Serra, realizou sábado uma assembleia geral, com a participação de uma representação da Task Force Europeia. O encontro foi uma oportunidade para conhecer a situação da activista saharaui Sultana Khaya, e para lançar uma nova campanha a seu favor.

"Todo o trabalho realizado ultimamente visa tornar a causa saharaui visível", disse Dih Noucha, em nome da delegação saharaui em Espanha, no seu discurso.

A CEAS expressou também a sua "gratidão" a Sultana, e à sua família, que, segundo ela, luta dia após dia em condições extremas, pela independência do Sahara Ocidental, ocupada desde 1975.

Ao agradecer ao CEAS-Sahara pelo lançamento desta campanha de apoio a seu favor, Sultana Khaya, numa intervenção online, revelou as constantes represálias da ocupante marroquina, que não lhe permite ter visitas.

A activista dos direitos humanos saharaui tem estado sob um cerco policial imposto à sua casa na cidade ocupada de Bojador desde o seu regresso de Espanha em novembro de 2020. A sua mãe de 84 anos que vive com ela também está a sofrer desta situação injusta.

Durante este período de prisão domiciliária forçada, Khaya relatou à assembleia do CEAS os ataques em que foi espancada na cabeça até sangrar, a mão direita foi fracturada e o olho-falso foi danificado (recorde-se que a ativista ficou sem o olho direito quando ainda jovem foi brutalmente espancada pela polícia marroquina. Na altura era estudante em Marrocos) .

Existe também uma barreira policial que impede a entrada de visitantes e controla as saídas. Durante meses, Sultana Khaya, a sua irmã e a sua mãe foram sujeitas a uma forte repressão marroquina devido à sua luta pela autodeterminação e independência do povo saharaui.

Apesar da intimidação e da tortura física e verbal, Sultana Khaya diz que "isto não a impedirá de continuar a sua luta". Sublinhou também que "o silêncio da ONU sobre aquilo a que os saharauis estão expostos num país sob a sua jurisdição e responsabilidade, encorajará a ocupação e os seus dirigentes a cometer mais crimes contra os saharauis”.

Fonte: APS

Aminetu Haidar vai ter uma praça com o seu nome em Sevilha

 

A Praça onde se situa o Parque Mercedes Yesado, no início da Avenida do Povo Saharaui,
irá ter o nome de Aminetu Haidar


O plenário da junta municipal do distrito San Pablo-Santa Justa (uma das 11 juntas de freguesia que integram o Ayuntamiento da capital da Andaluzia) aprovou uma moção (por unanimidade) em que se determina a denominação de uma praça com o nome da activista saharaui Aminetu Haidar.

Uma iniciativa que dá público reconhecimento “ao importante papel que as mulheres saharauis têm na sua causa e na sustentabilidade, dignidade e promoção do seu Povo", disse Diana Fernandez, líder da Organização IU na cidade de Sevilha e ativista do movimento de solidariedade com o povo saharaui.

A moção aprovada, reconhece o seu “historial mais do que comprovado como defensora dos direitos humanos e referência internacional excepcional de luta pacífica pelos direitos do povo saharaui”. "Sublinhamos - enfatiza Diana Fernandez - que a aprovação tem lugar num momento tão crucial como aquele que o nosso povo irmão está a viver".

A ligação especial de Sevilha com o Sahara, acolhendo todos os anos muitas crianças nas suas "Férias em Paz", é também algo que é reconhecido com esta aprovação, e também "vem compensar a escassez de nomes de mulheres destacadas pelo seu desempenho político, social ou profissional, nas nossas ruas municipais", recordou a líder da Organização da IU na cidade de Sevilha.

Fonte: andalucía información

domingo, 27 de junho de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicados militares nºs 227 e 228


Os comunicados nos. 225 e 226 distribuídos ontem e hoje pelo Ministério da Defesa Nacional da RASD assinalam as posições marroquinas atacadas pelas unidades avançadas do Exército de Libertação do Povo Saharaui (ELPS) nas últimas 48 horas.


Comunicado nº. 227

Sexta-feira, 25 de junho 2021

01. - Ataque de artilharia na área de Udey Zayat no setor de Farsia (norte do SO).

02. - Bombardeada a área de Gueret Ould Blal no setor de Mahbes (nordeste do SO).

03. - Fortemente bombardeada a zona de Graret Lfersik no setor de Mahbes (nordeste do SO).


Sábado, 26 de Junho 2021

04. - Destruída uma base militar na zona de Lathrathiat no subsetor de Guelta (centro do SO), tendo-se avistado grossas colunas de fumo do da base atingida.


Comunicado nº. 228

Sábado pela noite, 26 de Junho 2021

 01. - Ataque de artilharia sobre a área de Rus Fudrat Al Tamat, no setor de Hauza (norte do SO).


Domingo, 27 de Junho 2021

02. Bombardeadas as posições entrincheiradas das forças de ocupação na área de Rus Ben Amira, no setor de Farsia (norte do SO).

03. - Fortemente bombardeada a área do muro em Al Shishmiya no setor de Mahbes (nordeste do SO).

04. - A área de Rus Fudrat Al Tamat, no setor de Hauza (norte do SO) volta a ser formente bombardeada, como já o tinha sido na noite anterior.

SPS/ECS

sábado, 26 de junho de 2021

Marrocos rejeita oficialmente Staffan De Mistura como Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Sahara Ocidental

 



 


Nova Iorque - Segundo noticia o portal saharaui ECS, Marrocos rejeitou a proposta de Staffan de Mistura como Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental. 

A rejeição por parte de Rabat ao nome do prestigiado diplomata e alto funcionário das Nações Unidas já era esperada, e não foi por acaso que António Guterres se lamentava há poucos dias perante a AG da ONU do bloqueio com que se defrontava para nomear os seus representantes pessoais, solicitando aos membros da Assembleia Geral que pudessem avançar com nomes para os cargos, no que foi entendido como uma clara alusão ao caso do SO, cujo cargo está por preencher desde maio de 2019, quando o ex-presidente alemão Horst Köhler abandonou as funções alegando problemas de saúde.

As autoridades marroquinas, ainda segundo o ECS, não deram razões nem motivos para a sua recusa.

Smara abalada por fortes explosões em base militar marroquina

 

Pouco passava das 13:00 deste sábado quando pelo menos três explosões abalaram uma instalação militar marroquina a leste de Smara ocupada, no centro do Sahara Ocidental. Segundo fontes do território ocupado por Marrocos confidenciaram ao portal ECSaharaui, “a razão para estas explosões é a explosão de minas e munições”.

Segundo fotos e vídeos divulgados em redes sociais, colunas densas de fumo negro subiram de pelo menos três pontos das instalações do exército de ocupação marroquino na zona de Ghachlet Wein Salwan, a leste de Smara. Smara, no norte do Sahara Ocidental, é a terceira maior cidade no território ocupado por Marrocos.

Segundo fontes da cidade ocupada de Smara, as explosões causaram um enorme estrondo juntamente com grandes nuvens de fumo a sair da base das forças de ocupação, como se pode ver nas imagens e vídeos.

Segundo as mesmas fontes, um sistema de radares instalado terá sido atingido pelas explosões.

Aguardam-se informações oficiais da parte saharaui, embora não se descarte a possibilidade de as explosões terem sido originadas por um ataque das unidades do Exército de Libertação do Povo Saharaui, seja através de mísseis de longo alcance ou de ataques de forças especiais que tenham penetrado no sistema defensivo do muro militar.


Smara, no norte, é a terceira maior cidade do Sahara Ocidental, depois de El Aaiún, a capital, e Dakhla, no sul, todas nas áreas ocupadas pelas forças marroquinas. 


A possibilidade das explosões terem por origem um acidente nos paióis da base marroquina também não está descartada.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

União Europeia doa 9 milhões de euros ao Programa Alimentar Mundial para o povo saharaui



Bruxelas (ECS). - A Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) anunciou ontem o financiamento humanitário de 9 milhões de euros para apoiar as necessidades humanitárias nos campos de refugiados saharauis.

A Comissão Europeia atribuirá cerca de 9 milhões de euros aos refugiados sarauís, principalmente para combater a subnutrição, o fornecimento de água potável e assistência no acesso a cuidados médicos e educação nos campos de refugiados saharauis.

No comunicado, Janez Lenarcic, Comissário Europeu para a Gestão de Crises, afirmou que milhares de refugiados, migrantes e requerentes de asilo, bem como pessoas deslocadas internamente, retornados e populações de acolhimento, estão a necessitar urgentemente de assistência humanitária no Norte de África e isto inclui a crise dos refugiados saharauis na Argélia, onde quase 80% destes refugiados continuam dependentes da ajuda humanitária para obter o seu consumo mínimo diário de alimentos.

A declaração da Comissão Europeia sublinha que o conflito de quatro décadas no Sahara Ocidental levou milhares de refugiados saharauis a dependerem da ajuda humanitária. 

Desde 1993, a União Europeia forneceu cerca de 268 milhões de euros em ajuda humanitária aos campos de refugiados saharauis, chamando-lhe uma "crise esquecida".

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicados militares nºs 225 e 226

 


Os comunicados nos. 225 e 226 distribuídos ontem e hoje pelo Ministério da Defesa Nacional da RASD assinalam as posições marroquinas atacadas pelas unidades avançadas do Exército de Libertação do Povo Saharaui (ELPS) nas últimas 48 horas.

 

Comunicado nº. 225

Quarta-feira, 23 de junho de 2021

01. - Bombardeamentos intensos contra as forças de ocupação marroquinas na zona de Al Aaria no setor de Mahbes (nordeste do SO).

02. - Fogo de artilharia contra as forças militares ocupantes na zona de Laagad no setor de Mahbes (nordeste do SO).

 

Quinta-feira, 24 de junho

03. - Bombardeamentos contra a zona de Um Edeguen no setor de Bagari (centro do SO).

04. - Bombardeios contra Gueret Ould Blal no setor Mahbes (nordeste do SO).

05. - Fogo de artilharia intenso tendo como alvo a zona de Sabjet Tanushad no setor de Mahbes (nordeste do SO).

 

Comunicado nº. 226

Quinta-feira, pela noite, 24 de junho

01. - Fortes ataques de artilharia contra a zona de Umm Edeguen no setor de Bagari (centro do SO).

02. - Bombardeamento sobre Güerat Ould Balal no setor Mahbes (nordeste do SO).

 

Hoje, sexta-feira, 26 de junho

03. - Devastador bombardeamento sobre as posições entrincheiradas das forças ocupantes na zona de Rus Sebti no setor de Mahbes (nordeste do SO).

04. - Intensos bombardeamentos contra a região de Al Dhamran, de novo em Mahbes (nordeste do SO).

ECS/SPS

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicados militares nºs 223 e 224

 

Os comunicados nos. 223 e 224 distribuídos ontem e hoje pelo Ministério da Defesa da RASD relatam as posições marroquinas atacadas pelas unidades avançadas do ELPS nas últimas 48 horas.

 

Comunicado nº. 223

Segunda-feira, pela noite, 21 de junho

01. - Bombardeamento intenso dirigido sobre um ponto de alerta das forças de ocupação na área de Mkhaibthat na zona de Guelta (centro do SO).

02. - Bombardeamento contra as forças inimigas na área de Doumas, no setor de Bagari /centro do SO).

03. - Intensos bombardeios contra as forças de ocupação na zona de Laagad, setor de Mahbes (nordeste do SO).

 

Terça-feira, 22 de junho

04. - Bombardeada posição inimiga na la zona de Steilat uld Bugrein com destruição do radar principal da base. Foram vistas colunas de fumo saíndo da base atingida.

05. - Fogo de artilharia concentrado contra forças ocupantes na zona de Udey Charrag, setor de Farsia (norte do SO).

 

Comunicado nº. 224

Terça-feira, pela noite, 22 de junho

01. - Bombardeada a zona de Graret Farsik no setor de Mahbes (nordeste do SO).

02. - Bombardeamento em cadeia atingiram a área de Umm Legta, de novo no setor de Mahbes (nordeste do SO).

 

Hoje, quarta-feira, 23 de junho

03. - Fogo de artilharia contra a zona de Al-Aydiat no setor de Guelta (centro do SO).

04. - Poderoso bombardeamento contra a base Nº. 04 situada na área de Galb Al Nass no setor Auserd (sul do SO), tendo-se observado densas colunas de fumo elevando-se da base atacada. Este ataque causou grande pânico e incerteza entre os militares marroquinos.

ECS/SPS

terça-feira, 22 de junho de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Reportagem da RASD TV

 


Lehbib Abdelhay/ECS - - A televisão saharaui, RASD TV, começa a emitir documentários sobre a guerra actual no Sahara Ocidental. Um documentário inédito sobre a actual ofensiva no território, rigorosamente documentado por Mohamed Salem Laabeid, director da televisão, e pelo seu fotógrafo "Saleh", mostra soldados e militares em acção - em alguns casos inéditos - sobre o conflito saharaui e a realidade da guerra na antiga colónia espanhola.

Ontem, domingo, a televisão saharaui difundiu a primeira reportagem documentando algumas das operações militares levadas a cabo pelo Exército de Libertação Popular Saharaui (ELPS), contra posições do exército marroquino entrincheiradas ao longo do muro da vergonha.

Uma equipa de televisão da RASD acompanhou as unidades do Exército de Libertação Popular Saharaui durante bombardeamentos e ataques qualitativos e intensivos levados a cabo pelo 6º Regimento Militar Saharaui na região de Mahbes (nordeste do SO). As imagens exclusivas da televisão saharaui mostram a destruição de bases marroquinas.

O documentário mostra até que ponto as unidades militares saharauis controlam a iniciativa e as provas da execução das operações de bombardeamento em diferentes pontos e em diferentes momentos no mesmo dia.

O documentário de uma hora mostra a bravura das unidades do exército saharaui, que se aproximaram das bases do exército de ocupação marroquino até aos 800 metros, onde realizaram ataques intensos e concentrados de morteiros e artilharia que colocaram as forças ocupantes num estado de confusão, o que foi evidenciado pela resposta aleatória com um contra-ataque confuso onde os seus disparos de artilharia caíram em locais distantes da presença das unidades do exército saharaui.

Os comandantes de campo do exército saharaui salientaram que as forças de ocupação marroquinas vivem num estado de medo e que o moral dos seus soldados está em colapso, especialmente após a morte de um grande número dos seus oficiais e soldados e a fuga de outros da linha da frente da batalha.

O documentário destaca também o papel da juventude saharaui nesta guerra, e a rapidez da sua adaptação às condições impostas pela guerra.


Marrocos. É principalmente o vírus da pobreza que atinge os agricultores - artigo do ORIENTXXI

 

 A difícil situação económica ligada à pandemia e às graves secas nos últimos dois anos fragilizou os agricultores marroquinos. Enquanto o agronegócio se aguentou no mercado de exportação, as desigualdades agravaram-se no mundo rural, especialmente para os trabalhadores agrícolas, as principais vítimas da Covid-19.


ORIENTXXI - artigo de Salaheddine Lemaizi (em Francês)

Estão 38° à sombra. Estamos numa quinta na região de Ouled Ziane, a 30 km de Casablanca. Nesta planície fértil, alguns agricultores, pressionados em entregar as suas terras a promotores imobiliários, estão a resistir à invasão do betão. Abdelatif, 68 anos, é um dos poucos agricultores que recusam o dinheiro oferecido pelos promotores e seus intermediários, mas a hecatombe de duas estações agrícolas secas amplificada pela crise sanitária da Covid-19 quase o fez mudar de ideias. "Os tempos são difíceis. O pequeno agricultor perdeu tudo este ano", queixa-se o sexagenário.

Para medir a extensão da crise, basta dizer que o valor acrescentado agrícola caiu 7% em 2020 e que a campanha nacional de cereais caiu para 32 milhões de quintais (Mqt) contra 70 Mqt em média para uma boa época agrícola. Hoje, Abdelatif é obrigado a trabalhar à jorna nesta vasta quinta em troca de quatro sacos de trigo de 50 kg, uma lufada de ar fresco para este agricultor empobrecido.

Por outro lado, Hicham, 42 anos de idade, gerente da quinta, conseguiu sobreviver a estes dois últimos anos graças à diversificação da sua atividade. "Para além das culturas de cereais, tenho uma actividade de criação de caprinos e ovinos dedicada a Aïd El-Kebir e uma atividade de engorda dedicada ao meu talho. Apesar dos meios que tenho à minha disposição, as despesas são muito pesadas. Para a agricultura em pequena escala, nem sequer é bom falar», explica ele.

 

QUASE 40% DA POPULAÇÃO É RURAL

A pandemia ofuscou um dos piores anos de seca da década. Na ausência de apoio público eficaz e equitativo, a população rural demonstrou a sua habitual resiliência para ultrapassar esta crise. "Nas zonas rurais, as pessoas já são vulneráveis. Todos os anos, enfrentam o clima rigoroso e os caprichos da economia de mercado", diz Zakaria Kadiri, sociólogo da Universidade Hassan II em Casablanca e especialista no mundo rural. No campo, a população rural teme mais o vírus da miséria do que o vírus Covid-19. O mundo rural representa 39,7% da população marroquina, ou seja, 13,4 milhões de habitantes. Na década de 1960, a população rural diminuiu face à urbanização, mas estabilizou na década de 1990. "O mundo rural não é um mundo social separado, é parte da sociedade como um todo. Nos oásis ou nas planícies, todos foram apanhados de surpresa. Especialmente no que respeita a restrições de viagem", diz o sociólogo Zakaria Kadiri.

Para o um sócio-antropólogo Mohamed Mahdi, as diferenças com o ambiente urbano podem ser observadas na experiência do confinamento. Este académico descreve a vida quotidiana de uma aldeia durante este período: "As pessoas rurais estão confinadas aos seus douars (lugarejos) e não nas suas casas; têm o privilégio de usufruir um grande espaço e escapam ao controlo do tráfego, impossível de exercer pelas autoridades em áreas remotas, fechadas como são a maioria dos douars. O confinamento não suspendeu a atividade agrícola, nem mesmo a atividade social. "

 

DESIGUALDADES PERSISTENTES

Entre planícies e montanhas, entre populações sedentárias e nómadas, a situação do mundo rural é contrastada. Mas continua dominada pela pobreza e desigualdades gritantes em termos de acesso a recursos, terra e água.

Apesar de alguns progressos desde a chegada do Rei Mohamed VI ao trono em 1999, o mundo rural continua mal equipado de infraestruturas públicas de qualidade (saúde, educação, água, eletricidade e saneamento), como é confirmado no recente relatório da Comissão Real para um Novo Modelo de Desenvolvimento. Dois números resumem esta situação de desigualdade. A proporção de pessoas de baixos rendimentos em Marrocos é de 12,7%; 6,8% delas encontram-se em zonas urbanas e 22,9% em zonas rurais. Há 4,5 milhões de pobres no reino, dois terços dos quais (66,4%) vivem em zonas rurais.

Outra característica das zonas rurais marroquinas é a persistência de desigualdades estruturais relacionadas com o estatuto da terra. Assim, nas zonas rurais, os 20% mais abastados têm um rendimento médio anual per capita de 40.700 dirhams marroquinos (DH) (3.800 euros) e detêm mais de metade do rendimento total (52,3%), enquanto que para os 20% menos abastados é apenas de DH 4.900 (460 euros) por pessoa, de acordo com o Alto Comissariado para o Planeamento (HCP). Neste oceano de miséria e desigualdade, a zona rural marroquina é uma terra de enriquecimento para a agricultura em grande escala, principalmente para a exportação. Durante a pandemia, este setor estava em pleno funcionamento.

 

OS TRABALHADORES AGRÍCOLAS, OS GRANDES PERDEDORES

Rumo à planície de Souss, no sul de Marrocos. El Houcine Boulberj é secretário-geral adjunto da Federação Nacional do Sector Agrícola (FNSA), o maior sindicato agrícola do país. Este sindicalista avalia o Covid-19: "A atividade nunca parou. No meio da crise, as unidades responderam à procura do mercado local e depois às exportações", disse ele numa entrevista telefónica. Ao longo da crise, o mundo rural continuou a abastecer o resto do país com alimentos frescos. "Houve uma dicotomia entre segurança alimentar e segurança sanitária", diz o sociólogo Zakaria Kadiri.

Mas os maiores perdedores foram os trabalhadores agrícolas. "Sem proteção suficiente, os trabalhadores foram expostos ao vírus. Isto explica a multiplicação de surtos em Lalla Mimouna no Gharb e depois na região de Souss. Os empregadores agrícolas nada fizeram para proteger os trabalhadores do setor", denuncia o secretário-geral adjunto da FNSA. E de acordo com este sindicato, 1.700 trabalhadores foram despedidos durante este período, que foi no entanto um período florescente para o agronegócio.

Em contraste, nos oásis do sudeste, a mão-de-obra era quase impossível de encontrar. A população rural pôde contar - por uma vez - com os seus filhos trabalhadores migrantes que regressaram às suas famílias após o encerramento das atividades económicas nos grandes centros urbanos (Casablanca, Marraquexe e Agadir).

Para o socio-antropólogo Mohamed Mahdi, a pandemia realçou a dependência do mundo rural "para o abastecimento e mesmo para a alimentação, o comércio e o trabalho".

 

A ESCOLA ABANDONADA

Com base nas suas observações na sua aldeia natal de Tigouliane (500 km a sul de Casablanca) e noutros estudos sociológicos recentes, Mohamed Mahdi observa desde o início que "o mundo rural tem sofrido muito com o confinamento". Ele analisa quatro áreas que sofreram em resultado da pandemia: circuitos comerciais, circuitos produtivos, rendimentos domésticos e a situação do sistema educativo durante este período de um ano e meio.

No caso dos circuitos comerciais, as autoridades marroquinas decidiram, entre Março e Julho de 2020, encerrar os souks (mercados) no campo. Isto teve um impacto na vida quotidiana e nos rendimentos dos agricultores. Devido a estes encerramentos, os agricultores e criadores foram apanhados por intermediários. "Eles vieram até nós para comprar gado a metade do preço, especialmente neste ano de seca, e nós não tivemos escolha durante o confinamento", diz Aziz, um pequeno criador da região de Ouled Ziane.

"As limitações às actividades de transporte e o encerramento das fronteiras tornaram a comercialização de produtos agrícolas muito problemática", observa Mahdi. Este professor da Escola Nacional de Agricultura de Meknes dá o exemplo da comercialização de melancia no Vale de Drâa, onde os produtores estavam sob o jugo de especuladores. A falta de canais de comercialização penalizou os agricultores.

A segunda observação diz respeito à situação do emprego rural. "O confinamento pôs fim à mobilidade da população rural para pequenas cidades e centros próximos, onde poderiam ser contratados como trabalhadores agrícolas", observa Mahdi. Isto é confirmado pelo sindicato dos trabalhadores agrícolas. Mais de 3.000 trabalhadores agrícolas perderam os seus empregos porque já não podiam circular entre as suas cidades de residência e os campos agrícolas durante o confinamento. "Estes trabalhadores nunca receberam qualquer compensação por perda de emprego", lamenta com amargura Boulberj da FNSA.

A terceira consequência do Covid-19 foi o regresso dos trabalhadores migrantes às suas aldeias de origem. Isto resultou numa diminuição do rendimento das famílias. "As famílias foram privadas das transferências que recebiam de membros da família que viviam nas cidades", continua Mahdi. O regresso caótico dos trabalhadores das cidades na altura de Eid El-Kebir (Festa do Sacrifício) em Julho de 2020 contribuiu para o aumento da taxa de contágio em algumas áreas. Este ano, a população rural teme o regresso dos seus familiares no próximo mês de Julho, mas não pode dar-se ao luxo de perder esta festa económica e simbolicamente importante.

Finalmente, o sistema educativo nas zonas rurais tem sofrido muito com o confinamento e a utilização do ensino à distância em áreas com poucos recursos. "A escolarização das crianças nas escolas rurais continua a ser o principal problema. Sem uma rede Internet, um smartphone ou mesmo o dinheiro para pagar uma recarga da Internet, a grande maioria das crianças não tem conseguido seguir as lições", diz Mahdi.

E conclui: "Durante a crise sanitária, a fragilidade e a vulnerabilidade aumentaram bastante e tornaram-se mais visíveis. Perante estas dificuldades, a população rural cai muito rapidamente da precariedade para a pobreza".


Salaheddine Lemaizi

Jornalista freelancer, residente em Casablanca. Recebeu o Grande Prémio de Imprensa Nacional em 2011 e o primeiro prémio de jornalismo de investigação da Associação Marroquina de Jornalismo de Investigação e Free Press unlimited em 2012.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicados militares nºs 221 e 222

 


Os comunicados nºs. 221 e 222 distribuídos ontem e hoje pelo Ministério da Defesa da RASD assinalam as posições marroquinas atacadas pelas unidades avançadas do ELPS nas últimas 48 horas.

 

Comunicado nº. 221

Sábado, pela noite, 19 de junho

01. - Intensos bombardeamentos dirigidos contra as forças de ocupação na zona de Steilat Ould Bougerin, setor de Auserd (sul do SO).


Domingo, 20 de junho

02. - Bombardeios intensos contra as forças ocupantes na zona de Udey Charark no setor de Farsia (norte do SO).

03. - Bombardeamento alvejando as trincheiras das forças marroquinas na área de Udey Al-Dhamran no setor de Mahbes (nordeste do SO).

04. - Violentos bombardeamentos sobre forças ocupantes na zona de Sabjat Tanushad no setor de Mahbes (nordeste do SO).

 

Comunicado nº. 222

Domingo, pela noite, 20 de junho

01. - Bombardeadas forças de ocupação na zona de Bankarat no setor de Smara (norte do SO).

 

Segunda-feira, 21 de junho

02. - Forte fogo de artilharia contra um ponto de alerta das forças de ocupação no setor de Guelta (centro do SO).

03. - Intensos bombardeamentos contra um ponto de apoio logístico das forças de ocupação no norte da região de Guelta (centro do SO).

04. - concentração de bombardeamentos contra as forças marroquinas entrincheiradas na la região de Udey Al Zayat no setor de Farsia (norte do SO).

05. - Bombardeamentos em cadeia contra as forças marroquinas estacionadas na zona de Rus Bin Amira, setor de Farsia (norte do SO).

06. - Fuertes bombardeamentos sobre as forças marroquinas na zona de Domus no setor de Bagari (centro do SO).

07. - Fogo de artilharia pesada devasta as trincheiras das forças ocupantes na zona de Güerat Ould Balal no setor de Mahbes (nordeste do SO).

08. - Intensos bombardeios sobre a zona de Laagad, de novo no setor de Mahbes (nordeste do SO).

ECS/SPS

 

Mohamed Lamine Haddi: Ativista saharaui continua incomunicável - Campanha da Amnistia Internacional

 


A Amnesty International lançou uma campanha, que se prolonga até 6 de Agosto, em defesa do preso político saharaui do Grupo de Gdeim Izik: Mohamed Lamine Haddi. Entre as iniciativas o pedido de subscrição de uma carta ao primeiro-ministro marroquino.

 

Nem a família nem a advogada de Mohamed Lamine Haddi, activista saharaui encarcerado, têm notícias dele desde 9 de Abril, quando telefonou a ambos para lhes dizer que as autoridades prisionais o tinham ameaçado de o levar para a solitária (uma pequena cela semelhante a uma gaiola) se a sua família não deixasse de pedir publicamente a sua libertação.

Mohamed Lamine Haddi foi condenado a 25 anos de prisão no julgamento coletivo dos militantes de "Gdeim Izik" (primeiro num tribunal militar, depois num civil) e está detido na prisão Tiflet II de Rabat. A sua saúde deteriorou-se tendo em conta que para além do período em que esteve na solitária desencadeou uma longa greve de fome de 69 dias em protesto contra as condições de detenção a que tem estado sujeito.

A Amnistia Internacional lançou uma campanha em sua defesa, propondo o envio de cartas ao primeiro-ministro marroquino.

 

 

Amnesty International: O percurso de Mohamed Lamine Haddi

Mohamed Lamine Haddi é um activista saharaui que, em 2010, participou no acampamento de protesto de Gdeim Izik contra as condições socioeconómicas do povo saharaui. Foi preso em Novembro de 2010, nos confrontos violentos que se seguiram ao desmantelamento do campo. Em 2013, foi condenado a 25 anos de prisão, sob a acusação de envolvimento e cumplicidade com uma "organização criminosa" e participação em actos de violência contra as forças públicas causando mortes intencionais, ao abrigo dos artigos 293, 129 e 267 do Código Penal marroquino. O tribunal militar que o julgou e a outros saharauis não investigaram as suas alegações de terem sido forçados a assinar confissões sob tortura. Um tribunal civil confirmou a sua condenação em 2017 com base em declarações que alegou ter feito sob tortura.

Segundo a sua advogada, durante o seu primeiro ano na prisão Tiflet II, só lhe foi permitido sair da sua cela uma vez por dia e apenas durante 15 minutos. Desde então, ele só pode estar fora da sua cela por um máximo de uma hora por dia. No Inverno, não está autorizado a tomar duches quentes, como outros reclusos, e a 14 de Dezembro de 2020, o director da prisão ordenou o confisco dos seus pertences pessoais. Desde que se encontra em Tiflet II, Mohamed Lamine Haddi foi proibido de receber a sua advogada, e em Março de 2020 as visitas da família foram também proibidas. O contexto da COVID-19 não justifica a proibição de visitas familiares por tanto tempo. A 16 de Janeiro de 2021, a sua advogada escreveu ao Procurador Real e ao Director da Prisão Tiflet II solicitando uma investigação sobre as suas condições de detenção. Nenhuma das duas entidades respondeu. Antes de entrar em greve da fome, Mohamed Lamine Haddi disse à sua advogadA que preferia morrer a suportar as condições em Tiflet II, uma prisão a 1.227 km da sua casa de família em El Ayoun, no Sahara Ocidental.

Mohamed Lamine Haddi iniciou a sua greve de fome a 17 de Janeiro de 2021. Desde 22 de Fevereiro de 2021, está proibido de fazer chamadas telefónicas semanais de 15 minutos para a sua família. A 13 de Março de 2021, a família afirmou, numa declaração, que desconhecia o seu destino. A 23 de Março, Mohamed Lamine Haddi foi autorizado a fazer uma chamada telefónica de um minuto e meio à sua mãe para lhe dizer que as autoridades prisionais o estavam a alimentar à força. A sua mãe disse à Amnistia Internacional que a A voz do filho parecia muito fraca e que ele mal conseguia falar. Mohamed Lamine Haddi disse-lhe que o seu lado esquerdo estava parcialmente paralisado. A 25 de Março foi autorizado a telefonar novamente à mãe para lhe dizer que tinha sido temporariamente transferido para a prisão de Kenitra para prestar os seus exames universitários. A transferência foi feita sem notificação prévia a ele ou à sua família. Mohamed Lamine Haddi disse à família que ainda sofre de paralisia parcial, bem como de perda de memória e dor na mão esquerda. As autoridades prisionais continuam a negar-lhe o acesso a um médico. Em 2017, as autoridades seguiram o mesmo procedimento com o ativista saharaui Abdeljalil Laaroussi detido, cujo advogado disse à Amnistia Internacional que, para ocultar o seu estado de saúde, as autoridades transferiram Laaroussi para a prisão de Bouzarkene para fazer os exames universitários e obrigá-lo a tirar a sua fotografia.

Dois outros ativistas de Gdeim Izik presos, Sidi Abdallah Abbahah e Bachir Khadda, estão também detidos em prisão solitária em Tiflet II, a 1.227 quilómetros das suas famílias, que vivem em El Ayoun. Segundo o seu advogado, são vítimas de tortura psicológica, assédio e maus-tratos. São mantidos em celas de cerca de 5 metros quadrados durante pelo menos 23 horas por dia. Sidi Abdallah Abbahah disse ao seu advogado que os guardas prisionais e o diretor da prisão os insultam frequentemente e ameaçam torturá-los, matá-los e privá-los do seu direito de tomar banho. Desde 2017, têm realizado várias greves de fome para protestar contra o confinamento solitário prolongado e os maus tratos.

As normas internacionais de direitos humanos, em particular as Regras Mínimas da ONU para o Tratamento de Prisioneiros, definem o confinamento solitário como passando mais de 22 horas por dia sem contacto humano significativo. Prevêem que o confinamento solitário prolongado - por mais de 15 dias de cada vez - constitui um tratamento cruel, desumano ou degradante.

De acordo com a lei das prisões marroquinas, o isolamento é uma medida excepcional, imposta apenas para a segurança e proteção dos prisioneiros. O Código Penal marroquino também criminaliza a tortura.

O Sahara Ocidental é objeto de disputa territorial entre Marrocos, que anexou o território em 1957 e reclama a soberania sobre o mesmo, e a Frente Polisario, que reclama um Estado independente. Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais difícil o acesso dos observadores externos ao Sahara Ocidental, uma vez que a situação dos direitos humanos tem continuado a deteriorar-se. O Conselho de Segurança da ONU fez ouvidos de mercador aos apelos da Amnistia Internacional e a outras organizações para outorgar uma componente de direitos humanos à Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), o que lhe permitiria observar e relatar as violações dos direitos humanos.

 

CARTA MODELO AO PRIMEIRO-MINISTRO MARROQUINO (em Espanhol)

Jefe del gobierno de Marruecos

Head of Government of the Kingdom of Morocco

Mr. Saad Eddine el Othmani

Palais Royal Touarga

Rabat, Marruecos

Fax: +212537771010

Twitter: @ChefGov_ma / @Elotmanisaad

Excelencia:

Le escribo para expresar la honda preocupación que me causa la detención en régimen de incomunicación del activista saharaui Mohamed Lamine Haddi, que se halla recluido en la prisión de Tiflet II de Rabat, Marruecos.

NI el abogado ni la familia de Mohamed Lamine Haddi han tenido noticias de él desde el 9 de abril, cuando los llamó para informarlos de que el director de la prisión de Tiflet II lo había amenazado con trasladarlo a una celda pequeña, tipo mazmorra, si su familia seguía haciendo público su caso. Según su abogado, las autoridades de la cárcel habían mantenido recluido a Mohamed Lamine Haddi en una celda de esas características en 2018 a modo de castigo. Su abogado describió la celda como una estancia pequeña, de 2 m², sin ventana, grifo ni retrete. Se la conoce con el nombre de “celda de castigo” o “ataúd”, porque tiene ese tamaño. Desde el 9 de abril, su familia llamó al fiscal real y al director de la prisión de Tiflet II varias veces, sin recibir respuesta.

El abogado de Mohamed Lamine Haddi y su familia llamaron a la prisión por separado el 1 de junio y les colgaron el teléfono cuando oyeron mencionar el nombre de Mohamed Lamine Haddi.

La salud de Mohamed Lamine Haddi se ha deteriorado desde que se mantuvo en huelga de hambre durante 69 días en enero para pedir que dejaran de maltratarlo. El 23 de marzo, dijo a su familia que los guardias de la prisión acabaron con su huelga de hambre obligándolo a comer a la fuerza, que no había recibido ninguna atención médica durante su huelga de hambre y que estaba sufriendo una parálisis parcial, temblores, pérdida de memoria y dolor severo. Su abogado teme que la falta de noticias desde abril indique que su salud haya empeorado. Desde el 17 de septiembre de 2017, las autoridades mantienen a Mohamed Lamine Haddi y a otros activistas de Gdeim Izik recluidos en régimen de aislamiento en la prisión de Tiflet II. Mohamed Lamine Haddi permanece solo en su celda, sin contacto con otros reclusos, durante al menos 23 horas diarias. Las visitas familiares a las prisiones han estado prohibidas desde marzo de 2020 debido a las restricciones asociadas a la COVID-19.

En vista de lo antedicho, lo insto a poner fin a la reclusión en régimen de aislamiento de Mohamed Lamine Haddi, permitirle de inmediato el acceso a los servicios médicos necesarios y garantizar que sus condiciones de reclusión cumplen las normas internacionales. Lo insto también a garantizar que tiene acceso periódico a su familia y a representación letrada y a que, de acuerdo con las Reglas Mandela —que disponen en la regla 59 que las personas presas deben ser asignadas, en la medida de lo posible, a prisiones próximas a sus hogares—, tanto él como los demás activistas de Gdeim Izik sean trasladados a El Aaiún, para que estén más cerca de sus familias. Por último, lo insto a que Mohamed Lamine Haddi y los demás detenidos de Gdeim Izik sean sometidos a un nuevo juicio que sea justo y con arreglo a las normas internacionales.

Atentamente,