Segundo a Rede de Informação RASD News, “a grande ativista dos
direitos humanos Aminatou Haidar”, denominada muitas vezes como a "Gandhi
Saharaui" foi agredida esta tarde por efetivos das forças policiais
marroquinas, nas redondezas da Sede da MINURSO (Missão das Nações Unidas para o
Referendo no Sahara Ocidental), quando conduzia o seu automóvel.
Espaço de informação e debate promovido pela Associação de Amizade Portugal - Sahara Ocidental.
Pelo direito à autodeterminação do povo Saharauí.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Ross chega ao Sahara Ocidental
Fontes da Rede Maizirat informaram esta tarde a partir do aeroporto
de El Aaiún nos territórios ocupados do Sahara Ocidental que o Representante Pessoal
do Secretário-geral da ONU para o SO, Christopher Ross, acompanhado pela sua delegação,
tinha chegado esta tarde à cidade ocupada de El Aaiún, capital do Sahara Ocidental,
num avião privado pertencente à MINURSO.
Christopher Ross a foi recebido à sua chegado pelo Representante
Especial do Secretário-geral da ONU no Sahara Ocidental, o diplomata alemão Wolfgang
Weber Spreud, além do representante da autoridade de ocupação para El Aaiun-Bojador
e Saguia El Hamra, termo usado pelas autoridades de ocupação marroquinas para o
território.
Fontes da Maizirat referem que não se dava pela presença de chiuj
(anciões tribais) nem de colonos marroquinos que a administração teria preparado
para esta visita.
A delegação liderada
pelo Representante Pessoal do SG da ONU deslocou-se para a sua residência em veículos
Toyota pertencentes às forças da "MINURSO
e com matrículas das Nações Unidas”.
Segundo a Rede de Informação Radio Maizirat várias forças da
polícia marroquina vestidos à paisana deslocaram-se para as cercanias do Hotel Parador
e para as proximidades do quartel-geral da Missão da ONU, MINURSO, onde se
podiam observar carros dos serviços de segurança marroquinos distribuindo comida
aos seus agentes espalhados em toda a cidade.
Segundo as mesmas fontes, também se podiam ver vários veículos
patrulhas da MINURSO distribuindo as suas unidades em alguns lugares da cidade,
em especial na baixa de El Aaiún.
Enquanto isso, em todos os bairros da cidade onde a
população autóctone é saharaui, era
possível observar várias dezenas de veículos da polícia e das forças especiais cercando
esses núcleos habitacionais, intimidando a sua população com o fito de evitar manifestações
incontroláveis de saharauis.
Polisario pede a Espanha que apoie manifestações saharauis convocadas para El Aaiún
A Frente Polisario pediu hoje ao Governo de Espanha que apoie
as manifestações convocadas em El Aaiún como motivo da visita do Enviado Pessoal
do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, e que, na opinião do
movimento saharaui, Marrocos procura evitar.
Quem o refere é delegado da Frente Polisario em Tenerife
(Ilhas Canárias), Hamdi Mansour, que afirmou em declarações à EFE que, por motivo
da visita de Christopher Ross, as autoridades marroquinas levam já três dias a concentrar
forças de segurança nas ruas de El Aaiún "deslocando-as de todas partes de
Marrocos e do sul do muro defensivo no Sahara".
Hamdi Mansour sublinha que, desta forma, se pretende evitar uma
manifestação pacífica da população civil saharaui nas ruas de El Aaiún ante a presença
de Christopher Cross, que reivindique "unanimemente" o seu direitos à
autodeterminação e a aplicação do plano de resolução baseado neste princípio.
A Frente Polisario expressou a "sua preocupação e
inquietude" por esta concentração de forças marroquinas, e nesse sentido fez
um apelo às Nações Unidas e governos europeus, "especificamente" ao
governo espanhol, para que não apoie "este desvio" de Marrocos e
"se ponha do lado destas manifestações pacíficas" do povo saharaui.
EFE
"Wilaya", um filme sobre a diáspora saharaui
A película
revela-nos como é a vida ali, através de Fatimetu, uma saharaui de origem
espanhola que é forçada a voltar aos campos após a morte de sua mãe. Fatimetu acaba
por encontrar o "amor" de Said. Mas, acima de tudo, reencontra a sua
irmã Hayat, um exemplo de superação que nos mostra como, se quisermos, podemos ultrapassar
as adversidades mesmo em condições muito difíceis. O filme é quase uma metáfora
sobre o que está acontecendo nos acampamentos onde parece que se instalou a ideia
de que já nada se pode fazer e que é melhor viver deixando-nos levar pelas
circunstâncias.
Frente Polisario pede a Ban Ki-Moon proteção para a população saharaui
Mohamed Abdelaziz, Presidente da RASD e Secretário-geral da
Frente Polisario, pediu ontem ao Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki
Moon, que intervenha para a proteção dos civis saharauis face ao incremento do assédio policial e
militar imposto pelas autoridades de ocupação marroquinas em vésperas da visita
do Enviado Pessoal da ONU ao Sahara Ocidental.
"Pedimos a sua imediata intervenção para evitar qualquer
ato brutal contra os pacíficos civis saharauis, num território que está sob a responsabilidade
direta da ONU", escreveu Abdelaziz na sua carta a BanKi-Moon.
"O aumento das forças de segurança tem por objetivo
prevenir e dissuadir qualquer intento por parte dos cidadãos saharauis de se manifestarem
pacificamente e expressar durante a visita de Christopher Ross as suas
legítimas reivindicações de liberdade em independência", afirma o SG da F.
Polisario.
SPS
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Primeira visita ao Sahara Ocidental de um Enviado da ONU
Será a primeira vez que um enviado da ONU visita El Aaiún. Ross
visitou os acampamentos de refugiados saharauis em Tindouf (Argélia), tal como
os seus antecessores, o holandês Peter Van Walsum e o norte-americano James
Baker, mas nunca esteve no Sahara, nem na zona controlada por Marrocos, onde se
localiza El Aaiún, nem na zona controlada pela Polisario.
Ross não tornou público o programa da sua viagem à ex-colónia,
mas segundo as fontes consultadas, é quase seguro que mantenha contactos tanto
com as autoridades marroquinas como com responsáveis de organizações de direitos
humanos saharauis.
A Frente Polisario mostrou a sua satisfação com facto de Ross
poder recolher informação em primeira mão sobre o terreno e considera isso uma vitória
depois de Rabat ter tentado vetá-lo no passado mês de maio. Os independentistas
entendem, em todo o caso, que as autoridades marroquinas tratarão de controlar a
agenda do enviado mas que os ativistas saharauis também conseguirão arranjar
formas de lhe expressar as suas inquietações. Nenhuma das fontes consultadas afirma
entender uma visita a El Aaiún de Ross sem que ele mantenha contatos com os ativistas
saharauis.
Além de lhe expressarem o seu direito a que seja concluído processo
de autodeterminação, paralisado desde o tempo da presença espanhola, essas inquietações
centrar-se-ão, em particular, em torno da situação dos direitos humanos, que a
própria ONU reconhece a violação sob a autoridade marroquina.
Em qualquer caso, a MINURSO (a Missão da ONU para o
Referendo no Sahara Ocidental deslocada desde 1991 no território), não inclui
entre as suas atribuições o monitoramento dos direitos humanos. Esta é a grande
reivindicação que vêm fazendo há vários anos os saharauis num conflito considerado
de baixa intensidade, em que a vigilância do cessar-fogo que a MINURSO tem como
função é vista hoje pelos saharauis como uma tarefa ineficaz face aos numerosos
distúrbios que ocorrem diariamente e que não são considerados um quebrar do
cessar-fogo.
Um claro exemplo disso foram os dramáticos acontecimentos vividos
em El Aaiún e nos seus arredores em 2010, os mais graves ocorridos em décadas. O
desalojamento pelas Forças de Segurança de Rabat de um acampamento de protesto com
dezenas de milhares de saharauis acabou com a morte de 13 pessoas, dez das
quais eram agentes marroquinos. De igual modo, a ONU considerou que não tinha mandato
para atuar durante os meses da denominada Intifada Saharaui em 2005.
A ex-colónia espanhola foi ocupada por Marrocos com a Marcha
Verde de 1975 ainda que as últimas autoridades espanholas só tenham abandonado
o território em fevereiro de 1976. Quase quatro décadas depois as ruas de El
Aaiún, a capital do território, continuam a ser com frequência cenário de
distúrbios entre a população local e as Forças de Segurança do reino alauita.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Deslocação de forças auxiliares e militares de ocupação em vésperas da visita de Christopher Ross
Segundo a Rede de Informação Maizirat, hoje, segunda-feira, 29
de outubro, fortes unidades das forças de segurança e várias unidades militares
marroquinas deram entrada na cidade de El Aaiún, capital administrativa do
Sahara Ocidental. Segundo aquela fonte, 30 veículos das forças de polícia e auxiliares,
além de quatro grandes camiões de transporte de tropas e dois autocarros
carregados de agentes de segurança privada deram entrada na cidade pelo controlo
norte.
Estes reforços militares e policiais marroquinos são mobilizados
num momento em que a opinião pública e
os saharauis na zona ocupada do território aguardam de um momento para o outro
a visita do Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross. Visita esta que se espera e antevê com grande interesse
e que, claramente, está a enervar as autoridades de ocupação marroquinas. Até
ao momento, a visita de Ross é mantida no maior secretismo e ninguém deu ainda
a conhecer qual o programa do enviado da ONU aos territórios saharauis.
Fonte: Rede Informação Radio Maizirat/ Poemario por um Sahara Libre
Christopher Ross reúne com o Rei de Marrocos
Mohamed VI apostou tudo no afastamento de Ross, mas perdeu... |
O Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental,
Christopher Ross, reuniu-se esta segunda-feira no Palácio Real de Rabat com o
rei marroquino, Mohamed VI, no âmbito da sua viagem de trabalho à região, que teve
início sábado.
Esta visita, que diversas fontes acreditavam que não se realizaria, acabou por
ocorrer, depois da polémica do passado mês
de maio, quando Marrocos anunciou que retirava a sua "confiança" a
Ross, a quem acusou de manter uma postura "desequilibrada" e
"parcial" sobre o conflito
Enviado da ONU para o Sahara Ocidental convoca personalidades independentes marroquinas e vai a El Aaiún
Saadedín al Otmani, ministro dos NE de Marrocos, e Mohand
Laenser, ministro do Interior, duas das personalidades com quem Ross se reuniu em
Rabat.
O Enviado Pessoal do Secretário-geral da ONU para o Sahara Ocidental,
o norte-americano Christopher Ross, estabeleceu contactos com personalidades da
sociedade civil nas suas primeiras reuniões de trabalho em Marrocos, confirmou
hoje à Efe um dos seus interlocutores.
Ross convocou ontem a título individual sete personalidades
marroquinas independentes com diversos pontos de vista, desde as favoráveis à
autodeterminação saharaui às mais claramente partidários da soberania marroquina
sobre o território.
Segundo afirmaram à Efe fontes presentes na reunião, que se
prolongou por três horas e teve lugar numa casa particular, Ross comunicou-lhes
que pensa fazer o mesmo (convocar interlocutores independentes) em El Aaiún,
capital administrativa do Sahara Ocidental, e em Tindouf, onde o movimento independentista
Frente Polisario tem o seu quartel-general.
Ross explicou que o seu papel se limita a "aproximar posições"
e encorajar o diálogo político, sem favorecer qualquer tese, embora as
diferenças entre Marrocos e a Frente Polisário sejam tão profundas que não
deixam muito espaço para otimismo.
Fontes ligadas ao movimento de defesa dos direitos humanos
em El Aaiún disseram à Agência Efe que esperam que Ross chegue à cidade entre
terça e quarta-feira — embora não se conheça com exatidão a sua agenda… — e que
pensam realizar manifestações para exigir o direito à auto-determinação,
acrescentando que as forças de segurança marroquinas estão a fortalecer a sua
presença na cidade.
Hoje, Ross reuniu-se com o ministro de marroquino dos
Negócios Estrangeiros, Saadedín al Otmani, e com o ministro do Interior, Mohand
Laenser, segundo imagens mostradas pela cadeia de televisão 2M, mas não foi
divulgada a menor informação sobre o conteúdo das reuniões.
EFE
Delegação da Frente Polisario no Congresso do Partido Socialista Francês
Uma delegação da Frente Polisario esteve presente no Congresso
do PSF, que decorreu na Cidade de Toulouse de 26 a 28 de outubro.
À margem do Congresso a delegação saharaui manteve reuniões
com os dirigentes do Partido Socialista Francês e com alguns representantes de
delegações participantes no evento. A delegação saharaui informou os seus
interlocutores sobre as últimas acontecimentos relacionados com a causa
saharaui, em particular sobre a situação
prevalecente nos territórios ocupados e
os esforços do SG da ONU e do seu Enviado
Pessoal, além das perspetivas de cooperação
e solidariedade com o povo saharaui.
A delegação da Polisario
integrava o membro do Secretariado Nacional da Frente Polisario e
Ministro delegado para Europa, Mohamed
Sidati, e o Representante da Polisario em França Omar Mansour
(SPS)
António Guterres (ACNUR) elogia avanços alcançados no programa de medidas de confiança
Nova Iorque – SPS - O Alto Comissariado da ONU para os
Refugiados (ACNUR), António Guterrres, expressou satisfação pelos avanços
alcançados no programa de medidas de confiança, patrocinado há anos pelas
Nações Unidas.
No seu relatório anual apresentado à Assembleia Geral, o
Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, destacou os esforços que estão
sendo feitos pelo ACNUR para proteger e ajudar os refugiados saharauis.
António Guterres disse que mais de 42.600 saharauis estão
atualmente registados no programa de construção de confiança nos acampamentos
de refugiados saharauis e territórios ocupados do Sahara Ocidental, que visa
reunir famílias saharauis separadas há 37 anos.
O Comissariado manteve reuniões de alto nível com as partes
interessadas no conflito do Sahara Ocidental— Marrocos e a Frente Polisário —,
em Genebra, e na presença dos países observadores, com o objetivo de reforçar a
coordenação e a cooperação em termos de implementação do Programa de Medidas de
Confiança.
António Guterres indicou que cerca de 12.300 saharauis foram
já beneficiados com o Programa e informou que, além disso, foi mobilizado recentemente
um avião destinado à deslocação de mais pessoas.
ACNUR organizou dois seminários culturais em Portugal, que
reuniu um grupo de saharauis dos campos de refugiados e dos territórios
ocupados do Sahara Ocidental.
Em setembro passado Guterres agradeceu a cooperação
construtiva da POLISARIO e confirmando, no final de uma reunião realizada em
Genebra, o seu pleno compromisso para empreender todos os esforços possíveis
para apoiar os refugiados saharauis, bem como encorajar os países doadores a prestar
atenção às suas condições e fornecer mais ajuda humanitária para eles.
27 outubro 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental inicia visita à região
Christopher Ross, o Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara
Ocidental, iniciou este sábado a sua visita
de trabalho ao norte de África e Europa
para "acelerar os progressos" que conduzam a uma solução política
que tenha em conta a livre determinação do povo saharaui.
Ross chegou a Marrocos este fim-de-semana numa visita que o levará
à região e que durará vários dias.
Christopher Ross, que foi ratificado pela ONU como Enviado Pessoal
de Ban-Ki Moon para o Sahara Ocidental, apresentará um relatório ao Conselho de
Segurança depois de finalizado o seu périplo pelo Norte de África e alguns
países da Europa a 15 de novembro.
A visita de Ross tem lugar dias depois da Comissão de Descolonização
da ONU ter adotado uma resolução que confirmou o seu compromisso com o direito
do povo saharaui à livre determinação
A resolução aprovada pela Assembleia Geral reitera o apoio
da ONU ao processo de negociações em curso tendo em vista "uma solução política
justa, duradoura e mutuamente aceitável que conduza à livre determinação do povo
do Sahara Ocidental, e nesse sentido o Comité de Descolonização elogiou os esforços
do Secretário-Geral da ONU e do seu Enviado Pessoal nesse desígnio.
SPS
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Sahara Ocidental: duas propostas de solução
O Enviado Pessoal do Secretário-geral da ONU para o Sahara
Ocidental, Christopher Ross, passará provavelmente por Madrid a 27 de outubro nesta
sua viagem pela região, cujo propósito é, segundo informação das próprias
Nações Unidas, “intercambiar pontos de vista com atores-chave sobre a maneira
de acelerar o processo em direção ao seu objetivo central identificado por
sucessivas resoluções do Conselho de Segurança, que é uma solução política
mutuamente aceite que permita a autodeterminação do povo do Sahara Ocidental”.
Ross deveria ter realizado esta viagem em maio passado, se
não fosse a curiosa e surpreendente decisão marroquina de pôr fim à cooperação
com ele. Ross regressa ao terreno com a missão de “acelerar o processo em
direção ao seu objetivo último”. Isso requererá reexaminar, por um lado, as
causas que conduziram ao impasse atual e, por outro, a consistência das
diferentes propostas de solução que existem atualmente sobre a mesa do Conselho
de Segurança.
Ahmed Bukhari |
O processo atual que Ross conduz em nome da ONU, na realidade, não parte do ano 2007, em Manhasset, mas sim de 1979. Nesse ano, a Resolução 3437 (1979) da Assembleia Geral insta Marrocos a “pôr fim à sua ocupação militar do Sahara Ocidental e a negociar com a Frente Polisario, na qualidade de legítimo representante do povo saharaui, os termos de um cessar-fogo e as modalidades de um referendo de autodeterminação”.
A OUA tentou ir por esta via e, ao confrontar-se, em 1983, com a negativa marroquina, tomou a decisão de admitir a República Árabe Saharaui Democrática (RASD) como membro de pleno direito. Marrocos, enfadado, retirou-se da Organização e o enfado dura até hoje. Em 1991, a persistência da ONU e da OUA e o resultado de 16 anos de guerra lograram convencer Marrocos a aceitar a organização de um referendo de autodeterminação em que o povo saharaui possa escolher entre a integração em Marrocos ou a independência.
A MINURSO desembarca no
território para organizar o referendo em fevereiro de 1992
O resto
é sabido. Rabat, em finais de 1998, chega à conclusão de que o referendo
conduz inevitavelmente à independência do Sahara Ocidental e toma a decisão de o
escamotear.
Após rejeitar o Plano Baker, Rabat comunica em abril de 2004
ao Secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que se oporá a todo o plano de paz que
inclua a opção da independência do Sahara Ocidental com o argumento de que a
independência “põe em causa a soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental”.
Kofi Annan responde no seu relatório de outubro de 2004 que a “opção da
independência já havia sido aceite por Marrocos no Plano de Resolução”. Há
apenas duas semanas, o relatório do Departamento de Estado norte-americano ao Congresso
sublinhava que “Marrocos reivindica a soberania sobre o Sahara Ocidental, posição
que não é aceite pela comunidade internacional”. O relatório vai ainda mais
longe quando enfatiza que “Marrocos não é considerado pela ONU a potência
administrante de jure do território”.
Na realidade quem possui esse estatuto é Espanha, embora continue a fugir a
esta verdade.
Em junho de 2007, animado por alguns sectores da Administração
Bush, pelo próprio Chirac, Zapatero e, mais tarde, por Sarkozy, Marrocos apresenta
ao Secretário-geral a sua famosa proposta de “autonomia”, que é imediatamente contestada
pela proposta da Frente Polisario. O Conselho de Segurança acolhe as duas propostas
sem qualificar nenhuma delas de “séria ou credível”, como Marrocos o quer fazer
crer. Para isso basta ler o texto da Resolução 1754 (2007). Tendo por pano de
fundo estes desenvolvimentos, iniciamos o processo de Manhasset, em junho de
2007.
A “terceira via” que Rabat propôs é, na realidade, uma
solução unilateral destinada a legitimar um “despojo de guerra”. O seu pecado
capital radica na presunção irrealista de que a comunidade internacional e a Frente
Polisario aceitariam em princípio a sua premissa essencial, ou seja, a soberania
marroquina proclamada unilateralmente sobre o Sahara Ocidental.
Para Rabat, a autodeterminação é algo secundário, supérfluo,
e sua função é a de "confirmar um acordo", que deve incidir
unicamente sobre a incorporação do território em Marrocos, e esta deve ser a
única finalidade da negociação.
Marrocos continua longe
da realidade, do senso comum e da legalidade internacional
A proposta saharaui difere da marroquina na medida em que deixa
aberta a possibilidade a todas as opções reconhecidas pela ONU para um problema
de descolonização e, por conseguinte, a todas as soluções, como a independência
e a autonomia ou a integração, que, neste caso, é o mesmo cão com diferente
coleira...
Consequentemente, aos olhos da Frente Polisario, a negociação
deve situar o centro de gravidade na consulta ao povo saharaui e a sua finalidade
reside em remover os obstáculos no caminho do referendo de autodeterminação.
Esta visão foi revalidada pelo próprio secretário-geral da
ONU no seu relatório de abril de 2011, ao enfatizar que “conhecer a opinião do
povo saharaui é o elemento central na procura de toda e qualquer solução justa e
duradoura”.
O ponto inovador que incorpora a proposta da Frente
Polisario é o convite a Marrocos de ampliar o horizonte que temos pela frente e
aproveitar o processo para visualizar os termos reciprocamente ventajosos nas
duas alternativas — independência ou autonomia— que entrariam em vigor no dia seguinte aos resultados
do referendo. Marrocos continua a voltar as costas a este convite.
Passaram cinco anos desde o início do processo de Manhasset e
forçoso é constatar que ele não leva a lado nenhum, pela simples razão de que a
proposta marroquina, tal como é e está articulada, mina os fundamentos e a razão
de ser de um processo de autodeterminação relativo a um conflito de descolonização.
Enquanto isso, Marrocos quer aparecer como bombeiro voluntário para “apagar
fogos” longínquos, sejam eles no Sahel ou no Próximo Oriente. A estratégia
evasiva é evidente. Alguns podem estar empurrando o jovem rei para essas
latitudes em troca de "promessas". Seja como for, encorajado por alguns, dentro
ou fora, Marrocos continua a orbitar longe da realidade, do senso comum e do direito
internacional.
Em última análise, não fazem nenhum bem nem a Marrocos nem à
região. Essa órbita e o seu corolário em matéria de violação dos direitos humanos
— "uma questão de séria preocupação" até para o Departamento de
Estado dos EUA, e a pilhagem de recursos de um povo indefeso só pode agravar a
tensão, afastar ainda mais e mais saharauis e marroquinos e complicar a missão
de Ross.
Enviado Pessoal do SG da ONU para Sahara chega a Marrocos este fim-de-semana
Christopher Ross, um mediador que o rei Mohamed VI de Marrocos teme e quis ver afastado... |
O Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, o
norte-americano Christopher Ross, chega a Marrocos este fim-de-semana no âmbito
de um périplo pelo norte de África e Europa, que decorrerá de 27 de outubro a 15
de novembro.
Em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino
afirma que a visita de Ross a Marrocos "está relacionado com os esforços
desenvolvidos para relançar o processo político que procura encontrar uma solução
política definitiva e consensual" para este conflito do Sahara Ocidental.
O comunicado não dá detalhes sobre a agenda da visita de
Ross nem refere as personalidades marroquinas com quem se irá entrevistar, nem
tão pouco sobre se visitará El Aaiún, a capital administrativa do território
saharaui.
O diário "Al Tajdid", órgão do Partido islamita
Justiça e Desenvolvimento (PJD, que lidera o novo governo marroquino), refere
na sua edição de hoje que Ross "poderia não ser recebido" pelo rei
Mohamed VI, ainda que, contactados pela Efe, fontes do Gabinete Real e do ministério
dos Negócios Estrangeiros negaram ter informações e esse respeito.
Marrocos retirou no passado mês de maio a sua confiança a
Ross como mediador no contencioso saharaui ao considerar que não havia
conseguido "nenhum verdadeiro avanço” no processo de negociações o que levou
o Enviado Pessoal do SG da ONU a cancelar uma visita prevista à região nesse
mesmo mês.
No fim de agosto o secretario- geral da ONU, Ban Ki-moon,
acordou com o rei Mohamed VI a permanência no cargo do seu enviado pessoal"
para prosseguir as negociações e apoiar o trabalho de Ross e da sua equipa",
o que foi interpretado como que um ‘braço de ferro’ de Marrocos a Ban Ki-Moon e
que Rabat havia perdido.
EFE
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Mohamed Abdelaziz recebido pelo Presidente da Irlanda
O Presidente da RASD e Secretário-geral da Frente Polisario,
Mohamed Abdelaziz, foi recebido hoje de manhã, quarta-feira, pelo Presidente da
República de Irlanda, Micael D. Higgins.
.
O presidente D. Higgins ofereceu ao seu homólogo saharaui uma
cerimónia de boas-vindas em que expressou a sua alegria por ter uma delegação saharaui
na Irlanda.
Durante o encontro que manteve com o Presidente irlandês o
líder saharaui informou o seu interlocutor sobre os últimos acontecimentos da
causa saharaui, desde logo a situação dos Direitos Humanos nas zonas ocupadas
do Sahara Ocidental, e o adiamento pelo Governo marroquino julgamento em
tribunal militar dos presos de Gdem Izik.
O presidente saharaui é acompanhado na sua visita à Irlanda
por uma importante delegação integrada por Mohamed Sidati, ministro delegado na
União Europeia, Fátima Elmehdi, Secretária-geral da União Nacional das Mulheres
Saharauis, Abdati Braika, seu Assessor, Salek Sghayer, representante da
Polisario na Irlanda e o vice-representante Abhaida Fadli.
(SPS)
ONU: Marrocos utiliza técnicas de tortura
O jurista argentino Juan Mendez, relator da ONU contra a Tortura |
O relator especial das Nações Unidas para a tortura, Juan
Mendez, afirmou em declarações aos jornalistas que “há inúmeras provas da
utilização excessiva da força.
"Sempre que há uma questão envolvendo a segurança
nacional, há uma tendência para a utilização da tortura nos interrogatórios. É
difícil dizer se isso é muito comum ou sistemático, mas sucede com frequência,
pelo que o governo marroquino não a pode ignorar", frisou o responsável,
citado pela agência noticiosa francesa AFP.
As afirmações de Juan Mendez, fruto dos dados recolhidos
durante a visita, de uma semana, que efetuou a Marrocos e ao Sahara Ocidental
em Setembro, surgem numa altura em que o Conselho de Segurança da ONU debate se
a missão da ONU no Sahara Ocidental (MINURSO) deve dispor de um mandato para
investigar violações de direitos humanos.
Juan Mendez, que se deslocou a Marrocos a convite do governo
marroquino, país membro não permanente do Conselho de Segurança, afirmou ter
constatado sinais de mudança, contudo, insuficientes.
"Marrocos desenvolveu uma cultura de respeito pelos
direitos do Homem, o que constitui um bom ponto de partida com vista à
eliminação da tortura num futuro próximo. No entanto, o país está ainda longe
de poder afirmar que eliminou a tortura", frisou.
Lusa
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Adiado sine die o julgamento dos 24 saharauis presos de Gdeim Izik
O julgamento previsto para amanhã, 24 de outubro, no Tribunal
Militar de Rabat, dos 24 saharauis que permanecem em prisão preventiva em Marrocos
após a destruição pela força em 2010 do acampamento de Gdeim Izik (nas
cercanias de El Aaiún), foi adiado sem data precisa.
Segundo explicou à agência Efe, Hassan Duihi, membro da Associação
Saharaui de Vítimas dos Direitos Humanos (ASVDH), "o subprocurador entrou
em contacto com um dos advogados para lhe dizer que o julgamento foi adiado
para uma data indeterminada, porque há um novo processo que tem que analisar".
A maioria destes 24 saharauis (um deles está em liberdade
sob fiança por motivos de saúde) foram presos em novembro de 2010, nos dias seguintes
ao desmantelamento do acampamento de Gdeim Izik, no mais grave conflito no
Sahara Ocidental registado nos últimos 20 anos, de que resultou a morte de 13
pessoas, 11 das quais eram da polícia marroquina.
Diferentes associações têm criticado o facto de os
prisioneiros serem civis e, portanto, não poderem ser julgados por um tribunal
militar porque constitui um atentado a todas as normas de um julgamento justo.
Em entrevista recente à Efe, o diretor de investigação da Human
Rights Watch (HRW) no Norte da África, Eric Goldstein, considerou um
"abuso" que o julgamento não tenha ainda tido lugar.
"Acho abusivo que estas pessoas tenham passado dois
anos na prisão sem que o processo tenha ainda começado (...) é
irracional", disse Goldstein, que observou que a lei marroquina obriga que
a realização de um julgamento não exceda os 12 meses.
23-10-2012 / EFE
Nota: Os saharauis que se encontram desde há dois anos na Prisão
de Salé (Marrocos) à espera de julgamento — à exceção de Mohamed Al Ayoubi que
se encontra em liberdade provisória — são: Abdulahi Lakfawni; Abdullahi Toubali;
Ahmed Sbai; Babait Mohamed Juna; Brahim Ismaïli; Cheikh Banga; Deich Eddaf
(Daish Daf); El Ayoubi Mohamed (Mohamed Al Ayoubi); El Bachir Khadda; El
Houssin Ezzaoui; Enaama Asfari; Hassan Dah; Laaroussi Abdeljalil; Machdoufi
Ettaki (Taki Elmachdoufi); Mohamed Bani; Mohamed Bourial; Mohamed El Bachir
Boutinguiza; Mohamed Embarek Lefkir; Mohamed Lamin Haddi; Mohamed Tahili; Sid
Ahmed Lemjiyed; Sidi Abdallah B’hah; Sidi Abderahmane Zayou (Zayou Abdul
Rahman)
Forças de intervenção marroquinas reprimem manifestação pacífica em El Aaiún
Forças de repressão marroquinas intervieram 2ª feira na cidade
El Aaiun para dispersar uma manifestação pacífica organizada por cidadãos saharauis
frente à sede do Pacha marroquino (Governador).
Os cidadãos saharauis denunciavam a política de empobrecimento
e miséria que atinge a população saharaui quando a cidade é, pelos seus
recursos, considerada uma das mais ricas da região, sendo a sua riqueza pesqueira
submetida a uma exploração indiscriminada por parte do ocupante. Os
manifestantes gritaram palavras-de-ordem exigindo o termo da ocupação marroquina
e reclamaram o direito do povo saharaui a exercer o seu direito à livre
determinação.
As forças policiais e de segurança intervieram de pronto
logo que os manifestantes gritaram pelos seus direitos. Na intervenção participaram
também forças auxiliares que utilizaram pedras e bastões para reprimir os
manifestantes. A brutal carga causou a lesão grave do jovem saharaui Mohamed
Uld Al-al, com várias feridas na cabeça, e a detenção do jovem saharaui Hmida
Abdulmutal-lab.
A administração marroquina fez deslocar de imediato várias unidades
de forças policiais do distrito onde teve lugar a manifestação, isolando a zona
do resto da cidade ocupada de El Aaiún.
Fonte: Rede de Informação Radio Maizirat
Frente Polisario desmente qualquer apoio dos Saharauis aos movimentos jihadistas do Norte do Mali
Omar Mansour |
O representante da Frente Polisario em Paris, Omar Mansour, desmentiu
"categoricamente" as informações da imprensa francesa segundo as
quais os Saharauis apoiariam os movimentos jihadistas do Norte do Mali.
"São rumores infundados, propagados por meios próximos
de Marrocos, que lembram os divulgados durante a crise líbia, que visam criar a
confusão e manchar a imagem de credibilidade que sempre caracterizou a Frente
Polisário ", diz Omar Mansour em comunicado.
Mansour afirma que "a Frente Polisário sempre, ao longo
de 39 anos, se distinguiu e pautou o seu comportamento como movimento de
libertação nacional sério e preocupado com a igualdade, que luta pela
independência Sahara Ocidental, num quadro de um processo de descolonização
apoiado pela comunidade internacional desde 1965. "
Reiterando a posição da Frente Polisário e da RASD em
relação à "integridade territorial e contra todas as formas de terrorismo
e crime organizado, no Mali, país irmão", Omar reitera o apoio do seu país
aos esforços internacionais para resolver a crise no Mali.
“Apoiamos os esforços da União Africana e das Nações Unidas
para encontrar uma solução definitiva, que preserve a unidade do Mali e os
interesses da verdadeira população de Azawad", afirmou o representante da
Frente Polisario em França.
Para a Frente Polisário, acrescentou, o respeito pelas
fronteiras herdadas da descolonização é um "princípio sagrado sem o qual o
nosso continente pode mergulhar num conflito sem fim."
O porta-voz do Quai d'Orsay já havia negado a existência de
ligações entre a Frente Polisario e os islamitas do Sahel. "Nós não temos
conhecimento de tais ligações", declarou o porta-voz do MNE da França em
resposta a uma pergunta de um jornalista sobre a suposta chegada de
"centenas de sudaneses islamitas e saharauis" ao norte do Mali.
SPS
Frente Polisario confia que a visita de Ross à região contribua para reativar o processo de paz
Mohamed Abdelaziz |
O presidente da República Saharaui e Secretário-geral da
Frente Polisario, Mohamed Abdelaziz expressou a esperança de que a visita do
Enviado Pessoal do Secretário-geral das Nações Unidas Christopher Ross à região
contribua para “reativar o processo de paz”. A afirmação foi proferida no discurso
pronunciado na abertura do sétimo congresso da União dos Trabalhadores
saharauis, que decorreu mos acampamentos de refugiados saharauis.
Ante centenas de delegados e delegações estrangeiras convidadas
ao congresso Mohamed Abdelaziz afirmou que é necessário permitir “à MINURSO que
cumpra a sua missão com a máxima celeridade possível na organização de um referendo
de autodeterminação ao povo saharaui”, e que o processo se possa desenrolar, à
semelhança das restantes missões de paz, num clima de credibilidade, transparência
e liberdade de movimento e comunicação com os cidadãos saharauis”
O presidente saharaui reafirmou a disposição das autoridades
saharauis em colaborar de forma séria e construtiva com os esforços empreendidos
pelo SG da ONU e do seu Enviado Pessoal, Christopher Ross.
Mohamed Abdelaziz afirmou que face aos constantes obstáculos
interpostos por Marrocos para evitar que seja alcançada uma solução justa,
democrática e definitiva, a mensagem do povo saharaui é que a independência do
Sahara Ocidental, a última colónia na África, é um direito defendido pela legalidade
internacional.
Reencontro de famílias separadas pelo "Muro da Vergonha" |
O líder saharaui acrescentou que "o povo saharaui demonstrou
ao longo de 40 anos através de uma luta heroica este direito legítimo, o que
comprova a inevitabilidade da vitória e de que não pode haver alternativa à
concretização da vontade, livre e soberano, do povo saharaui "
Abdelaziz referiu que, sem a resolução do conflito no Sahara
Ocidental nos termos da Carta das Nações Unidas, não poderão ser alcançadas a integração
e a cooperação na região.
O Presidente saharaui expressou sua enérgica condenação de
todo o tipo de atos de terrorismo e acusou o Estado marroquino dessa situação
", quer devido à sua violação flagrante do direito internacional, com a
ocupação do Sahara Ocidental", ou por encabeçar a lista dos maiores exportadores
de cannabis ou incentivar o crime organizado.
SPS
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
“Mariem Hassan, a voz do Sahara” em exibição no Auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro
Trailer do documentário |
Realiza-se na 4.ª Feira, 24 de outubro, pelas 21h30, a
exibição do documentário “Mariem Hassan, a Voz do Sahara”, seguindo-se de um
debate conduzido pela Associação de Amizade Portugal Sahara Ocidental.
O evento terá lugar no Auditório da Biblioteca Municipal
Orlando Ribeiro, antigo Solar da Nora, Estrada de Telheiras 146, (Freguesia
Lumiar), em Lisboa.
A Entrada é Livre.
domingo, 21 de outubro de 2012
O conflito saharaui contado através da voz das suas mulheres
"A Degja levaram-na à força de sua casa numa tarde de
1980. Uns polícias meteram-na dentro de um "Land Rover e durante anos
transportaram-na de um a prisão secreta para outra, onde passou 11 anos da sua
juventude sempre temendo os interrogatórios e as torturas."
"Soukaina também viveu 11 anos numa cela estreita. Após
sua prisão, a sua filha morreu de fome porque ninguém podia ocupar-se dele. Não
tinha ainda um ano de idade."
"Leila é uma Antígona moderna, atormentado pela
impossibilidade de enterrar o corpo do seu irmão Said, assassinado em dezembro
de 2010. A família não se cansou de exigir ao governo marroquino a autópsia no
corpo do rapaz, morto pela polícia em circunstâncias ambíguas. Até hoje não
tive nenhuma resposta. "
Estos são alguns dos testemunhos recolhidos pela jornalista Emanuela
Zuccalà e a fotógrafa Simona Ghizzoni em 'Just to let you know that I'am alive'
(Deixa-me dar-te a conhecer que estou viva), um documentário multimedia e uma
séria de imagens que recolhem de maneira precisa a situação das mulheres
saharauis e o impacte da guerra nas suas vidas.
sábado, 20 de outubro de 2012
Humilhantes perseguições a alunas saharauis
A Polícia marroquina em Smara tem submetido a imoral
perseguição e assédio constante a alunas saharauis, através de ameaças e
insultos.
De El Aaiún, a equipa de rádio Maizirat informa ter recebido
chamadas telefónicas e emails da cidade ocupada de Smara com queixas de 14
alunas e de seus pais ou tutores, denunciando o assédio de que são alvo as suas
filhas por polícias marroquinos que patrulham a cidade.
Segundo essas denúncias, cresce o número de meninas diariamente
assediadas nas instituições de ensino, nas principais ruas e mercados pelos agentes
da polícia marroquina nas suas unidades móveis e veículos oficiais do aparelho
repressivo na cidade. As famílias dessas alunas relatam que o assédio se
manifesta através de humilhante abuso verbal, insultos e ameaças de tortura por
parte da polícia.
Este tipo de abusos degradantes e imorais foram relatados
por muitas famílias saharauis, mas a resposta da administração ocupante marroquina
perante essas denúncias foi sempre a de total indiferença, especialmente por
parte dos funcionários da administração de ocupação na cidade.
Fonte: Rede Informação Radio Maiziarat/Poemario por un
Sahara Libre
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
«Filhos das Nuvens: a Última Colónia» exibido em Nova Iorque
Trailer do filme |
O filme de Javier Bardem sobre o Sahara Ocidental, “Filhos
das Nuvens: a Última Colónia”, foi apresentado quarta-feira num dos grandes cinemas
de Nova Iorque da avenida das Américas.
Foram necessárias duas sessões — às 19h00 e 21h15 — dado o interesse mostrado pelo
público.
Com assistência numerosa, o público norte-americano e representantes
do corpo diplomático acreditado junto da ONU puderam assistir com enorme interesse
à projeção em ecran gigante, seguida de debate, com perguntas colocadas pelos
espectadores a um painel de personalidades em que figuravam o ator Javier
Bardem, o realizador da película , Álvaro Longoria, a Presidente da Fundação Robert
Kennedy, Kerry Kennedy. Kerry explicou em
detalhe a experiência da sua dramática viagem às zonas ocupadas onde foi
testemunha da violação dos direitos humanos nas zonas ocupadas. Entre os assistentes
encontrava-se o embaixador Frank Rudy, que falou da sua experiência na MINURSO e
nas dificuldades e obstruções que o Governo marroquino, atuando como uma
“verdadeira mafia” segundo os seus próprios termos, obstaculizava ao caminho
para o referendo, pondo espacial enfase no que designou por “manifesta
debilidade da ONU para afrontar a situação criada”.
A Presidenta da Fundação Kennedy anunciou no final da sessão
o início de uma campanha à escala dos EUA para sensibilizar a opinião americana
sobre a luta do povo saharaui pela sua liberdade, cujos resultados serão enviados
em forma de carta ao presidente dos Estados Unidos, “seja ele quem for após as eleições
de novembro”, afirmou.
VI edição de ARTifariti tem participação de 80 artistas de 20 países
Jadiya Hamdi, membro do Secretariado Nacional da F.
Polisario e ministra da Cultura anunciou esta semana que os VI Encontros
Internacionais de Arte do Sahara Ocidental (ARTifariti) contarão com a participação
de mais de 80 artistas de 20 países.
A ministra da Cultura saharaui revelou que a VI edição de
ARTifariti terá a participação do grande artista artista maiorquino Miquel
Barceló, assim como a participação de artistas e gente da cultura de países
como Argélia, Espanha, Itália, Grã-Bretanha, México, Venezuela, Japão, Afeganistão,
entre outros…
O Festival Regional de Cultura e Artes Populares realizar-se-á na wilaya de
Auserd de 22 a 24 de outubro del 2012, e
a wilaya de Bojador acolherá 20 de outubro a 1 de novembro a inauguração
oficial da VI edição do ARTifariti.
SPS
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Ross volta ao norte de África e à Europa de 27 de outubro a 15 de novembro
O Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, viaja ao norte de África e Europa de 27 de outubro a 15 de novembro para "acelerar os progressos" que conduzam a uma solução política que tenha em conta a livre determinação do povo saharaui.
Quem o anunciou foi o porta-voz das Nações Unidas, Martin Nesirky, que confirmou a primeira visita de Ross à antiga colónia espanhola desde que, na primavera passada, cancelou essa viagem à região depois de Rabat lhe ter retirado a sua confiança durante meses.
Ross procurará nesse seu périplo trocar pontos de vista com interlocutores-chave no conflito do Sahara Ocidental, afirmou a fonte da ONU.
O porta-voz acrescentou que, uma vez concluída a viagem, o Enviado Pessoal do SG para o Sahara Ocidental terá um encontro com os representantes dos países membros do Conselho de Segurança.
Ross cancelou em maio passado uma visita que tinha previsto realizar à antiga colónia espanhola depois de Marrocos lhe ter retirado a sua confiança pela sua suposta parcialidade e porque "não havia conseguido nenhum avanço significativo".
No fim de agosto o Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, acordou com o Rei Mohamed VI a permanência no cargo do seu Enviado Pessoal "para prosseguir as negociações e apoiar o trabalho de Ross e da sua equipa".
Marrocos criticou a sua obstinação na defesa da independência da Missão da ONU para o Referendo no Sahara Ocidental (Minurso) e o seu suposto intento de fazer com que a missão tenha um mandato sobre temas relativos as direitos humanos.
Rabat considera que a sua soberania sobre o território que ocupou em 1975 é plena e diz não admitir qualquer restrição ou permitir que um organismo não-marroquino tenha algum tipo de autoridade sobre o governo.
As diferenças entre Marrocos e a Frente Polisário têm por base que Rabat defende que o seu plano de autonomia é a única solução para o conflito, enquanto os saharauis defendem um referendo em que a independência seja uma opção.
EFE
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Junte-se a Javier Bardem — ator e vencedor de um Óscar —, à
Presidente do Centro Robert F. Kennedy para a Justiça e os Direitos Humanos,
Kerry Kennedy, e a todos os que fizeram a participaram no filme “Filhos das Nuvens: a Última Colónia” numa campanha para pôr fim às violações dos direitos
humanos contra o povo do Sahara Ocidental. Clique aqui para assinar a petição
online pedindo ao Presidente dos Estados Unidos da América para liderar os
esforços no sentido de que seja incorporada a defesa dos direitos humanos no
mandato da Missão de Paz da ONU no Sahara Ocidental.
O Sahara Ocidental, conhecida como a "última colónia de
África", tem sido controlado por Marrocos desde 1975, quando o governo
reivindicava a soberania sobre o território, apesar de uma decisão do Tribunal
Internacional de Justiça. As ações do governo marroquino provocaram um conflito
de décadas com a Frente Polisario, um movimento nacional comprometido com a
autodeterminação para o povo do Sahara Ocidental. Devido ao conflito, a
população Saharaui foi dividida entre aqueles que permaneceram sob controlo
marroquino e os que fugiram do Sahara Ocidental em busca da segurança e, desde
então, vivem em campos de refugiados perto de Tindouf, na Argélia.
Saiba mais sobre a situação dos direitos humanos no Sahara
Ocidental e parceria do Centro RFK com Aminatou Haidar - "a Gandhi saharaui"
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