O representante da Frente Polisario junto da ONU, Ahmed
Boukhari, afirmou ontem, sexta-feira, que o povo saharaui "está pronto a
fazer face a toda e qualquer opção que lhe queiram impor", em caso de
fracasso do processo de resolução pacífica do conflito, acrescentando que em
caso "de obstinação de Marrocos em bloquear uma solução pacífica, a direção saharaui reveria a sua visão
estratégica”", a fim de alcançar o seu objetivo: a independência.
Em entrevista à agência APS à margem do seu encontro com o enviado
pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para o Sahara Ocidental,
Christopher Ross, que viajou aos acampamentos saharauis, Ahmed Boukhari sublinhou que "a parte
saharaui está pronta a entabular negociações advogadas pelas ONU, assim como o seu empenho
na resolução pacífica da questão", acrescentando que "o povo saharaui
está pronto também a fazer face a qualquer outra opção que lhe pretendam impor,
em caso de fracasso da negociação pacífica do conflito".
O responsável saharaui afirmou também que "o principal
obstáculo" que entrava o relançamento das negociações sobre o conflito saharaui
"reside na obstinação da parte marroquina que tem categoricamente recusado
a ideia de negociações".
"Se Marrocos se obstina em bloquear a via pacífica, a
direção saharaui deverá rever a sua visão estratégica para encontrar os meios adequados
para atingir o seu principal objetivo: a independência e a recuperação pelo
povo saharauis da sua soberania sobre o conjunto dos seus territórios ", acrescentou.
Boukhari apelou "aos responsáveis marroquinos que
renunciem às ideias expansionistas", sublinhando que "todas as ambições
expansionistas que pretendam impedir o acesso do povo saharaui ao seu direito à
autodeterminação serão votadas ao fracasso”".
Por outro lado, apelou ao povo marroquino "vizinho e
irmão » a fazer pressão sobre as autoridades marroquinas para que resolvam
pacificamente este conflito que dura há 40 anos, e a recusar "ser envolvido
neste conflito".
Boukhari afirmou
ainda que as recorrentes violações marroquinas dos direitos humanos nos territórios
saharauis ocupados, preocupam a direção saharaui e as organizações internacionais
dos Direitos do Homem, como a Human Rights Watch (HRW) e a "Amnesty
International".
Acrescentou
que há que desenvolver esforços com vista a encontrar um outro mecanismo de
controlo dos direitos humanos nos territórios saharauis ocupados e que em vez
de visitas periódicas de representantes do Conselho dos Direitos do Homem da ONU,
"a situação humanitária desastrosa nos territórios ocupados exige um controlo
quotidiano e prerrogativas mais alargadas".