Matthew Rycroft, embaixador do Reino Unido no Conselho de Segurança da ONU |
Os membros do Conselho de Segurança da ONU expressaram hoje
o seu apoio à missão do enviado pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental,
Christopher Ross, depois de Marrocos ter dito que não permitirá que ele visite
o território saharaui sob seu controlo.
"Reiteramos o nosso total apoio ao processo da ONU no
Sahara Ocidental e ao trabalho do enviado pessoal do secretário-geral, o senhor
Ross", afirmou ao jornalistas o embaixador britânico, Matthew Rycroft,
presidente em exercício do Conselho.
Segundo Rycroft, o órgão máximo de decisão das Nações Unidas
espera que na visita que Ross iniciará nos próximos dias à região seja
"recebido por responsáveis de todas as partes".
O Conselho de Segurança abordou hoje a questão do Sahara
Ocidental na sequência, entre outras coisas, de declarações à EFE do ministro
marroquino dos Negócios Estrangeiros, Salahedín Mezuar, em que este disse que o
seu Governo não permitirá o enviado da ONU a visitar o território saharaui sob
seu controlo.
Rycroft confirmou que o Conselho analisou essas afirmações,
embora se tenha recusado a dar mais detalhes.
Por sua vez, o representante da Frente Polisario junto da
ONU, Ahmed Bukhari, disse que a declaração de apoio do Conselho a Ross é
"bem-vinda" e "serve para manter o rumo dos esforços das Nações
Unidas para resolver o conflito".
A mensagem, recordou em declarações à EFE, produz-se depois
do secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, ter exigido este mês
"negociações sérias", após a "confusão criada", em sua
opinião, pelo último discurso do rei de Marrocos e pelas "declarações do
ministro dos Negócios Estrangeiros à imprensa".
"Dissemos ao secretário-geral que acolhemos com
bom-grado o seu convite a negociações sérias e esperamos que a viagem de Ross
sirva para tornar possível o mais depressa que se possa o início dessa negociação",
acrescentou Ahmed Bukhari.
O enviado da ONU viajará nos próximos dias para a região e,
no seu regresso, está previsto que informe o Conselho de Segurança no dia 8 de
dezembro.
A ONU estabeleceu em 1991 uma missão no Sahara Ocidental
(MINURSO) com o objetivo de realizar um referendo sobre o estatuto da
ex-colónia espanhola, consulta que até agora não foi levada a cabo.
Marrocos apresentou uma proposta de autonomia para o
território em 2007 e considera que essa deve ser a base da negociação, enquanto
a Frente Polisario insiste na necessidade de convocar quanto antes esse
referendo.
Nos últimos anos, as autoridades saharauis têm insistido sem
êxito junto do Conselho de Segurança para que a MINURSO, a exemplo do resto das
missões da ONU, possa supervisionar a situação dos direitos humanos no
território onde, segundo a Polisario, Marrocos comete contínuas violações.
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