O presidente da Mauritânia, Ueld Abdel Aziz
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Na passada segunda-feira, as autoridades policiais mauritanas
do aeroporto de Nouakchott submeteram o presidente do Partido da “l’Union et du
Changement”, Saleh Ould Ahnana, a um controlo policial humilhante. O homem regressava
de Casablanca, após ter assistido como convidado ao congresso do Partido do
Progresso e do Socialismo. O acontecimento ilustra a amplitude da degradação
das relações entre os dois países, enquanto fontes mauritanas atribuem esta tensão
à recusa de Marrocos em substituir o seu embaixador em Nouakchott.
Já em Janeiro, a Mauritânia se recusara a credenciar o novo
cônsul de Marrocos, sem fornecer as explicações requeridas pela diplomacia
marroquina. Isso diz muito sobre a profundidade da crise entre os dois países, enquanto,
no passado, as relações pareciam sólidas e promissoras.
Simultaneamente, a Mauritânia recusa-se há dois anos a nomear
um embaixador em Rabat. Ela retirou todos os seus diplomatas e apenas manteve
pessoal administrativo no local para o funcionamento da embaixada.
A tensão está agora afetando áreas como o tráfego aéreo e a coordenação
securitária. Recentemente a Mauritânia puxou ainda mais a corda ao receber um
emissário do líder Polisário como se ele fosse um mensageiro de um chefe de
Estado.
Ao mesmo tempo, Marrocos e Mauritânia estão engajados numa
competição na crise do Mali recebendo cada um deles membros do governo e do
movimento Azawad, do norte daquele país. Ontem, terça-feira, representantes do
governo do Mali reuniram-se em Nouakchott com delegados desse movimento que
quer a independência do norte do Mali (*). Por sua parte, mantendo-se discreto,
Marrocos não vê com bons olhos as iniciativas da Mauritânia que a aproximam
mais e mais das posições da Argélia no dossiê do Sahara.
A Imprensa mauritana sublinhou que Nouakchott decidiu recentemente
não usar o termo "o vizinho do norte" para designar Marrocos, mas antes
o termo "Estado de Marrocos" sob o pretexto de que o vizinho do norte
é a "República Árabe saharaui Democrática ", proclamada
unilateralmente, e que a Mauritânia reconheceu nos anos setenta.
Acredita-se que a razão para a tensão terá sido o facto de diplomatas
e funcionários marroquinos terem tido comportamentos considerados pela
Mauritânia como uma interferência nos seus assuntos internos. A Mauritânia
expulsou o correspondente da agência de notícias MAP em Nouakchott, sem dar explicação,
enquanto a imprensa local falou de sua suposta ingerência nos assuntos internos
do país.
O diário digital Zahrat Chenguit publicou em exclusividade
uma importante informação, que alegadamente terá obtido de fontes oficiais
próximos do presidente Mohamed Ould Abdel Aziz. Segundo o jornal, a Mauritânia exige,
para sair da crise diplomática, que Marrocos substitua primeiro o atual
embaixador por outro e, em seguida, o Presidente nomeará, por sua vez, um novo
embaixador em Rabat.
Fonte : Alifpost-Analyse
- 5 يونيو، 2014
(*) A Mauritânia exerce atualmente o cargo da Presidente da
União Africana.
NOTA : Recorde-se que em Outubro de 2012, o presidente
mauritano sofreu um atentado que, segundo fontes oficiais, o Estado marroquino
teria sido o mandatário. Ler:
http://aapsocidental.blogspot.pt/2012/12/atentado-ao-presidente-mauritano.html
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