O braço-de-ferro entre a Argélia e Marrocos tem sido uma constante ao longo das últimas quatro décadas, mas acentuou-se profunda e perigosamente desde que o Reino de Marrocos quebrou o cessar-fogo no Sahara Ocidental, a 13 de novembro, e negociou com o antigo Presidente dos EUA Donald Trump o estabelecimento de relações diplomáticas com Israel a troco da pretensa soberania marroquina sobre o território da antiga colónia espanhola do Magrebe.
Por Houari A. - O Presidente da República [da Argélia] lançou um aviso severo ao Primeiro Ministro, aos membros do governo e aos directores das empresas do sector público na sequência de relatórios de contratos assinados com empresas de países hostis à Argélia. A instrução do Chefe de Estado refere-se a "relações contratuais com entidades estrangeiras sem consideração pelos interesses económicos e estratégicos do país".
Na directiva de Abdelmadjid Tebboune são mencionadas duas instituições financeiras públicas especializadas em seguros e que estão em relação com empresas marroquinas e um operador privado de telemóveis que confiou as suas operações publicitárias a empresas próximas de lobbies anti-argelinos estrangeiros. "Estas relações, iniciadas sem consulta, resultam no fornecimento a entidades estrangeiras de dados e informações sensíveis que podem afetar os interesses vitais do nosso país e a sua segurança", adverte o Presidente Tebboune, que assinala que este tipo de contratos, muitas vezes injustificados, tem levado à saída de divisas estrangeiras, enquanto que os serviços confiados a estrangeiros podem ser prestados localmente.
Tendo em conta estas observações e estas práticas que "tendem a generalizar-se", o Chefe de Estado (argelino) ordenou que se lhes pusesse termo no prazo de dez dias, ordenando ao mesmo tempo aos gestores das empresas públicas e privadas que demonstrassem "mais responsabilidade e circunspecção nas suas relações com parceiros estrangeiros, assegurando, em todas as circunstâncias, a preservação dos interesses superiores do Estado".
O ministro das Finanças foi instruído a proibir qualquer transferência para o estrangeiro de dividendos ligados a estes contratos. Estes contratos devem ser rescindidos "imediatamente", insiste o Presidente Tebboune, que adverte contra qualquer "incumprimento" que será considerado como "abrangido pelo título de corrupção e cumplicidade" e, consequentemente, será "tratado como tal, em conformidade com a legislação em vigor".
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