Artigo publicado no site marroquino lemag.ma. Os artigos na
imprensa marroquina sobre o novo Secretário de Estado americano sucedem-se.
Todos eles, no mínimo, pouco abonatórios para o agora responsável das Relações Exteriores
dos EUA, ou até insultuosos… Preocupação ou desespero?
Em 2001, John Kerry então senador democrata do Estado do Massachusetts,
endereçou uma carta ao General Colin Powel, secretário de Esyado na época, convidando-o
a dessolarizar-se de Marrocos em relação
à questão do Sahara e a apoiar claramente a Polisario.
Infeliz ex-candidato à Presidência, derrotado por George W.
Bush, John Kerry foi nomeado pelo presidente Barack Obama, novo secretário norte-americano
dos Negócios Estrangeiros dos EUA, substituindo Hillary Clinton.
Este democrata, que se conta entre os poucos políticos
americanos que se pode gabar de uma possuir uma verdadeira cultura do mundo,
fluente em francês, e dotado de uma vasta experiência em assuntos
internacionais, assim que a notícia da sua nomeação foi divulgada ela foi bem
acolhida na maioria das capitais europeias e em Israel, mas em Rabat a sua
chegada ao governo dos EUA foi encarada com grande desconfiança, dado que ele é
conhecido nos meios de Washington, pelos seus estreitos laços com o lobby perolífero
argelino.
Com efeito, John Kerry tem sido por vários anos o advogado da
Polisario nos corredores do poder americano e no Congresso durante o tempo em
que foi senador.
APOIADO PELO CLÃ
KENNEDY
Apoiado pelo clã Kennedy no interior do Partido Democrata, John
Kerry, que nutria e continua a ter ambições presidenciais, tem de manter as suas
alianças intra-partidárias, defendendo as teses ditadas e pagas a partir de
Argel a Kerry Kennedy e ao seu tio Edward Kennedy em relação à questão do Sahara.
Ele foi co-autor de uma carta dirigida ao governo
republicano em 2001, apelando a que os EUA cessassem o seu apoio a Marrocos, e
que obrigassem este país à organização de um referendo de autodeterminação no
Sahara.
Segundo consideram alguns analistas da política norte-americana,
John Kerry, ao considerar-se ainda um presidenciável, tentará fazer do seu
ministérios dos Negócios Estrangeiros a sua coutada privada, ao qual irá
imprimir o seu estilo e quererá utilizá-lo para fazer passar os seus pontos de
vista e as dos seus apoiantes de partido, liderados pelo clã Kennedy, graças
aos gordos subsídios que este lhe poderá facultar para as suas campanhas
eleitorais com dinheiro de Argel.
SÉRIAS INQUIETAÇÕES
MARROQUINAS
Em Rabat, relatam algumas fontes, existe uma séria preocupação,
por várias razões:
Pela primeira vez, há uma inexistência de voz de reequilíbrio
em Washington, pois as relações de Rabat com a Casa Branca nunca estiveram tão
frias, nem o Rei Mohamed VI, nem o chefe do seu governo, Abdelilah Benkirane, visitaram
até agora oficialmente Washington, nem se avistou ou falou por telefone com
Barack Obama.
Hillary Clinton era, de facto, o principal interlocutor de
Rabat em Washington, a sua partida e a sua substituição pelo pro-Polisario
interessado que é John Kerry, é uma perda significativa para a pouco
empreendedora diplomacia marroquina.
Kerry formaria ao lado de Obama um binómio na pior das
hipóteses frontalmente hostil a Marrocos ou, pelo menos, no cenário mais
otimista, frio e relutante em desenvolver qualquer esforço em relação a um
dossiê considerado por muitos em Marrocos como verdadeiramente existencial.
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