O diretor do CNI, o general Félix Sanz-Roldán, colocou uma denuncia
a Noureddin Ziani, segundo consta na ordem de expulsão, por, entre outras coisas,
“ameaçar a segurança nacional (…) e comprometer as relações de Espanha com outros
países”. É, além disso, “um colaborador muito importante de um serviço de
inteligencia estrangeiro desde o ano 2000”, afirma Sanz-Roldan, numa clara
alusão à Direção Geral de Estudos e Documentação (DGED) de Marrocos.
A ordem de expulsão, emanada na sequência da denúncia, foi notificada
a Ziani – sem antecedentes criminais -, no passado dia 3 por um agente da
Brigada Provincial de Estrangeiros e Documentação do Cuerpo Nacional de
Policía. Foi convocado para a comissaria da Rambla Guipúzcoa de Barcelona, onde
passou a noite detido, segundo fontes próximas. A expulsão pode ser executada a
qualquer momento a partir de terça-feira, 14 de maio, segundo a sua advogada,
Fátima Zohra. (...)
Espião de Rabat e
amigo de radicais
A DGED, o serviço secreto marroquino que mais atua no estrangeiro,
tenta com frequência recrutar alguns responsáveis das comunidades de emigrantes
ou, pelo menos, manter com eles boas relações para que o mantenham informado. O
seu objetivo é, antes de tudo, evitar que o radicalismo tome os lugares de
culto.
O CNI refere na sua denuncia que Nureddin Ziani é um espião —
evita dar o nome do serviço marroquino para quem trabalhava — que “põe em risco
a segurança do Estado, compromete a política exterior espanhola e constitui uma
ameaça à estabilidade das instituições” espanholas.
O agente marroquino, pago pela DGED, “favoreceu os interesses
dessa nação estrangeira em prejuízo da segurança nacional”, assegura o serviço
secreto espanhol.
Nureddin Ziani também contatou “com os principais líderes
salafistas” e apoiou “o financiamento dos seus projetos”, como a “construção de
mesquitas”. São “atividades que, em última instância, favorecem a expansão das
teses radicais no nosso país”, adverte o CNI.
A espionagem marroquina é um acérrimo inimigo dos
extremistas muçulmanos. Como pode um dos seus agentes ajudar os salafistas? A
denúncia do CNI não aclara esta contradição no seu trabalho.
Outra das tarefas supostamente encarregadas pelo DGED a
Ziani parece própria de um agente marroquino. Consistia, segundo o CNI, convocar
manifestações “de apoio ao regime” de Marrocos e contra os seus inimigos, Argélia
e a Polisario.
Por vigiarem de muito perto a imigração marroquina e os
saharauis independentistas na Alemanha, quatro espiões da DGED foram detidos e
julgados nesse país desde 2010.
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