Fazendo «ouvidos de mercador»
aos continuados protestos, o gigante alemão Siemens começou no passado mês de
março a enviar partes dos moinhos que pretende instalar em El Aaiún ocupado.
Siemens associou-se a empresas do empório de Mohamed VI.
As fotos captadas no porto de
El Aaiún nos primeiros dias de março revelam que a Siemens decidiu seguir por
diante com os seus planos de fornecimento de turbinas eólicas e assistência
técnica para o projeto do parque eólico Foum El Oued, perto de El Aaiún, Sahara
Ocidental ocupado.
O sócio da Siemens no projeto
é a holding Nareva, uma holding financeira marroquina que será a proprietária do
parque eólico. A Nareva pertence à família real marroquina, a mesma família
real que invadiu e ocupou parte do Sahara Ocidental em 1975. Metade dos
saharauis, desde então, vivem como refugiados. Poucas semanas antes, o mesmo governo que ocupa ilegalmente o território
e que se aproveita dos seus recursos eólicos condenou a prisão perpétua vários
ativistas saharauis que reclamam o direito à autodeterminação e denunciam a
discriminação socioeconómica a que estão submetidos os saharauis.
Diversas peças dos moinhos chegaram
ao território numa caravana de barcos nas últimas semanas de fevereiro. A Western
Sahara Resource Watch (WSRW) calcula que, até ao momento, tenham chegado a El
Aaiún 9 barcos desde a Alemanha com peças e material diverso desde fins de dezembro
de 2012. Todos estes bbarcos são propriedade da empresa alemã de aluguer e
transporte Briese Schiffahrts GmbH & Co. A WSRW escreveu à empresa,
solicitando informações sobre a presença dos barcos no porto de El Aaiún, mas a
companhia atá ao momento não respondeu.
Em 2012, o projeto do parque
eólico Siemens / Nareva conseguiu obter créditos de carbono através do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo das Nações Unidas. A pretensão viria depois
a ser recusada por ter lugar fora das fronteiras nacionais de Marrocos: no Sahara
O ocupado.
"É lamentável comprovar
que empresas como a Siemens não levem a sérios os seus compromissos de
responsabilidade social corporativa", declarou Sara Eyckmans, coordenadora
da Western Sahara Resource Watch.
"A Siemens deveria informar-se
melhor. Apoiar a família real marroquina para que enriqueça cooperando com ela
em projetos num território que invadiu ilegalmente, incumpre as normas éticas mais
elementares que se possam esperar de uma empresa internacional da importância e
com o estatuto da Siemens. Os ativistas que poderiam ter protestado pelas atividades
da Siemens no Sahara ocupado estão agora na prisão condenados a oenas perpétuas.
Que razões tem o rei de Marrocos para levar a sério as negociações de paz se pode
beneficiar destes projetos com a Siemens? ", declarou Eyckmans.
A WSRW enviou inúmeras cartas
à Siemens pedindo aclarações sobre a forma como interpretam a sua adesão ao Pacto
Mundial das Nações Unidas, uma iniciativa para empresas que apoiam uma série de
princípios sobre ética empresarial. A companhia afirma nas suas páginas que o
projeto se encontra em "Marrocos".
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