domingo, 19 de maio de 2013

Siemens iniciou instalação do parque eólico no Sahara




Fazendo «ouvidos de mercador» aos continuados protestos, o gigante alemão Siemens começou no passado mês de março a enviar partes dos moinhos que pretende instalar em El Aaiún ocupado. Siemens associou-se a empresas do empório de Mohamed VI.

As fotos captadas no porto de El Aaiún nos primeiros dias de março revelam que a Siemens decidiu seguir por diante com os seus planos de fornecimento de turbinas eólicas e assistência técnica para o projeto do parque eólico Foum El Oued, perto de El Aaiún, Sahara Ocidental ocupado.



O sócio da Siemens no projeto é a holding Nareva, uma holding financeira marroquina que será a proprietária do parque eólico. A Nareva pertence à família real marroquina, a mesma família real que invadiu e ocupou parte do Sahara Ocidental em 1975. Metade dos saharauis, desde então, vivem como refugiados. Poucas semanas antes, o mesmo governo que ocupa ilegalmente o território e que se aproveita dos seus recursos eólicos condenou a prisão perpétua vários ativistas saharauis que reclamam o direito à autodeterminação e denunciam a discriminação socioeconómica a que estão submetidos os saharauis.



Diversas peças dos moinhos chegaram ao território numa caravana de barcos nas últimas semanas de fevereiro. A Western Sahara Resource Watch (WSRW) calcula que, até ao momento, tenham chegado a El Aaiún 9 barcos desde a Alemanha com peças e material diverso desde fins de dezembro de 2012. Todos estes bbarcos são propriedade da empresa alemã de aluguer e transporte Briese Schiffahrts GmbH & Co. A WSRW escreveu à empresa, solicitando informações sobre a presença dos barcos no porto de El Aaiún, mas a companhia atá ao momento não respondeu.


Em 2012, o projeto do parque eólico Siemens / Nareva conseguiu obter créditos de carbono através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo das Nações Unidas. A pretensão viria depois a ser recusada por ter lugar fora das fronteiras nacionais de Marrocos: no Sahara O ocupado.

"É lamentável comprovar que empresas como a Siemens não levem a sérios os seus compromissos de responsabilidade social corporativa", declarou Sara Eyckmans, coordenadora da Western Sahara Resource Watch.

"A Siemens deveria informar-se melhor. Apoiar a família real marroquina para que enriqueça cooperando com ela em projetos num território que invadiu ilegalmente, incumpre as normas éticas mais elementares que se possam esperar de uma empresa internacional da importância e com o estatuto da Siemens. Os ativistas que poderiam ter protestado pelas atividades da Siemens no Sahara ocupado estão agora na prisão condenados a oenas perpétuas. Que razões tem o rei de Marrocos para levar a sério as negociações de paz se pode beneficiar destes projetos com a Siemens? ", declarou Eyckmans.



A WSRW enviou inúmeras cartas à Siemens pedindo aclarações sobre a forma como interpretam a sua adesão ao Pacto Mundial das Nações Unidas, uma iniciativa para empresas que apoiam uma série de princípios sobre ética empresarial. A companhia afirma nas suas páginas que o projeto se encontra em "Marrocos".

Em janeiro, a WSRW pediu que a Siemens fosse excluída do Pacto Mundial das Nações Unidas devido à sua falta de comunicação com a sociedade civil.

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