O rei Mohamed VI de Marrocos |
Manifestamente, a corda vai-se apertando cada vez mais ao
pescoço de Marrocos à medida que se vão multiplicando as iniciativas da ONU
para pôr fim ao statu quo que
prevalece no Sahara Ocidental desde há mais de 20 anos.
O primeiro indício revelador do mal-estar marroquino foi muito
evidente na decisão de Rabat de retirar a sua confiança ao Enviado Pessoal do Secretário-Geral
da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross. Uma decisão que evidencia uma
verdadeira crise com todo o sistema da ONU. Ou, por outras palavras, uma crise
com a legalidade internacional.
A crise chegou ao seu cúmulo a 22 de abril de 2013, quando a
delegação dos EUA deu a conhecer a sua intenção de apresentar a sua proposta
para ampliar o mandato da MINURSO para supervisionar e proteger os direitos humanos
no Sahara Ocidental.
No dia seguinte à adoção da resolução 2099 pelo Conselho de
Segurança, a pressão, desta vez, veio do próprio interior do território
saharaui. A explosão de protestos nas principais cidades do Sahara Ocidental e
a repressão marroquina que se lhe seguiu revelou o verdadeiro rosto da ocupação
marroquina ao ponto de provocar a reação da França, até então aliado
incondicional de Marrocos.
Marrocos, porém, não digeriu a decisão dos Estados Unidos de
trazer à luz do dia a sua posição sobre o conflito do Sahara Ocidental. E
empenha-se em tentar camuflar essa posição desde a eleição de Barack Obama.
A resistência pacífica saharaui ganhou o braço de ferro contra
a brutalidade da ocupação marroquina. Rabat, que sofre o doloroso retorno da sua
política de iniquidade e repressão, atinge uma crise de frenesim sem precedentes.
Para justificar ante o povo marroquino o fracasso da sua política, Rabat culpa
a Argélia de todos os seus males.
Muito embora no seu discurso ante a comunidade internacional
Marrocos reclame a construção do Magrebe Árabe e a abertura das fronteiras com
a Argélia, dirigentes políticos de primeira linha falam de guerra com o país vizinho.
É um forte sinal da angústia provocada pelo amargo sabor da derrota.
As declarações inesperadas dos agentes do Majzen num contexto particular, marcado
por erros em série da diplomacia marroquina na questão saharaui e uma conjuntura
económica desastrosa que obriga as autoridades marroquinas a endividarem-se de
forma perigosa para evitar um deslize perigoso para a violência e a eclosão de
distúrbios em larga escala, que poderiam levar a pôr em cauda uma monarquia
muito fragilizada.
Oficialmente, a taxa de desemprego em Marrocos é de 9,1%. Uma
cifra muito contestada por todos os círculos da oposição.
A dura realidade da crise económica duradoira que já causou
três novas imolações veio demonstrar que as falsas reformas foram em vão. Sentindo
o forte abalo que afeta o trono de Mohamed VI, o Majzen trata de vender ao povo marroquino vitórias imaginarias.
Artigo de: SPSrasd.info
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