terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Acordo de Pescas UE-Marrocos: AAPSO escreve ao eurodeputado socialista Capoulas Santos

Eurodeputado Capoulas Santos

Caro senhor deputado ao Parlamento Europeu pelo Partido Socialista 
Luís Manuel Capoulas Santos.

Foi com alguma surpresa que lemos as suas declarações no despacho da EUROPA PRESS de 3 de Outubro (La cuestión del Sáhara mantiene dividida a la Eurocámara ante el nuevo acuerdo de pesca con Marruecos) relativas ao acordo de pescas que a UE tem vindo a negociar com Marrocos.

A surpresa não vem tanto do apoio dado à aprovação do dito acordo, pois infelizmente o PS tem tido posições de grande ambiguidade no que diz respeito à questão saharauí, contrariando as posições da Internacional Socialista – ver, por exemplo, a recente moção aprovada no seu último Congresso, em Cascais.

A surpresa vem sobretudo pela argumentação utilizada. No despacho citado o senhor eurodeputado invoca duas razões para a aprovação do acordo:

- recusar a sua aprovação seria seguir «un "camino erróneo y tortuoso"» pois seria inadequado «pretender buscar una solución al conflicto del Sáhara desde una comisión de pesca»;
- recusar a sua aprovação seria desprezar «la "mejoría" en la rentabilidad el acuerdo, que equilibra la compensación de la UE con las posibilidades de pesca.»

Não cremos que alguém pretenda solucionar o processo de descolonização do Sahara Ocidental através de uma Comissão de Pescas. O que muitos pretendem – e, em particular, a população deste território – é que a discussão em qualquer Comissão internacional não ponha em causa, antes promova, os preceitos consignados no direito internacional, tal como são entendidos pelas Nações Unidas.

Para nós, o primado do direito internacional, enquanto conjunto de regras que regulam as relações entre Estados e povos numa base equitativa, é inquestionável, pelo que as vantagens económicas de qualquer acordo não podem ser independentes do respeito que lhe é devido.

O seu ex-colega do Parlamento Europeu Francisco Lucas Pires disse um dia, numa conferência em Coimbra sobre a questão de Timor-Leste, que “o direito internacional é a arma dos fracos”. Estranhamos sempre quando pessoas e instituições que há alguns anos se pronunciaram a favor e defenderam os direitos do povo timorense, nomeadamente o seu direito à autodeterminação, agora silenciam e desprezam os direitos, em tudo semelhantes, do povo saharauí.

Com os nossos cumprimentos,









Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental
Lisboa, 07 de outubro de 2013

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