quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A Associação Marroquina de Direitos Humanos e a Liga Marroquina de Defesa de Direitos Humanos boicotam o Forúm internacional de Marraquexe




Duas associações marroquinas de defesa dos direitos humanos anunciaram que boicotarão o Fórum Mundial de Direitos Humanos que se realizará entre os dias 27 e 30 de novembro na cidade de Marraquexe.

O fórum, que se espera conte com a participação de 5.000 pessoas oriundas de 94 países, é visto como uma vitrina para que Marrocos mostre os seus avanços na matéria, mas que se realiza num momento em que se registam vários conflitos entre o Estado e as organizações pro direitos humanos.



A Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH, de esquerda e laica), a maior em Marrocos e uma das mais importantes do mundo árabe, foi primeira a anunciar no seu website “o boicote de todos os trabalhos do Fórum”.

A AMDH considera que o Estado continua com “a agressão aos defensores dos direitos humanos”, marginalizou as associações defensoras dos DDHH e não levou em conta as suas propostas no momento de organizar o fórum, tendo optado pela “opacidade deliberada” sobre esses programas e se negado a responder às reivindicações de saneamento político.

Desde o verão passado, a AMDH sofreu a proibição (a maior parte das vezes não oficial, mas de modo informal) de 48 atividades em todo o país, sejam conferências, debates, concentrações, cursos de formação ou caravanas de sensibilização.



À AMDH veio juntar-se a Liga Marroquina de Defesa de Direitos Humanos (LMDDH), de tendência conservadora e próxima dos islamitas moderados, que acaba de anunciar que anula a sua participação no fórum por falta de “um clima de confiança” e em solidariedade com a AMDH.

As duas organizações anunciaram que preveem organizar atividades paralelas na mesma cidade de Marraquexe, que anunciarão nos próximos dias.

O dito "comité organizador" concederá a acreditação oficial para a participação do CODESO, presidido pela ativista saharaui dos DDHH Aminetou Haidar...?

Além do problema que implica o boicote destas organizações, o fórum enfrenta outra polémica, como é o pedido da organização saharaui CODESA (de tendência independentista) de participar no fórum para tratar o tema da justiça transicional, que procura remediar “o legado de abusos” que afetou as vítimas, um pedido que foi formalmente transmitido aos organizadores.

O secretário-geral do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) organização oficial do Makhzen] e principal organizador do fórum, Dris Yazami, disse à EFE que o CODESA “estará presente em Marráquexe e poderá participar como todo o mundo”, mas precisou que a sua acreditação oficial depende do comité organizador.

Segundo parece, também não serão convidadas organizações de defesa de direitos dos gays, dado que a homossexualidade é especificamente perseguida e castigada pelo Código Penal marroquino e não existe nem sequer socialmente um debate pela despenalização das práticas homossexuais.


Fonte: El Día / EFE

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