Khadija Riyadi, antiga presidente da Association Marocaine
des Droits de l’Homme (AMDH) e ainda membro ativa da associação, recebe hoje, terça-feira
10 dezembro, em Washington, o prémio 2013 das Nações Unidas pela causa dos
Direitos do Homem juntamente com outros 5 nomeados. No momento de apanhar o
avião, respondeu às questões colocadas pelo site marroquino Yabiladi.
Yabiladi : Ficou
surpreendida quando soube que iria receber a 10 de dezembro, em Washington, o prémio
2013 das Nações Unidas pela causa dos Direitos Humanos?
Khadija Riyadi : Eu tinha sugerido ao comité executivo de
propor a própria AMDH enquanto associação para o prémio da ONU, mas prefiram
que eu me apresentasse em nome individual. Nunca militei para ter um prémio, mas
claro, estou orgulhosa e honrada por ter sido escolhida. Não pretendo estar à
altura de todos os grandes nomes que receberam o prémio, como Nelson Mandela.
Que significado dá a esta
prémio?
Encaro este prémio como uma mensagem que me insta a
continuar a lutar pelos direitos humanos em Marrocos. Espero também que,
através deste prémio, a ONU tenha também a intenção de concentrar o seu olhar
sobre os direitos humanos em Marrocos pois a imagem difundida no exterior sobre
esta questão está muito longe da realidade.
Em sua opinião, qual
a primeira prioridade em Marrocos em matéria de Direitos Humanos ?
Atualmente, o ponto mais importante é a impunidade que reina
em Marrocos. É ela que permite as violações graves dos direitos humanos
cometidas pelo Estado pois os seus responsáveis nunca são perseguidos pelos
seus crimes. A justiça marroquina não é independente, é instrumentalizada pelo
poder e permite branquear todos aqueles que são culpados por violações dos
direitos do homem. O desvio de fundos públicos, a pilhagem dos recursos naturais
de Marrocos por empresas ou indivíduos, são crimes mas nunca são punidos e isso
encoraja outros a fazer o mesmo.
O site Goud.ma questionou-a
sobre eventuais felicitações por parte do rei. Foi contactada nestes dias pelo
Palácio Real ?
Não recebi nenhuma felicitação do Palácio Real, e não a
espero. Isso seria totalmente contraditório dado que se trata das mesmas
instituições que são responsáveis pela situação que eu denuncio. Marrocos é um
Estado de não direito onde os diretos dos cidadãos não são respeitados.
Fonte: Yabiladi
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