"Nós sabemos que no seio da
UE há países influentes que fazem de tudo para proteger os seus interesses
económicos, e isso em detrimento de valores universais, da democracia e dos
direitos humanos", lamentou Aba Salek El-Haissan à agência APS, em
resposta à posição da UE recentemente renovada em relação à resolução do
conflito do Sahara Ocidental de acordo com as resoluções da ONU.
Citando o caso da França e da
Espanha, cujos interesses económicos com Marrocos são "estreitos", o
presidente da União dos Juristas Saharauis lamenta que quando se trata de
questões económicas desses países, eles tentam "fazer valer o seu
peso" no seio da UE, a fim de preservá-los.
Lembrou, a este respeito, o
recente acordo de pesca entre a UE e Marrocos, que inclui a exploração dos
recursos pesqueiros dos territórios ocupados do Sahara Ocidental.
O número de votantes (300 a
favor, 209 contra, 49 abstenções e 200 ausentes) mostra a magnitude das
"divergências" no seio da União sobre o assunto, disse o
representante da Juristas saharauis, recordando a decisão das autoridades
saharauis em apresentar um recurso perante o Tribunal Europeu.
O jurista saharaui acrescentou
que se a UE reiterou "claramente" a sua posição sobre uma solução
política "justa" e "equitável" do conflito saharaui, de
acordo com as resoluções da ONU, é porque existe no seu seio membros «favoráveis
"ao direito do povo saharaui à autodeterminação, citando como exemplo, os
países nórdicos e Grã-Bretanha.
Citando a
"ambivalência" da França sobre o conflito saharaui, o presidente da
União de Juristas fez referência à declaração conjunta argelino-francesa, na
qual Paris afirmou apoiar uma solução "justa" e conforme com legalidade
internacional.
"Quando o presidente francês
viaja a Marrocos, ele revela contudo uma outra linguagem", observou o
Haissan, acusando a França de ser um "obstáculo"
à resolução do conflito do Sahara Ocidental.
à resolução do conflito do Sahara Ocidental.
Recorde-se que a UE reafirmou, a
16 de Dezembro, em Bruxelas, no final da 11 ª sessão do Conselho de Associação
UE-Marrocos, o seu compromisso com a "solução" do conflito no Sahara
Ocidental.
"A União Europeia apoia
plenamente os esforços do Secretário-Geral das Nações Unidas e do seu Enviado
Pessoal para ajudar a alcançar uma paz justa, duradoura e mutuamente aceitável
para todas as partes envolvidas e que permita a autodeterminação do povo do Sahara
Ocidental no quadro dos acordos consistentes com os propósitos e princípios da
Carta das Nações Unidas e em conformidade com as resoluções do Conselho de
Segurança das Nações Unidas ", afirmou a UE em comunicado.
A declaração da UE refere, a este
respeito, a resolução 2099 datada do ano em curso e que "encoraja todas as
partes a continuar a trabalhar com o enviado pessoal do Secretário-Geral para
avançar na busca de uma tal solução. "
(SPS)
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