segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

União Europeia adota uma posição "ambivalente" face à questão saharaui


 A União Europeia adota uma posição "ambivalente" face à questão saharaui segundo se trata de interesses económicos de "certos" dos seus membros, afirmou sábado o presidente da União dos Juristas Saharauis, Aba Salek El-Haissan.

"Nós sabemos que no seio da UE há países influentes que fazem de tudo para proteger os seus interesses económicos, e isso em detrimento de valores universais, da democracia e dos direitos humanos", lamentou Aba Salek El-Haissan à agência APS, em resposta à posição da UE recentemente renovada em relação à resolução do conflito do Sahara Ocidental de acordo com as resoluções da ONU.

Citando o caso da França e da Espanha, cujos interesses económicos com Marrocos são "estreitos", o presidente da União dos Juristas Saharauis lamenta que quando se trata de questões económicas desses países, eles tentam "fazer valer o seu peso" no seio da UE, a fim de preservá-los.
 
Aba Salek El-Haissan


Lembrou, a este respeito, o recente acordo de pesca entre a UE e Marrocos, que inclui a exploração dos recursos pesqueiros dos territórios ocupados do Sahara Ocidental.

O número de votantes (300 a favor, 209 contra, 49 abstenções e 200 ausentes) mostra a magnitude das "divergências" no seio da União sobre o assunto, disse o representante da Juristas saharauis, recordando a decisão das autoridades saharauis em apresentar um recurso perante o Tribunal Europeu.

O jurista saharaui acrescentou que se a UE reiterou "claramente" a sua posição sobre uma solução política "justa" e "equitável" do conflito saharaui, de acordo com as resoluções da ONU, é porque existe no seu seio membros «favoráveis "ao direito do povo saharaui à autodeterminação, citando como exemplo, os países nórdicos e Grã-Bretanha.

Citando a "ambivalência" da França sobre o conflito saharaui, o presidente da União de Juristas fez referência à declaração conjunta argelino-francesa, na qual Paris afirmou apoiar uma solução "justa" e conforme com legalidade internacional.

"Quando o presidente francês viaja a Marrocos, ele revela contudo uma outra linguagem", observou o Haissan, acusando a França de ser um "obstáculo"
à resolução do conflito do Sahara Ocidental.

Recorde-se que a UE reafirmou, a 16 de Dezembro, em Bruxelas, no final da 11 ª sessão do Conselho de Associação UE-Marrocos, o seu compromisso com a "solução" do conflito no Sahara Ocidental.

"A União Europeia apoia plenamente os esforços do Secretário-Geral das Nações Unidas e do seu Enviado Pessoal para ajudar a alcançar uma paz justa, duradoura e mutuamente aceitável para todas as partes envolvidas e que permita a autodeterminação do povo do Sahara Ocidental no quadro dos acordos consistentes com os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas ", afirmou a UE em comunicado.

A declaração da UE refere, a este respeito, a resolução 2099 datada do ano em curso e que "encoraja todas as partes a continuar a trabalhar com o enviado pessoal do Secretário-Geral para avançar na busca de uma tal solução. "


(SPS) 

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