Combatentes do grupo terrorista Mujao na cidade maliense de Gao (arquivo) |
Até agora só a Frente Polisario tinha acusado o Governo de
Marrocos de relacionar-se com movimentos jihadistas com o intuito de mover
tentáculos a favor da sua estratégia expansionista no Sahara Ocidental. Mas
agora, também desde a Argélia surgem vozes que acusam o majzen de ter dado
refúgio em território marroquino a dirigentes do Ansar Dine e Mujao, os grupos
jihadistas mais extremistas do Mali e que são o inimigo a abater pela força de
intervenção francesa que continua a combater na região de Azawad em apoio aos
seus aliados do Governo de Bamako.
A acusação não veio de nenhum membro do Governo argelino mas do diário digital argelino Echorouk que, no entanto, está muito identificado pelos analistas do Magreb como um meio com fontes privilegiadas na inteligência argelina, o que contribui para que, raramente, não acerte no “alvo”. Este diário assegura que dois dirigentes do Ansar Dine (entre eles o seu máximo líder Iyad Ag Ghali) e outros quatro cabecilhas do Mujao, “se exilaram em Marrocos onde se lhes proporcionou uma estadia segura longe de todas as luzes até que acabe a guerra no Norte do Malí. ̈
A acusação não veio de nenhum membro do Governo argelino mas do diário digital argelino Echorouk que, no entanto, está muito identificado pelos analistas do Magreb como um meio com fontes privilegiadas na inteligência argelina, o que contribui para que, raramente, não acerte no “alvo”. Este diário assegura que dois dirigentes do Ansar Dine (entre eles o seu máximo líder Iyad Ag Ghali) e outros quatro cabecilhas do Mujao, “se exilaram em Marrocos onde se lhes proporcionou uma estadia segura longe de todas as luzes até que acabe a guerra no Norte do Malí. ̈
O Mujao (Movimento da Unicidade e da jihad na África Ocidental)
é um grupo alegadamente surgido de uma cisão no Al Aqmi (a franquia da Al Qaeda
no Magreb) que adquiriu notoriedade em Espanha por ter reivindicado o sequestro
de três cooperantes que desenvolviam trabalho humanitário nos acampamentos
saharauis da Frente Polisario em Tindouf: os dois espanhóis Ainhoa Fernández de
Rincón e Enric Gonyalons e a italiana Rossella Urru.
Iyad Ag Ghali, líder do grupo terrorista Ansar Dine, alegadamente refugiado em Marrocos |
Ansar Dine é um grupo supostamente integrado inteiramente
por tuaregs que surgiu em oposição ao avanço fulminante do MNLA (Movimento
Nacional de Libertação de Azawad) que, em menos de três meses de combates, expulsou
o exército do Governo de Bamako do norte do país e, desafiando a França, declarou
a independência da Azawad. Mas assim como o MNLA se declara laico e rejeita a
imposição da Sharia, o Ansar Dine pegou
em armas para combatê-lo propondo um programa que pretendia estabelecer a lei
islâmica não apenas no norte mas também no sul do Mali e - o que é chamativo -,
rejeitar a secessão proclamada pelo MNLA.
O diário argelino assegura que os dirigentes dos dois grupos
terroristas, que supostamente obtiveram proteção do majzén, chegaram a Marrocos “cruzando o Sahara” e que empreenderam a
fuga antes do início da intervenção francesa no Mali. A publicação argelina sublinha
que o Mujao mantem excelentes relações com o Governo marroquino e relaciona com
isso o facto de que “concentrava as suas atividades terroristas apenas contra a
Argélia”. O jornal invoca que, além do sequestro em outubro de 2011 nos acampamentos
saharauis, as suas outras ações conhecidas são os atentados com carro-bomba nas
cidades argelinas de Tamanrasset e Uargla, e o sequestro de sete diplomatas argelinos
destacados no consulado do seu país na cidade maliense de Gao.
A publicação sublinha também que a condição que Marrocos impôs
aos fugitivos para lhes conceder o refúgio foi que abandonassem Abu Zeid e
Mojtar ben Mojtar, os dois dirigentes da Al Qaeda e que as tropas chadianas asseguram
ter abatido (ainda que, todavia, continue pendente a confirmação através de análises
de ADN). Para esta publicação, os dirigentes de Ansar Dine e Mujao cumpriram esta
exigência e isso contribuiu para a queda dos dois dirigentes da Al Aqmi.
Chama a atenção que, apesar da importância que tem a informação,
na versão francesa e inglesa do “Echorouk”, o texto aparece bastante mais curto.
Na versão árabe, por exemplo, o texto é mais extenso e aborda um tema em que se
relaciona a fuga para Marrocos dos dirigentes destes dois grupos com o fracasso
de Marrocos de tentar ganhar a confiança “das tribos do sul de Argélia”, que é como
neste país costumam referir-se à minoria tuareg. No caso de Mujao, mais que uma
fuga haveria que falar-se antes de um “regresso” já que, segundo Echorouk, é de
Marrocos de onde saíram os seus militantes antes de se darem a conhecer pelas
suas ações no sul da Argélia.
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