Centos de histórias de um povo cujo território, após o
abandono espanhol da que foi a sua colónia, foi expropriado por Marrocos faz
agora 37 anos. Com elas como leitmotiv,
“El Oasis de la Memoria”, não é um percurso histórico pela negociação assimétrica
entre Marrocos e a Frente Polisario.
Tampouco centra o seu foco no abandono espanhol e
internacional, ou nos interesses económicos em jogo, mas sim na situação que
todas estas circunstâncias provocaram: “É a história da gente que sofreu as
consequências da violência e o impacte da perseguição política cada vez que reivindicaram
de forma pacífica a autodeterminação ou questionaram o poder estabelecido”.
Para o escrever, entrevistaram-se 261 vítimas de bombardeamentos,
saques, torturas, detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, violência
sexual ou uso excessivo da força contra manifestantes desde 1975 até ao desmantelamento
do acampamento de protesto de Gdeim Izik, em El Aaiún, faz em novembro três
anos.
Carlos Martín Beristain e Eloisa González Hidalgo escrevem mais
de 1.000 páginas, distribuídas em dois volumes, com a intenção de proporcionar uma
visão global do conflito de uma perspetiva dos direitos humanos. “O Sahara tem
maior proporção de desaparecidos por população que o caso argentino”, afirma
Carlos Beristain. Mas o documento não só
mede a epidemiologia do sofrimento, mas também as suas consequências sobre a população,
especialmente, menores e mulheres. O impacte da violência sobre elas —uma em cada
três vítimas—, é uma das mais altas do mundo.
Aminatou Haidar passou três anos e sete meses com os olhos
vendados, entre outras torturas. Como presidente da associação CODESA (Coletivo
de Defensores de Derechos Humanos Saharauis), o mais importante para ela desta
compilação é que evidencia que as violações não são recentes, mas que tiveram
lugar desde o início do conflito. (…)
O Oasis de la Memoria está editado pela Universidad del País
Vasco y Hegoa, Instituto de Estudios sobre Desarrollo y Cooperación
Internacional.
Por Isabela Valle
Fonte: secretolivo.com
Sem comentários:
Enviar um comentário