domingo, 10 de março de 2013

Sahara, o conflito enterrado




Centos de histórias de um povo cujo território, após o abandono espanhol da que foi a sua colónia, foi expropriado por Marrocos faz agora 37 anos. Com elas como leitmotiv, “El Oasis de la Memoria”, não é um percurso histórico pela negociação assimétrica entre Marrocos e a Frente Polisario.

Tampouco centra o seu foco no abandono espanhol e internacional, ou nos interesses económicos em jogo, mas sim na situação que todas estas circunstâncias provocaram: “É a história da gente que sofreu as consequências da violência e o impacte da perseguição política cada vez que reivindicaram de forma pacífica a autodeterminação ou questionaram o poder estabelecido”.

Para o escrever, entrevistaram-se 261 vítimas de bombardeamentos, saques, torturas, detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, violência sexual ou uso excessivo da força contra manifestantes desde 1975 até ao desmantelamento do acampamento de protesto de Gdeim Izik, em El Aaiún, faz em novembro três anos.

Carlos Martín Beristain e Eloisa González Hidalgo escrevem mais de 1.000 páginas, distribuídas em dois volumes, com a intenção de proporcionar uma visão global do conflito de uma perspetiva dos direitos humanos. “O Sahara tem maior proporção de desaparecidos por população que o caso argentino”, afirma Carlos Beristain. Mas o  documento não só mede a epidemiologia do sofrimento, mas também as suas consequências sobre a população, especialmente, menores e mulheres. O impacte da violência sobre elas —uma em cada três vítimas—, é uma das mais altas do mundo.

Aminatou Haidar passou três anos e sete meses com os olhos vendados, entre outras torturas. Como presidente da associação CODESA (Coletivo de Defensores de Derechos Humanos Saharauis), o mais importante para ela desta compilação é que evidencia que as violações não são recentes, mas que tiveram lugar desde o início do conflito. (…)


O Oasis de la Memoria está editado pela Universidad del País Vasco y Hegoa, Instituto de Estudios sobre Desarrollo y Cooperación Internacional.



Por Isabela Valle
Fonte: secretolivo.com

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