Um
saharaui que nasceu e cresceu sob a ocupação marroquina. Membro da riquíssima
família dos Yumani, juntou-se às fileiras da Polisario em 1990 para combater os
marroquinos. A frustração criada pela ONU, a degradação do nível de vida nos
acampamentos devido à diminuição da ajuda humanitária, a falta de perspetivas
empurraram-no a praticar o comércio com os habitantes da região maliana de
Azawad. Aí é contagiado pelas ideias islamitas. Não podendo morrer pelo Sahara,
decide morrer por Alá.
A
frustração conduziu «um punhado de saharauis» a juntar-se às fileiras da
organização terrorista Al-Qaida do Magrebe islâmico (Aqmi), escreveu, na
passada segunda-feira, o diário espanhol «El Pais».
«Seguindo
os passos de alguns jovens argelinos, um punhado de saharauis frustrados pela
falta de perspetivas juntaram-se ao ramo magrebino da Al-Qaida», afirmava
Ignacio Cembrebro, correspondente do jornal espanhol em Marrocos, num artigo
intitulado «O conflito do Sahara Ocidental ganha uma nova urgência devido à
instabilidade do Sahel».
Cembrero
indica ter entrevistado três antigos reféns da AQMI, a francesa Françoise
Lerribe, e um casal austríaco, Wolfgang Ebner e Andrea Kloiber, que disseram
que «entre os seus carcereiros existiam saharauis, além dos seus chefes
argelinos e uma tropa composta por inúmeras nacionalidades».
O
ministro da Defesa saharaui, Mohamed Lamin El Bouhali declarou aos jornalistas
que existem umas duas dezenas de saharauis que se encontram nas fileiras das
organizações terroristas no Mali.
A
maioria desses jovens juntaram-se à Frente Polisario nos anos 80 e 90. Nasceram
e cresceram nos territórios ocupados do Sahara Ocidental. Viveram o quotidiano
saharaui sob a ocupação de Marrocos.
Entre
eles Lehbib Ould Ali Ould Saïd Ould Joumani, aliás Walid Abou Adnan Sahraoui,
atual porta-voz do MUJAO. Próximo da rica família dos Joumani, neto do notável
saharaui Khatri Ould Joumani, Lehbib chegou aos campos de refugiados saharauis
na Argélia em 1990.
Lehbib
nasceu em El Aaiun, capital do Sahara Ocidental ocupado por Marrocos. A
repressão, a marginalização, a pilhagem e a política de empobrecimento seguida
pelas autoridades marroquinas levam-no a deixar a família e a juntar-se às
fileiras da Frente Polisario. Seu único desejo: combater pelo seu país.
Alista-se no exército saharaui. Logo que acaba o seu período de instrução na
Escola Militar Chahid El Ouali (conhecida pelo nome de Mouqataa), a ONU anuncia
o cessar-fogo e a aplicação de um processo de paz que devia conduzir, no prazo
de seis meses, à realização de um referendo de autodeterminação do povo
saharaui.
Tal
como todos os saharauis, a alegria de Lehbib é imensa. Na Escola 9 de Junho,
perto de Rabouni (nota : local dos acampamentos mais próximo da cidade argelina
de Tindouf), a Frente Polisario cria comités de «trabalhadores», «mulheres»,
«estudantes », etc., que serão encarregados de levar por diante a campanha
eleitoral nos territórios ocupados. Os refugiados saharauis preparam os seus
pertences para regressar ao país. Todos, incluindo as autoridades saharauis,
estão longe de adivinhar que a ONU ia fazer marcha atrás no seu projeto e que a
situação de statu quo criada por Marrocos, com a cumplicidade de certas
potências, iria perdurar mais de 20 anos.
Os
anos passam e nenhumas perspetivas do referendo anunciado. A alegria dá lugar à
frustração e à cólera. A ONU deixa fazer o que Marrocos quer e abandona os
saharauis à sua sorte. Nos campos de refugiados de Tindouf, a ajuda humanitária
diminui drasticamente. Segundo os últimos relatórios, uma criança em cada seis,
morre todos os anos por má-nutrição. A repressão marroquina contra os jovens da
Intifada prossegue sob os olhos dos oficiais da MINURSO. Esta é acusada de
estar a soldo de Marrocos. O sentimento de impotência e deceção, a Polisario
refém do processo onusiano, não pode regressar às armas para libertar o país.
Tudo isso se passa sob o olhar de Lehbib.
A
degradação da situação económica nos campos de refufiados saharauis levam
Lehbib a dedicar-se ao comércio com a população da de região de Azawad no Mali,
onde ele se deixa seduzir e doutrinar pela doutrina islamita. Não podendo
morrer pela Pátria, decide fazê-lo por Allah.
Fonte:
http://westernsahara.fr
Combatentes do Mujao no norte do Mali (arquivo) |
O
que é o MUJAO
O Movimento
para a Unicidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO) é um movimento terrorista
islamita, alegadamente surgido de uma cisão da Al-Qaida do Magreb Islâmico(AQMI)
em 2011, com o objetivo de estender a insurreição islamita do Magreb à África
Ocidental.
O
MUJAO faz parte dos grupos que durante algum tempo controlaram o norte do Mali.
Em 2012, o MUJAO ocupa a cidade de Gao e faz aplicar a Sharia.
Em
agosto de 2012, os islamitas proclamam a interdição de difundir todo o tipo de música
profana às rádios privadas instaladas no norte do Mali.
A 2 de
setembro de 2012, o MUJAO anuncia ter executado o vice-cônsul argelino TaherTouati, retido como refém há cinco meses.
No
início de novembro de 2012, Bilal Hicham, figura emblemática do Mujao abandona
o movimento acusando os seus membros de não terem nada de muçulmanos".
A 19
de janeiro de 2013, um chefe do MUJAO é morto pelos habitantes de Gao.
Um
dos líderes do MUJAO é Omar Ould Hamaha.
O grupo
adquiriu notoriedade em Espanha por ter reivindicado o sequestro de três
cooperantes que desenvolviam trabalho humanitário nos acampamentos saharauis da
Frente Polisario em Tindouf: os dois espanhóis Ainhoa Fernández de Rincón e
Enric Gonyalons e a italiana Rossella Urru. Reféns que foram resgatados a troco
de avultadas somas de dinheiro dadas pelos seus respetivos países.
A
Frente Polisario e fontes argelinas ligadas aos serviços de informação há muito
que acusam Marrocos de estar por detrás da criação e financiamento do MUJAO.
Ler artigo: http://aapsocidental.blogspot.pt/2013/03/na-argelia-dizem-que-marrocos-deu.html
Ler artigo: http://aapsocidental.blogspot.pt/2013/03/na-argelia-dizem-que-marrocos-deu.html
Fonte:
Wikipedia e outros
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