Mohamed VI visto pelo cartoonista Jan-Erik Ander |
O reino de Marrocos está a ser objeto de esmagadoras acusações
em duas questões regionais: o intento de assassinato do presidente mauritano,
Mohamed Ould Abdelaziz, e os abusos cometidos pelo Majzen no Sahara Ocidental
ocupado.
A agência mauritana Al Akhabar informou na sua edição de hoje
que “a Mauritânia fez saber a alguns países amigos, que acusa Marrocos de estar
implicado na tentativa de assassinato”, no dia 13 de outubro de 2012, do seu
presidente Mohamed Ould Abdelaziz, desde então internado em França nos cuidados
intensivos.
Segundo a mesma fonte, a Mauritânia comunicou oficialmente a
um país da região que a versão oficial do incidente de 13 de outubro qualificou
de… “tiro por engano” foi, na realidade, uma “tentativa de assassinato” que tinha
por alvo o Presidente mauritano e que Marrocos está “envolvido” no incidente.
O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Mauritânia,
Mohamed Ould Lemine Allal, interrogado por aquela agência, afirmou que “não tinha
nenhuma informação a esse respeito”.
Estas acusações poderão afetar as relações entre os dois
países. Marrocos ainda não reagiu. O Palácio Real limitou-se a acionar a sua
máquina mediática para denunciar “um plano urdido” contra o país.
Por outro lado, segundo o “sítio” mauritano Aqlame, o
presidente Mohamed Ould Abdelaziz, na sua cama de convalescença num hospital de
Paris negou-se a receber um enviado de Mohamed VI, que foi desejar-lhe uma pronta
recuperação em nome do rei de Marrocos. A mesma fonte acrescentou que foi o
embaixador da Mauritânia em Paris quem comunicou ao emissário marroquino a
recusa do presidente Ould Abdelaziz em recebê-lo. Segundo a página web marroquina
Demain, o emissário não especificado pelo sítio mauritano é Riad Ramzi, que
desempenha o papel de Encarregado de Negócios na Embaixada de Marrocos em Paris,
cujo posto de embaixador se encontra vago desde a partida de Mustapha El Sahel,
nomeado assessor do rei.
A imprensa mauritana comentara que o Rei Mohamed VI não
havia contactado o presidente mauritano, nem telefone nem por escrito, para o felicitar,
após ter escapado ao incidente de 13 de outubro último.
Marrocos parece também estar na mira da ONU. O Enviado Pessoal
do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, afirmou ontem que a manutenção
do statu quo em relação ao estatuto
definitivo do Sahara Ocidental é “insustentável” e “perigoso” no contexto atual.
“Se para alguns é tentador afirmar que é demasiado arriscado reanimar os esforços
de paz e que o statu quo, pelo menos,
garante a estabilidade, estou convencido de que isso seria um grave erro, sobretudo
porque a situação está ameaçada pelo incremento do extremismo, do terrorismo e
de elementos criminosos na região do Sahel “, afirmou em comunicado de imprensa
emitido no fim de uma entrevista com o ministro espanhol dos Negócios
Estrangeiros. Uma clara alusão à posição de Marrocos que, desde há anos, encontra
no statu quo uma situação muito mais
cómoda que qualquer saída que ponha em causa as suas teses expansionistas.
Fonte: http://westernsahara.fr
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