As potências ocidentais temem que o deserto se converta numa
plataforma para ataques internacionais, após a Frente Polisario admitir que não
se podem descartar «infiltrações terroristas»
O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, advertiu que
o conflito do Mali poderia estender-se ao disputado território do Sahara Ocidental
e acrescentou que a Frente Polisario alertou a ONU da possibilidade de «infiltrações
terroristas». «Durante as reuniões com a Missão das Nações Unidas para o Referendo
no Sahara Ocidental (MINURSO), os comandantes da Frente Polisario não descartaram
a eventualidade de infiltrações terroristas», afirma Ban em comunicado.
«As possíveis infiltrações armadas, as lacunas na
coordenação da segurança regional e a falta de recursos para controlos eficazes
nas fronteiras estão pondo em perigo os observadores militares", diz a
nota do Secretário-Geral.
As potências ocidentais temem que o deserto do Sahara se
converta num Mali, uma plataforma para que os terroristas lancem ataques
internacionais. Outros governos europeus descartaram a possibilidade de enviar
tropas de combate, mas apoiam uma força de treinamento militar. "Todos
expressaram séria preocupação para o risco de que os combates se possam
estender aos países vizinhos e contribuiam para a radicalização nos
acampamentos de refugiados saharauis", diz o comunicado.
O SG da ONU, Ban Ki-Moon |
«Bomba de relógio»
Um dos governos citados por Ban (sem precisar qual),
inclusive, qualificou a situação no Sahara Ocidental como uma «bomba de relógio»,
prossegue o comunicado.
Rabat tentou convencer a Polisario, que representa o povo saharaui,
para que aceite que o Sahara Ocidental se converta numa parte autónoma de Marrocos
em lugar de um país independente. A Polisario defende, com a proteção das resoluções
da ONU, a realização de um referendo de autodeterminação entre os saharauis em que
seria incluída a opção da independência mas, até ao momento, não houve acordo entre
Marrocos e o movimento independentista.
Esta consulta nunca foi levada a cabo e os intentos por alcançar
um acordo sempre fracassaram.
Nenhum Estado reconhece a soberania de Marrocos no Sahara Ocidental,
mas o Conselho de Segurança está dividido. Alguns Estados apoiam a Polisario, mas
França e Estados Unidos, com o seu direito a veto, têm oferecido de forma continuada o seu apoio a Rabat.
Violações de direitos
A Polisario acusa Marrocos de constantes violações de Direitos
Humanos no Sahara Ocidental pelo que tem instado a MINURSO a que abra uma investigação.
«Tendo em conta os constantes relatórios sobre violações de Direitos Humanos,
cada vez é mais urgente e necessário o estabelecimento de uma supervisão independente,
imparcial, completa e sustentável da situação dos Direitos Humanos tanto no Sahara
Ocidental como nos acampamentos», sublinha Ban.
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