A delegação marroquina
na ONU festeja a resolução
do Conselho de Segurança que rejeita delegar à MINURSO
a proteção dos Direitos Humanos no Sahara Ocidental.
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O Conselho de Segurança das Nações Unidas acaba de prorrogar
por um ano mais a presença da MINURSO (Missão das Nações Unidas para o Referendo
do Sahara Ocidental), mas sem lhe atribuir competências para a supervisão dos Direitos
Humanos no território. Um petição que havia sido solicitado pelos Estados Unidos
no passado dia 16 de abril, e que finalmente não foi por diante dada a férrea oposição
da França no seio do órgão máximo da ONU, que contou com o apoio da Rússia e de
Espanha (esta última no chamado Grupo de Amigos do Sahara Ocidental).
A iniciativa norte-americana pretendia acabar com a anómala
situação da MINURSO, que não tem
atribuída a supervisão dos Direitos Humanos, tal com têm todas as outras
missões de paz das Nações Unidas espalhadas pelo mundo. E aqui convirá
assinalar a enorme contradição do Conselho de Segurança da ONU na sua votação
de 25 de abril de 2013.
Ao mesmo tempo que recusava que a MINURSO tivesse competências
em matéria de Direitos Humanos, aprovava
a formação de uma nova força de paz da ONU para o Mali (a MINUSMA) que terá
como mandato estabilizar a situação no norte do país, e contará além disso,
segundo uma resolução patrocinada (que casualidade…) pela França, Luxemburgo,
Marrocos e Reino Unido, a obrigação de se encarregar da proteção da população civil,
em especial as mulheres e crianças, e o pessoal das Nações Unidas, assim “como a
promoção e proteção dos direitos humanos no Mali”.
A resolução 2099 aprovada ontem, 25 de abril, pelo Conselho
de Segurança sobre o Sahara Ocidental limita-se a instar todas as partes em conflito
(Marrocos e a Polisario) a manter os seus “esforços” para a “promoção e proteção
dos Direitos Humanos no Sahara Ocidental e nos acampamentos de refugiados” de
Tindouf (Argélia). O que é muito diferente da obrigatoriedade que tem a MINUSMA
sobre a proteção dos Direitos Humanos, competência de que a MINURSO carece.
Mohamed VI telefonou
pessoalmente à ex-Secretária de Estado
dos EUA, Hillary Clinton, solicitando-lhe
que intercedesse
para que a MINURSO não supervisione os DDHH no Sahara Ocidental
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Como não poderia deixar de ser, Marrocos recebeu a nova ‘descafeinada’
resolução com “satisfação” e inclusive com jactância. Num comunicado lido pelo porta-voz
da Casa Real, Abdelhak Lamrini, o regime alauita sublinha que a resolução adotada
pela ONU “não contem nenhum item que implique, nem de perto, uma vigilância
internacional dos Direitos Humanos”. Palavras que os meios de Comunicação marroquinos
qualificam de “êxito diplomático”.
Por seu lado, o representante da Frente Polisario na ONU,
Ahmed Bukhari, agradeceu os esforços norte-americanos e lamentou que, “por razões
desconhecidas”, tivesse renunciado à sua primeira iniciativa. Boukhari declarou
que confia ainda que a supervisão dos Direitos Humanos possa ser discutida no futuro.
Com o mesmo argumento também se pronunciou a Amnistia
Internacional, que qualifica a votação de quinta-feira como uma “oportunidade
perdida”. O diretor da ONG para o Próximo Oriente e o norte de África, Philip
Luther, denunciou em comunicado que o Conselho de Segurança “tenha frustrado a
população do Sahara Ocidental e dos acampamentos de refugiados de Tindouf perdendo
uma oportunidade única”.
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