As autoridades de
Marrocos, convencidas que a batalha do Sahara Ocidental se trava no campo mediático,
mobilizaram todos os meios com esse objetivo. Para chegar aos seus fins, em sua
opinião, a arma de ponta parece ser a agência noticiosa MAP. Todos os seus despachos
ostentam a marca dos serviços secretos marroquinos.
Agora que o Wikileaks
acaba de revelar que o rei Hassan II decidiu invadir o Sahara Ocidental para
impedir um novo Estado próximo da Argélia, a MAP defende com unhas e dentes que
se trata para Marrocos de uma questão de integridade territorial. Para manter o
território sob controlo marroquino, a MAP e a imprensa ligada ao makhzén, não descobriram outro argumento
que não fosse a questão da segurança na região. Assim, Rabat tenta vincular a
Frente Polisario ao terrorismo que assola a região do Sahel.
As convulsões febris
das autoridades marroquinas levam-nas ao ponto de permitir que a MAP atribua
declarações a personalidades que nunca as proferiram. Uma de suas últimas
vítimas é o ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Thieman Coulibaly.
Durante a sua visita a Argel a 10 de abril de 2013, ele expressou a sua
insatisfação face à manipulação da MAP. De acordo com a MAP, ele teria confirmado
em Washington a presença de saharauis entre os grupos terroristas perseguidos
pelas tropas francesas no norte do Mali."
Poucos dias antes, a
05 de abril de 2013, o ministro panamiano dos Negócios Estrangeiros foi a nova
presa da MAP. Segundo esta, ele terá declarado ao jornal "La Estrella de
Panamá", que "o problema do Sahara não é um conflito entre Marrocos e
a" Frente Polisario", mas antes “entre o Reino de Marrocos e a
Argélia." Procuramos em vão no jornal para encontrar um traço que seja dessa
declaração...
À força de repetir as
suas mentiras, os marroquinos acabam por acreditar. Assim, desde que as forças
francesas iniciaram a sua ofensiva contra a Al Qaeda no Mali, a MAP e um número
de órgãos conhecidos de estarem ao serviço da intoxicação começaram a divulgar
que os terroristas se refugiaram entre os saharauis. Disseram mesmo que "é
isso, o exército francês vai atacar os campos de refugiados saharauis e este é
o final desta história que já dura há quase 40 anos. Não resta a Marrocos que a
empenhar as suas tropas para anexar os restantes 20% do território ainda administrados
pela Polisario”. Os sonhadores de Rabat começaram a ver o exército francês a
deslocar-se do Maciço de Ifoghas em direção ao Sahara Ocidental.
Devido aos despachos
da MAP e seus congéneres, os dirigentes marroquinos vão lambendo os lábios
vendo os fosfatos e os outros recursos do Sahara Ocidental explorados por
empresas francesas afetadas pela crise financeira que abala o velho continente.
A agitação mediática
frenética e a retórica ruidosa e estéril refletem uma profunda confusão dos
marroquinos face ao fracasso da sua política no Sahara Ocidental. Façam o que
fizerem para disfarçar e «travestir» a questão do Sahara Ocidental, ela
permanecerá aos olhos da comunidade internacional uma questão de descolonização
inacabada que só poderá encontrar resolução no seio da ONU e através de uma
solução que consagre a autodeterminação do povo saharaui.
Fonte: La Tribune do
Sahara
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