O presidente da
Argélia na altura, o falecido Houari Boumediene, havia proposto que os três
países apoiassem os movimentos de libertação que trabalhassem juntos para
expulsar os espanhóis do Sahara Ocidental.
O Rei Hassan II afirmava,
porém, que "ele preferiria ver os espanhóis permanecerem a ter um Estado
independente sob controlo argelino", segundo Stuart W. Rockwell,
embaixador dos EUA em Marrocos, em telegrama enviado ao Departamento de Estado
dos EUA e às embaixadas dos EUA nos países em causa, a 27 de julho de 1973,
após o seu encontro com o ministro marroquino de Relações Exteriores Ahmed
Tayeb Benhima – telegrama divulgado pelo WikiLeaks no passado dia 08 de abril
de 2013.
Durante esta
entrevista, o embaixador dos EUA pediu a Benhima que lhe contasse os debates havidos
em Agadir, sobre o Sahara, poucos dias antes, a 23 e 24 de julho, entre Hassan
II, o presidente da Argélia e Moktar Ould Daddah presidente mauritano.
Em 1973, o Sahara Ocidental
ainda é o espanhol, mas Marrocos, Argélia e a Mauritânia – que Hassan II pensa
que é manipulada pela Argélia – disputam-na.
Argélia deixou claro a Marrocos que não reclamava
o Sahara
Na reunião de julho
de 1973 entre os três chefes de Estado, Hassan II acusa diretamente a Argélia
de ter traído a sua palavra. Hassan II, segundo os relatos do MNE marroquino, Ahmed
Tayeb Benhima, ao embaixador americano, “criticou Boumediene de reclamar o Sahara
depois de Marrocos ter feito sacrifícios sobre o acordo de fronteira".
Ainda de acordo o
Wikileaks, a Argélia deu a conhecer a Marrocos que ela não reclamava o Sahara,
de acordo com Hassan II. Em troca, Marrocos tinha concordado fazer mais amplas concessões
territoriais no traçado da fronteira entre Marrocos e Argélia, quando da
assinatura do tratado assinado no ano anterior entre os dois estados. Desde
então, a Argélia e a Mauritânia renovaram a sua intenção de levar a questão do Sahara
à Assembleia Geral das Nações Unidas.
Para Hassan II, é
impensável que o Marrocos tenha um novo vizinho. "Ele disse que se a
Argélia antevia a criação de um Estado saharaui independente, ela devia ter
consciência que os primeiros países a reconhecer um tal Estado não seriam as grandes
potências, mas pequenos estados comunistas, como a Albânia, ou o Vietname do
Norte ... ", afirma Ahmed Tayeb Benhima ao embaixador dos EUA.
Inimaginável. Marrocos
"não pode tolerar a existência de um Estado afiliado ao comunismo junto às
suas fronteiras", terá dito o rei a Houari Boumediene e a Mokhtar Ould
Daddah.
"Marrocos mobilizaria as suas tropas e
declararia a guerra"
Noutro telegrama, as
razões de oposição de Marrocos a um Estado independente surgem mais claramente.
"Ahmed Tayeb Benhima exprime sem rodeios que Marrocos não podia tolerar que
esta região, tradicionalmente na rota das invasões a Marrocos, pudesse cair nas
mãos de um governo local fraco, e se tornasse presa fácil da influência da
Argélia ou da Líbia ", relata o embaixador dos EUA em Rabat.
Em suma, para Marrocos,
o Sahara é uma zona tampão. Se a Argélia dela tomasse o controlo, o reino estaria
encravado, e portanto mais fraco, e vulnerável às pressões argelinas.
Para Marrocos, a
perspetiva de um Sahara argelino ou independente é uma questão impensável a que
promete declarar guerra se ela vier a ocorrer.
“E, se é isso que a
Argélia tem em mente, o rei poria fim à sua política de contenção, mobilizaria
as suas tropas e declararia a guerra", explica o ministro dos Negócios
Estrangeiros marroquino ao embaixador americano em julho de 1973 .
Fonte: Algerie1.com
Fonte: Algerie1.com
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